Afghanistan, 1996 - Mourning a brother killed by a Taliban rocket
James Nachtwey é um influente e famoso fotógrafo de guerras norte-americano. Nascido em Syracuse Nova Yorque 1948 e criado em Massachusetts, formou-se na Dartmouth College, onde estudou História da Arte e Ciências Políticas (1966-70).
Desde cedo a fotografia exerceu um fascínio na sua vida. Marcado por um forte espírito aventureiro (autodidacta na arte de fotografar ) trabalhou a bordo de navios da Marinha Mercante, foi motorista de camião e estagiário de edição de filmes documentários.
A descoberta da sua vocação emerge do impacto causado pelas imagens da Guerra do Vietname. A famosa foto de Nick Ut pungente e poderosa, foi a mais gritante denúncia de guerra, da crueldade e da injustiça (menina vietnamita correndo nua e com a pele queimada após um ataque americano), foi preponderante e determinante na sua decisão como fotógrafo.
A sua actividade como fotógrafo, teve o seguinte trajecto; Em 1976 trabalha como fotógrafo de jornais no Novo México. Em 1980 mudou-se para Nova Iorque e inicia a carreira como fotógrafo freelancer para revistas. Neste âmbito, o seu primeiro trabalho como fotógrafo internacional foi a cobertura do movimento civil na Irlanda do Norte em 1981, durante a greve de fome do IRA (Exército Republicano Irlandês).
Desde então, James Nachtwey tem-se dedicado a documentar guerras, conflitos e situações sociais precárias. Fotógrafo da Revista Time desde 1984, esteve no período de 1980 a 1985 associado a Black Star, e foi membro da agência Magnum de 1986 a 2001. Ainda em 2001, foi um dos membros fundadores da agência de fotografia VII Photo. Como corolário da sua actividade realizou várias exposições individuais nos mais importantes centros históricos e culturais.
Não obstante reconhecer que perseguir a dor, a morte e a desgraça alheia pode ser considerado por muitos uma forma de exploração e sensacionalismo, a alternativa do silêncio e o não fazer nada é muito pior. Homem de grande carácter, tido por muitos como o mais corajoso fotojornalista da actualidade é por vezes comparado com a Robert Capa, por ser um fotógrafo de guerra, Por isso coloca constantemente a sua vida em perigo, trazendo à colação a denúncia de todo o tipo de crueldade documentando a desigualdade e conflitos sociais para que a miséria humana não permaneça clandestina.
Na década de 90, cobriu os massacres de Ruanda e a intervenção humanitária na Somália. Em 1989, tinha reunido no livro Deeds of War as suas fotos da guerra da Nicarágua, da luta do IRA, acções dos esquadrões de morte na América Central e da Guerra Civil do Líbano.
Realizou extensos trabalhos fotográficos em lugares tão diversos como El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Líbano, a Margem Ocidental e Gaza, Israel, Indonésia, Tailândia, Índia,entre outros. Em 2003, actuava como correspondente da revista Time em Bagdá e foi ferido por uma granada quando acompanhava uma patrulha dos Estados Unidos.
O seu trabalho já correu o mundo e foi reconhecido mundialmente, tendo sido actividade galardoado com os prémios: (Common Wealth Award, Martin Luther King Award, Dr. Jean Mayer Global Citizenship Award, Henry Luce Award, Robert Capa Gold Medal (cinco vezes), World Press Photo Award (duas vezes), Magazine Photographer of the Year (sete vezes), International Center of Photography Infinity Award (três vezes), Leica Award (duas vezes), Bayeaux Award for War Correspondents (duas vezes), Alfred Eisenstaedt Award, Canon Photo essayist Award e o W. Eugene Smith Memorial Grant para Humanistic Photography).
É um associado da Royal Photographic Society e Doutor Honorário de artes da Faculdade de Artes de Massachusetts.
Sophia de Mello Breyner Andresen
Sophia de Mello Breyner Andresen um dos maiores vultos da poesia portuguesa do século XX, nasceu no Porto no dia 06 de Novembro de 1919. De origem dinamarquesa por parte do pai e pertencente a uma família aristocrata, a sua educação balizado nos valores tradicionais da moral cristã, decorreu num ambiente culturalmente evoluído, que paulatinamente influenciou a sua personalidade.
Frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em sintonia com a sua atracção pela civilização grega e pelo mar (bem patente nas ligações a alguns dos seus poemas e no ensejo que a impeliu a viajar pela Grécia e por toda a região mediterrânica). Mulher de "alma grande" coragem e sensibilidade, veio a tornar-se uma das figuras mais marcantes de uma atitude política liberal, vincando o seu apoio no movimento monárquico e denunciando o regime salazarista e respectivos algozes (foi co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro a Presos Políticos). Após o 25 de Abril como deputada, continuou a ter uma acção bastante empenhada e participativa na vida do Pais.
Em 1946, casou com o jornalista, e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mãe de cinco filhos.
O seu trabalho literário (assim como toda a sua vida), compaginou-se sempre pelas ideias da justiça, humanismo, liberdade e integridade moral. Para além de grande poetisa, bem expresso nas obras (Poesia, Dia do Mar, Coral, No Tempo Dividido, Mar Novo, O Cristo Cigano, Livro Sexto, Geografia, Dual, O Nome das Coisas, Navegações, Ilhas, Musa, O Búzio de Cós, Mar, O Colar, Orpheu e Eurydice), notabiliza-se também como contista (Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar (1984)), e influenciada pelos filhos escreve contos infantis (A Fada Ariana (1958), A Menina do Mar (1958), Noite de Natal (1959), O Cavaleiro da Dinamarca (1964), A Floresta (1968)). Ainda na área literária, realizou trabalhos de tradução de Dante, Shakespeare e Eurípedes e foi autora dos ensaios Cecília Mireles (1958), Poesia e Realidade (1960) e o Nu na Antiguidade Clássica (1975).
No percurso da sua vida como escritora foi distinguida com vários prémios (Grande Prémio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores (1964), Premio Teixeira de Pascoares (1977) , Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1994), Prémio Petrarca da Associação de Editores Italianos (1995), Prémio Camões (1999), Prémio Max Jacobs de Poesia (2001), Prémio Rainha Sofia (2003)), sendo a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões em 1999, como reconhecimento do seu valor como poetisa e figura da cultura portuguesa. A sua obra literária encontra-se parcialmente traduzida em França, Itália e nos Estados Unidos, o que corrobora a importância, reconhecimento, força e valor desta grande poetisa.
No dia 2 de Julho de 2004, Sophia de Mello Breyner com 84 anos faleceu em Lisboa no Hospital da Cruz Vermelha.
Mas, os poetas não morrem (os seus gritos de alma a força da sua escrita, são unos com o próprio tempo), porque "Vemos, Ouvimos e Lemos" Sophia de Mello Breyner está sempre presente, distorcendo o refrão "jamais, será ignorado".
Desde 2005, no Oceanário de Lisboa, os seus poemas correlacionados com o Mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposição numa simbiose perfeita com o tema, permitindo a todos os visitantes numa visão de fundo do Mar, ler e sentir a força e enquadramento da sua escrita.
Porque
Porque os outros se mascaram e tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos calados
Onde germina calada podridão
Porque os outros se calam mas tu não
Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não
Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.
Ao observarmos o poema intitulado "Porque" apercebemo-nos de imediato que existe uma forte comparação entre o "tu" e os "outros". Esta comparação é reforçada com a conjunção adversativa "mas" e por o "porque" como anáfora que reforça a posição entre o "tu" e os "outros". O poema contem uma enorme fonte de palavras que rapidamente nos remetem para a tristeza, mágoa e até mesmo para a morte, o que faz com que o leitor sinta que o sujeito poético mostra-se realmente indignado perante certos aspectos da sociedade, como podemos constatar em : "Porque os outros se compram e se vendem/E os seus gestos dão sempre dividendo."
