quinta-feira, 7 de maio de 2009

Raymond Carver + Chuck Close = Realidade real

Distance

She's in Milan for Christmas and wants to know what it was like when she was a kid. Always that on the rare occasions when he sees her.
Tell me, she says. Tell me what it was like then. She sips Strega, waits, eyes him closely.
She is a cool, slim, attractive girl, a survivor from top to bottom.
That was a long time ago. That was twenty years ago, he says. They're in is apartment on the Via Fabroni near the Cascina Gardens.
You can remember, she says. Go on, tell me.
What do you want to hear? he asks. What can I tell you? I could tell you about something that happened when you were a baby. It involves you, he says. But only in a minor way.
Tell me, she says. But first get us another drink, so you won't have to interrupt half way through.
He comes back from the kitchen with drinks, settles into his chair, begins.

p. 131, Carver, Raymond, Distance, Fires - Essays, Poems, Stories, Vintage Contemporaries, 1989


Chuck Close, nascido a 25 de Junho de 1940, é um pintor e fotógrafo cuja principal área de incidência nas artes se prendeu com o movimento do Hiper-Realismo, sendo este um dos seus principais pioneiros. Baseando-se, então, em fotografias, Close, dividiria a fotografia em pequenas células com a ajuda de uma espécie de grelha a qual o ajudaria a colorir e a retratar a pessoa da forma mais fiel possível. Foi então, através do gosto incessante de Close, que mesmo após uma grave doença o ter posto numa cadeira de rodas e a pintar com um pincel preso à mão, representar pessoas da forma mais real possível que cheguei então ao pai do Minimalismo e o grande revitalizador do Conto enquanto género literário.

Raymond Carver surgiu então naturalmente, escritor prolífico, minimalista, dono de uma capacidade imensa de retratar a vida comum do Homem nos seus aspectos mais básicos, por ventura caracterizantes. Quase como que o "fundador" do Dirty Realism, movimento literário que surgiu nos E.U.A. circa 1970 cujo termo designador foi cunhado por um crítico literário ao referir-se à obra de Carver, este, nos seus trabalhos mais diversos traz-nos então histórias nas quais as suas personagens, cuja caracterização é feita quase inteiramente por nós - graças não só à narrativa fragmentada com que somos presenteados como também à oralidade da própria narrativa, próxima de qualquer diálogo comum - vivem uma dada crise, emocional ou não. Este Dirty Realism ou falta de medo em representar os aspectos mais pessoais do americano comum da classe média-baixa são então pautados por uma incrível economia de palavras, característica que nos leva imediatamente para o Minimalismo, sendo que é Carver o autor da obra mais amplamente considerada a bíblia do Minimalismo, What We Talk About When We Talk About Love (1982).

É então à luz destes dois grandes artistas que irei trazer à aula temas como a fotografia, o Minimalismo, o Conto e muito, muito mais.


Duração prevista

  • 15 minutos

Objectivos propostos

  • Dar a conhecer Chuck Close, Raymond Carver, além do trabalho destes dois;
  • As suas origens e inspirações;
  • As suas áreas de incidência e influência.

Bibliografia

  • Almeida, Diana Vieira de Campos, Raymond Carver. Polaroids da América, 1999.
  • Carver, Raymond, Fires - Essays, Poems, Stories, Vintage Contemporaries, 1989.

Alexandre Fonseca

Nº de aluno 37166

5 comentários:

  1. Parece-me um objecto de trabalho muito interessante. Só tenho pena que este post não nos diga especificamente qual a obra do Chuck Close com a qual irás trabalhar no estabelecimento do "diálogo".
    Por outro lado, também não percebi qual a ligação epecífica que pretendes estabelecer entre este texto do Raymond Carver e a obra do Close. Dar-nos uma ideia do porquê de o teres escolhido, à luz da pintura do Close, teria sido útil. Por isto, estes são dois pormenores que tornam muito difícil comentar construtivamente esta tua proposta de trabalho.

    Ainda assim, a associação que faço, ao ler isto - e contando que não li nada do Carver -, prende-se à ideia do interesse pela superfície, característico tanto do hiper-realismo como do minimalismo literário. No Wikipedia fala-se no Chuck Palahniuk e no Bret Easton Ellis como herdeiros deste "movimento". Se Carver tiver alguma relação com a escrita destes, que li e aprecio, será um autor fascinado pela superficialidade enquanto opção estética, escondendo no entanto uma perspicácia própria de alguém que está efectivamente atento ao que se passa à sua volta. Há, portanto, sempre um jogo muito consciente entre a superfície e o que essa superfície encerra, e conta-se que seja o leitor/observador a tentar, por si, deslindar o que está para além.

    Por último, e só mesmo porque me apetece, e porque tem a ver com o tema, recomendo, a quem não conhece, uma olhada na obra do Ron Mueck, um escultor contemporâneo, hiper-realista, que não é americano, mas que vale a pena conhecer.

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  2. Ron Mueck é simplesmente espectacular :-D

    Quanto ao teu trabalho Alexandre, confesso que não conheço o artista nem a obra literária.
    Vi o ano passado uns quadros de um artista, julgo ser americano cujo o nome não me recordo,que retrata este movimento e pensei mesmo que fosse fotografia. Só quando cheguei perto da imagem é que vi que era uma tela!

    Estou curiosa para ver a tua apresentação.
    A ligação que eu faço entre o quadro e o poema é a descrição / importância a momentos e fragmentos do nosso dia-a-dia que estão descritos em ambos.

    Para veres (achei curioso) http://www.kcrw.com/etc/programs/at/at070220close-up_on_chuck_cl

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  3. Antes de mais, quero agradecer os vossos comentários tão amáveis.

    JB,

    efectivamente e como disse e bem a Ana Claúdia, a ligação passa exactamente pelo modo como estes dois artistas retratam a vida comum, os quais apesar de à partida parecerem distintos são na verdade bastante semelhantes.

    O facto de não me ter alongado sobre o diálogo inter-"textual" entre as pinturas de Close - e digo isto no plural porque além de qualquer um dos trabalhos hiper-realistas de Close servir o propósito do meu trabalho, penso que não só a minha apresentação como os restantes colegas beneficiarão de ter um contacto mais alargado com o seu trabalho - prende-se naturalmente com o facto deste post servir apenas como uma autêntica "entrada" para a apresentação de amanhã.

    Ana Claúdia,

    curiosa mesma é a esta tua frase:

    "A ligação que eu faço entre o quadro e o poema é a descrição / importância a momentos e fragmentos do nosso dia-a-dia que estão descritos em ambos."

    Precisamente porque a imagem que coloquei trata-se, na verdade, de um fragmento de um dos mais famosos trabalhos de Chuck Close.

    Por fim, não é demais dizer que amanhã, via Powerpoint, terão a possibilidade de ver pelos vossos próprios olhos obras de Chuck Close em resoluções absolutamente enormes, acentuando ainda mais a sua atenção ao pormenor.

    Espero que gostem!

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  4. Ah, eu pensava que tínhamos que escolher apenas uma obra de cada género, e depois relacioná-las, daí o meu comentário relativo à falta de informação acerca do texto visual que terias escolhido. Sendo assim, esse meu reparo perde a validade.
    Entretanto apercebi-me que me esqueci de assinar o comentário. Assino este, então.

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  5. Sim, efectivamente apenas podemos escolher uma obra de cada "género" (campo artístico?), no entanto, a obra principal de Chuck Close é a "Big Self Portrait", que entretanto já coloquei no post, sendo que na apresentação resolvi mostrar outras obras dele de modo a ilustrar não só o seu estilo como a sua patente evolução!

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