terça-feira, 24 de maio de 2011

Kiki Smith no MoMA




Explorem esta exposição interactiva sobre a obra de Kiki SmithPrints, Books, and Things (8 Dez. 2003 - 4 Mar. 2004)
Dividida em cinco secções — Early Screenprints, Anatomy, Self-Portraits, Nature e Feminine Contexts.

Jacob Lawrence / Langston Hughes


The Migration Series, Panel No. 1 (1940-1941) by Jacob Lawrence

Jacob Lawrence nasceu em 1917, em Atlantic, Nova Jersey. Foi um pintor negro americano que passou grande parte da sua vida em Harlem, Nova Iorque e foi produto do movimento intelectual e cultural conhecido por Resnascimento de Harlem. É o autor de vastíssimas obras com grande reconhecimento mundial, entre elas, The Great Migration Series, uma série de 60 painéis sobre A Grande Migração Negra Americana do século XX. Lawrence foi sempre um observador preocupado com a vida americana, abordando nas suas obras temas relacionados com a guerra, as migrações e a vida dos afro-americanos durante a América do século XX. Enquanto Langston Hughes descreve os sentimentos de muitos dos afro-americanos da primeira metade do século XX, Lawrence, em, The Great Migration Series, pinta a viagem que estes fizeram. As linhas férreas eram para os afro-americanos o principal meio de transporte do sul para o norte. No Painel no. I, o primeiro painel a ser pintado, Lawrence representa a grande massa da população negra prestes a embarcar numa viagem em direcção às três grandes cidades do norte (Chicago, New York e St.Louis). Lawrence pintou os imigrantes sem características faciais. Usando-se de uma paleta limitada, Lawrence definiu as suas roupas, chapéus e bagagens como silhuetas, enaltecendo um sentimento de acção colectiva à medida que a multidão surge em direcção à estação. A sua técnica, no uso das cores do quadro, leva a que os olhos do próprio observador viagem pela tela.



Poema One-Way Ticket (1949), Langston Hughes

I pick up my life
And take it with me
And I put it down in
Chicago, Detroit,
Buf falo, Scranton,
Any place that is
North and East—
And not Dixie.
I pick up my life
And take it on the train
To Los Angeles, Bakersfield,
Seattle, Oakland, Salt Lake,
Any place that is
North and West—
But not South.
I am fed up
With Jim Crow laws,
People who are cruel
And afraid.
Who lynch and run,
Who are scared of me
And me of them.
I pick up my life
And take it away
On a one-way ticket
Gone up North,
Gone out West,
Gone!

James Mercer Langston Hughes nasceu em 1902, no estado americano do Missouri, e faleceu em 1967. Foi o poeta, ficcionista e dramaturgo norte-americano mais famoso do movimento modernista norte-americano conhecido como “Harlem Renaissance”. Foi nos anos 20, durante o movimento”Harlem Renaissance”, que Langston se tornou famoso, assumindo-se como uma figura importante e influente no mundo literário americano. Tal como Jacob Lawrence, Hughes também abordava nas suas obras os problemas de segregação e opressão racial vividos na América do século XX. No poema, One-Way Ticket, o que Hughes fez foi mostrar a longa e dolorosa espera feita por muitos afro-americanos do sul, tentando escapar à miséria, à opressão e à segregação das “Jim Crow Laws” dos Estados do Sul, procurando a liberdade económica e social nos centros urbanos do Norte. No fundo, aquilo que Hughes e Lawrence pretendiam com os seus trabalhos, era passar uma mensagem de coragem e fé a todos aqueles que correram riscos e enfrentaram o desconhecido na busca de uma vida melhor.

Bibliografia:
HUGHES, Robert. American Visions; The Empire of Signs. - Episode 6
http://en.wikipedia.org/wiki/Jacob_Lawrence
http://en.wikipedia.org/wiki/James_Mercer_Langston_Hughes
http://www.noma.org/educationguides/Lawrence.pdf

Frederico Seabra nº 35524

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Andy Warhol & Peter Oresick



Uma das 32 latas de sopa da Campbell’s pintada por Andy Warhol
Cada uma mede 50.8cm x 40.6 cm




32 Campbell’s Soup Cans

Andy Warhol for Campbell’s Soup
By Peter Oresick

May 19, 1964, Mr. A. Warhol,
1342 Lexington, Nyc, New York,
Dear Mr. Warhol: I have followed
your career for some time. Your art
evokes a great deal of interest here
at Campbell's for obvious reasons.
At one time I hoped to acquire one
of your Campbell's Soup label
paintings, but I'm afraid you
have grown much too expensive.
I did want to tell you, however,
that we at corporate admire your
work, and since I have learned
you actually like Tomato Soup,
I am taking the liberty of shipping
out a couple of cases of our Tomato
Soup to you at this address.
Continued success and good fortune,
William P. McFarland, Product
Manager, Campbell's Soup.