A imagem, a meu ver, constitui um reflexo do poema, visto que decorre num cenário onde reina o sofrimento, a escuridão, e a morte. É como se, o individuo da foto, estivesse a recitar o poema enquanto chora e toca na lápide. O tom monocromático remete-nos rapidamente para o sofrimento e melancolia, enquanto a esterilidade da terra nos indica a ausência de vida. No entanto, podemos relacionar o "tu" do poema com o falecido da foto, visto encontramos á volta da lápide, um lenço branco, que pode significar paz, pureza, bondade, qualidades que provavelmente iríamos encontrar no individuo ao qual o sujeito poético se refere no poema.
Para terminar, resta apenas dizer que ao que parece ser uma critica aos podres da sociedade, que nos traz por vezes sofrimento devido a corrupções e divergências que na grande parte das vezes se reflecte depois nos inocentes, o que o torna fácil de ligar á foto. Como Platão disse: " Só os mortos viram o fim da guerra".
Cinematografia:
Frei,Christian, War Photographer (2001)
Sitiografia:
James Nachtwey
http://www.jamesnachtwey.com/
http://en.wikipedia.org/wiki/James_Nachtwey
http://premiofotojornalismo.visao.pt/2006/04/06/james-nachtwey/
http://premiofotojornalismo.visao.pt/?s=pesar
http://edition.cnn.com/2009/WORLD/meast/05/14/icrc.afghanistan.nachtwey.red.cross/index.html?eref=edition
http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Capa
Sophia de Mello Breyner Andresen
http://pt.wikipedia.org/wiki/Sophia_de_Mello_Breyner
http://www.astormentas.com/andresen.htm
Aurélio Nº 34666
Ola...
ResponderEliminarBem não sei muito bem o que dizer porque não fizeste propriamente uma relação entre a imagem e o poema. Contudo, devo dizer que a foto de James Nachtwey tocou-me bem fundo. Não é necessário expor toda a violência da guerra como o sangue e os mortos para retratar essa violência. O cemitério, a mulher de joelhos sobre a "campa", a mão sobre a lápide... é de uma tristeza... uma dor enorme...
"Porque os outros são os túmulos calados/Onde germina calada podridão/Porque os outros se calam mas tu não"... os túmulos falam mais do que as vitimas se estivessem representadas. Quem fala mais alto? A dor da mulher ou a máquina do fotógrafo?
Estou curiosa quanto à tua apresentação. Continua com o bom trabalho.
Nicole Cotter, 35169
Concordo com a Nicole no facto de que deverias explicar a relação que pertendes criar entre o texto e a fotografia. Gostei bastante desta foto, da maneira como estão dispostas as lápides parece que os mortos foram enterrados no mesmo local onde morreram, como se uma bomba tivesse caído ali mesmo. Também o facto de no meio de tantas lapides só existir um único ser humano, acho que tem um grande impacto para nós. A Nicole falou sobre "túmulos falam mais do as vítimas", eu acho que os túmulos falam de anonimato, nenhum deles parece ter qualquer identificacao de que jaz naquele local, da mesma maneira de que a informação que recebemos é referente a números e não a indivíduos.
ResponderEliminarFico a espera da apresentação.
Israel Vieira, 38976
Boa Tarde,
ResponderEliminarPeço desde já desculpas por ainda nao ter feito o post da relação entre a foto e o poema. Nicole, na realidade era mesmo isso que disseste no teu comentário que eu pretendo demonstrar, Acho que a relação foto/poema é evidente, pois para além da relação entre a sepultura da foto e o túmulo falado no poema acho que ao o lermos e ao observarmos a foto quase que pareçe a senhora está a falar com o faleçido. Mas depois eu tento expor melhor a minha ideia no texto que ainda vou postar no blog em relação á ligação entre os dois, e na apresentação. Ainda bem que gostaste, e desde já agradeço o teu comentário.
Hum... não tinha pensado nisso do anonimato Israel. Mas creio que a identificação de cada um esteja lá, nós é que não conseguimos perceber certo? Mas tem lógica o que dizes. E a terra parece ser completamente estéril o que causa ainda mais uma sensação de estranheza e aflição.
ResponderEliminarOs cemitérios, que costumam ser por si só locais tristes e lúgubres (devido àquilo que representam e recordam), costumam compensar essa tristeza ao estarem cobertos de verde e flores. Por mais murchas que estas estejam acabam por nos reconfortar um pouco pois mostram-nos que aquelas pessoas não estão esquecidas.
Na imagem nem sequer conseguimos ver um pouco de relva! Vemos terra super seca e argilosa onde nada cresce nem nunca crescerá. Por isso a figura humana ganha tanta importância. No meio de tanta morte e esterilidade a mulher consegue transmitir ainda mais dor e sofrimento do que o próprio lugar.
O diálogo mudo entre ela e morto, como referes Aurélio, torna tudo ainda mais soturno e agoniante. Ai... adoro mesmo esta imagem!
Fico à espera do tal texto e da apresentação.
Nicole Cotter
Por mais que tente não é possível ver se as lapides têm identificação Nicole. Mas uma coisa que reparei, parece-me que no canto superior direito se vê três pessoas, ou pelo menos três pares de pés, como se estivessem escondidos e ao mesmo tempo dando sinal de vida, acho que se pode relacionar isso com o texto, mas ficarei a espera da apresentação para ver o que o Aurélio tem para nos dizer.
ResponderEliminarIsrael Vieira
Olha boa... eu pensava que eram mais lápides! Agora sinto-me um bocado estúpida com o último comentário... De certeza que são pés? Pronto não interessa. Mantenho o que disse. Aurélio despacha lá a tua apresentação senão o Israel ainda me bate! =P
ResponderEliminarNicole Cotter
Concordo com a Nicole, de facto a sensação que tenho é que a senhora está sozinha no cemitério.De facto a foto transmite mesmo uma ideia de sofrimento por parte do ser humano.Mas é de salientar que é devido ao ser humano que existe este tipo de calamidades.Mais uma vez obrigado pelos comentários.
ResponderEliminarBater não mas posso morder um bocadinho :P Mas sim, parecem pés e não lápides mas não deixas de ter razão Nicole porque é um pormenor tão pequeno e que mal se vê comparado com a mulher que esta ajoelhada e que está a ser o centro de atenção.
ResponderEliminarIsrael
Hum... tentador... Bem em relação ao comentário do Aurélio, realmente o homem é um dos maiores destruidores da humanidade e é incrível que use essa destruição como desculpa para “evolução”. “A guerra é um mal necessário para manter a paz”... Desculpem lá mas que desculpa mais esfarrapada! Onde está a lógica disso? Evolução para construir armas melhores? Para que precisamos das armas se estivermos em paz? Bem, é melhor não entrar nesse campo. De facto esta imagem é poderosa pois mostra as consequências das acções do homem de uma maneira completamente diferente daquela a que estamos habituados. Sem carnificina. Apenas o silêncio da dor.
ResponderEliminarNicole
Exacto, cada vez mais o homem arranja desculpas esfarrapadas para justificar a sua insanidade.O mais triste de tudo, é que grande parte das vítimas destas guerras a que muitos chamam "justiça", são na verdade pessoas inocentes.Depois acabam por dizer que foi por um erro de calculo que largaram uma bomba numa escola primária.Enfim...È muito revoltante de facto.O que vale é que ainda temos pessoas como James Nachtwey que não só nos tocam com as suas imagens, como ainda contribuem para campanhas que visam ajudar o tipo de pessoas que são apanhadas no meio disto tudo.
ResponderEliminarAurélio
Isto fez-me lembrar agora da chamada "Guerra Santa" e do fanatismo. Não são apenas os paises desenvolvidos que usam a força para obter aquilo que querem, muitos usam a religião como desculpa para a violência, os bombistas suicidas sao um exemplo disto, eles morrem por uma causa que acreditam verdadeira mas não se preocupam se matam 20 inocentes para atingir 1 inimigo. Creio que existem várias formas e pontos de vista da situação.
ResponderEliminarIsrael Vieira
Morrem porque acreditam em algo que lhes é impingido desde tenra idade: a ideia de Mártir. Morrer por uma "causa superior" (que só irá causar mais sofrimento e dor mas isso não interessa nada) abrir-lhes-á as portas do paraíso e dar-lhes-á direito a não sei quantas virgens só para eles... Será alguma coincidência que a grande parte dos bombistas suicidas sejam homens? Sim eu sei que o homem tem uma liberdade e um papel diferente em relação à mulher na comunidade muçulmana mas no final é a religião que acaba por ditar as regras.
ResponderEliminarEnfim, "Porque os outros vão à sombra dos abrigos / e tu vais de mãos dadas com os perigos". Esquecendo que estão lá mais três pessoas ao longe, como o Israel disse (estragas-me as ideias todas!), a mulher está em campo aberto não temendo nada, nem mesmo a queda de novo míssil... Não interessa o que possa acontecer quando interesses mais altos se sobrepõem. O irmão morreu, nada mais interessa. "Porque os outros têm medo mas tu não".
Nicole
A meu ver meu a culpa nao é da religião.Acho que o homem por ele próprio já fomenta guerras.As causas pelas quais eles dizem que lutam, são emras desculpas para genocídios sem fim. Mas isto é apenas a minha ópinião, cada um é livre de pensar aquilo que quiser.Diga-se de passagem que este tipo de comunidades também demonstram possuir uma força de vontade enorme, defendem a causa por que lutam até ao ultímo sopro de vida, e embora alguns sejam fanáticos, outros lutam apenas pela sobrevivência.( em princípio amanhâ irei postar a relação entre as minhas duas escolhas )
ResponderEliminarAurélio
Finalmente vim-me aqui meter ao barulho.
ResponderEliminarConcordo com o ultimo comentario do aurelio. A religião não é a culpada pelas guerras e pelos exterminios em massa (ate porque nenhuma religiao aprova e fomenta a morte de inocentes (acho!!)). Ela e apenas a desculpa para que os mais fortes/poderosos levem as suas ideias o mais longe possível. Usam a religiao e distorcem-na como querem com o intuito de provarem uma razão que não tem. O mesmo já aconteceu, como disse o Israel, aquando da Guerra Santa, ou com o Hitler e os seus ideias de arianismo e raça pura. A religião é uma desculpa, tal como poderia ser o facto de a relva ser verde ou o céu azul.. Neste caso a religião é apenas a máscara referida no texto de Sophia.
E como todos bem sabemos (e infelizmente), ao contrario do verso que diz "Porque os outros se calam mas tu não", numa sociedade como aquela a que pertence a mulher da foto ( e as 3 pessoas la ao fundo =P) quem nao se cala é punido da pior maneira possivel e daí ainda hoje muitos sofrerem calados castigos que não merecem...
Mariana
Mas quem não se cala são os lideres espírituais que incitam esta violência, mas quem nomeia e aceita estes líderes são os homens comuns certo? Eles são colocados acima dos outros e a palavra deles e levada a sério. Talvez o desejo da mulher na fotografia fosse que o seu irmão tivesse tido receio e tivesse saído desta situação, (não sei se era isto que querias dizer Nicole)talvez a coragem de não seguir estes lideres tivesse significado mais para ela que a cobardia de seguir alguém que vê estes homens como, perdõem a expressão, "carne para canhão".
ResponderEliminar(Estes cafés vão-me sair caro :P)
Israel
Finalmente alguém que me perceba minimamente. Obrigada Israel. Sim referia-me a tudo o que os lideres religiosos fazem sob o falso pretenso de uma religião (o cristianismo é um grande exemplo ao ter mandado imensas mulheres para a fogueira acusando-as de bruxaria sob toda a "lógica cristã" - Será que podemos encontrar alguma coisa na bíblia que diga que as mulheres independentes são bruxas e por isso devem ser queimadas vivas?). Os homens ficam "cegos" com os argumentos inspirados na sua fé e actuam de forma irracional.
ResponderEliminarBem Aurélio estou deste sexta à espera do diálogo intertextual mas já vi que vou mesmo ter de esperar por quarta para ver isso.
(E já agora ainda não vi nenhum café! =P)
Nicole
Olá,
ResponderEliminarPeço desculpa por só agora por o post do diálogo intertextual, mas só agora tive oportunidade de o fazer visto que estive fora durante o fim-de-semana. Desde já agradeço a intervenção da Mariana ( concordo com a nicole, não são 3 pessoas lá ao fundo ) assim como a do Israel e da Nicole, que pelos vistos vão reduzir o stock de cafés da faculdade a zero. Voltando ao assunto, seja religião, seja o que for, a verdade é que o homem é o único culpado disto tudo. Existem várias maneiras de resolver divergências e pontos de vista, o Homem é que na sua profunda sabedoria escolhe sempre a mais inconsciente e primitiva de todas. Nós somos inteligentes o suficiente para pôr um homem na lua, mas no que toca a problemas na terra a solução é sempre a mesma, e como se costuma dizer "de punhos cerrados, não se pode apertar a mão a ninguém ".
Olá, Aurélio.
ResponderEliminarUma curiosidade que dá que pensar: o jornalista Ignacio Ramonet escreveu num livro do qual não me recordo o título algo do género: “algumas mulheres muçulmanas cobrem a face para não serem vítimas dos olhares dos homens”.
Este post remete-me para o chamado “Choque de Civilizações” que Samuel Huntington tão bem “previu”. (Talvez seja interessante ler o artigo da wikipédia, pelo menos, http://pt.wikipedia.org/wiki/Choque_de_civiliza%C3%A7%C3%B5es que tem o link para um texto bem interessante também http://www.defesanet.com.br/esge/choque_civilizacoes.pdf ).
Parece-me que as causas das guerras sejam principalmente três: a religião, a pátria e a economia. Todas as três tão bem arquitectadas pelo Homem civilizado. Fernando Pessoa não disse o que aqui vou citar a este respeito, mas remeteu-me imediatamente para a diferença entre o Homem civilizado e o Homem dito selvagem: [Uma criatura] “deve ter, não crenças religiosas, opiniões políticas, predilecções literárias, mas sensações religiosas, impressões políticas, impulsos de admiração literária”. O Homem das Cavernas é um exemplo dessas sensações e impressões; para além disso lutava mas não guerreava. E garantidamente não organizava grupos de Homens que nada tinham a ver com as suas causas e os mandava para a linha da frente.
A juntar a essas três causas para a guerra, falta-nos ainda pensar nas que brevemente surgirão, como são casos disso a falta de alimento que surgirá se a população mundial não parar de aumentar e quando as alterações climáticas se fizerem sentir com mais imponência. (Este texto ilustra bem este problema http://www.viriatosoromenho-marques.com/Imagens/PDFs/Economia%20e%20Ambiente%20Ericeira%202006.pdf ).
Francisco Horta - 37132
olá.
ResponderEliminarFrancisco, muito obrigado pela informação que me facultaste.Os textos são muito interessantes. A questão é que eu não quero entrar muito no tema das guerras, pois provavelmente iriamos iniciar um longo debate. No que diz respeito á frase que me deste sobre as mulheres mulçumanas ( eu tive a pesquisar e não encontrei em que livro Ignacio Ramonet escreveu isso ), estas cobrem o rosto para não serem vistas por outros homens, mas pelo que entendi, isto tem uma conotação sexual.Ou seja, o uso da burka é para evitar um despertar/atracção sexual entre ambos os sexos.Como podes imaginar a comunidade islamica tem mil e uma maneiras de castigar a mulher.
De facto existe uma grande comparação entre o Tu e os Outros. No poema o Tu é mostrado como aquele que se destaca por não "ir atrás da corrente", ou seja, não fazer o mesmo que os outros fazem. Relacionando isso com a imagem e com aquilo que já foi aqui discutido, o poema de Sophia de Mello Breyner é quase como uma descrição. O Irmão morto representa aquele que foi atrás do grupo e agora jaz morto ali no meio de todos os outros que acreditaram e seguiram por esse caminho. A mulher é aquela que se destaca pela diferença. Ela está sozinha, isolada, no meio de um espaço aberto, de "mão dada com o perigo" (o descampado não lhe oferece qualquer abrigo contra o inimigo) dizendo num grito mudo que não tem medo e não se vende às ideologias do grupo (esse mesmo grupo que proporcionou a morte ao irmão).
ResponderEliminarTentei mostrar esta relação anteriormente mas acho que não fui bem sucedida por isso agora dediquei um comentário só a isso.
Boa sorte para amanhã Aurélio.
Nicole