Andy Warhol (1928 – 1987), nascido Andrew Warhola Jr., filho de emigrantes eslovacos, é hoje em dia um dos mais facilmente reconhecíveis nomes da cultura norte-americana. Teve uma carreira diversa nas artes, que incluiu a escrita, cinema, teatro, fotografia, arte digital, impressão, pintura, etc. É a principal figura do movimento artístico denominado de Arte Pop, e o criador de vários termos que são comuns hoje em dia, como “superstar” ou “15 minutos de fama”. Tornou-se famoso principalmente devido à forma como abordou a arte de uma perspectiva nova, elevando à categoria de high art objectos aparentemente mundanos, tal como na sua peça mais famosa: 32 Campbell’s Soup Cans. Se a Arte pode ser dividida em dois tipos fundamentais – figurativa e abstracta – então, Warhol pode ser considerado um defensor absoluto do figurativismo, pois a tradição iconográfica (inspirada pelo facto de ele ter sido católico praticante) está muito presente nas suas obras. Chegou mesmo ao ponto de dizer que odiava Jackson Pollock e todo o seu abjecto expressionismo abstracto.

Peter Oresick
Peter Oresick é um poeta americano, e professor de Inglês. Tal como Andy Warhol, também ele é oriundo de Pittsburgh. O seu livro Warhol-O-Rama, de onde o poema em questão é retirado, é uma homenagem a Warhol, publicado no que seria o octogésimo aniversário do artista. Tal como Warhol, Oresick é elogiado por abordar a arte de uma forma não convencional, escrevendo o seu poema pop-épico encadeando frases de uma forma peculiar, inspirando-se por vezes (como é o caso com Andy Warhol For Campbell’s Soup) em notícias ou factos reais, criando a partir daí estórias nas quais Andy tem sempre o papel de destaque.

Relação entre a obra visual e o poema

"Pop art is about liking things"
Esta frase, da autoria do próprio Warhol, é uma das melhores maneiras de resumir a sua abordagem à temática da arte, principalmente a Arte Pop. É importante notar que, apesar de ser o autor de algumas obras pop muito reconhecíveis, como por exemplo os quadros de Marilyn Monroe, onde o rosto desta é representado múltiplas vezes, com cores variáveis. No entanto, são as latas de sopa da marca Campbell’s que mais marcam a carreira de Warhol, visto que o artista produziu estes quadros em várias etapas da sua carreira, e não apenas uma vez. Mais importante ainda é o motivo por detrás da obra: não é uma celebração do consumismo tipicamente americano, como alguns o acusam. O objectivo do quandro (e, de facto, de toda a sua obra e da Arte Pop em geral) é elevar o mundano ao patamar da High Art. É representar algo do dia-a-dia comum como sendo especial, e dessa forma mudar a perspectiva do observador: se o comum é especial, não o seremos todos então? É essa também a ideia de Peter Oresick, ao publicar o livro Warhol-O-Rama. Em vez de seguir a forma literária comum, Oresick decide lançar um livro de poemas totalmente não ortodoxo, onde todos os versos são corridos e de verso livre. É mais importante entreter o leitor do que “elevar o seu espírito”. O mais importante a notar, tanto na obra de Warhol como na de Oresick, é que não é suposto ver a beleza nos seus trabalhos à primeira vista. Aquela lata de sopa de tomate não é apenas uma lata de sopa de tomate, da mesma forma que aquele poema não é apenas uma carta da companhia Campbell’s a agradecer a Warhol por publicidade gratuita. É preciso ver para lá das formas aparentes, e estar conscientes dos parâmetros em que a Arte Pop opera para verdadeiramente nos apercebermos dos corpos reais das obras. É preciso analisar o superficial para lá da superficialidade. Nas palavras do próprio Andy: “I am a deeply superficial person”.



Bibliografia
HIGGIE, Jennifer. The Artist’s Joke. London, Whitechapel. 2007
HUGHES, Robert. American Visions; The Empire of Signs.- Episode 7
http://en.wikipedia.org/wiki/Andy_Warhol#Other_media
http://www.imdb.com/name/nm0912238/bio
http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_Oresick

Diogo Filipe Serras de Almeida nº 44239

Mark Rothko e Camilo Pessanha




Branco e Vermelho

A dor, forte e imprevista,
Ferindo-me, imprevista,
De branca e de imprevista
Foi um deslumbramento,
Que me endoidou a vista,
Fez-me perder a vista,
Fez-me fugir a vista,
Num doce esvaimento

Como um deserto imenso,
Branco deserto imenso,
Resplandecente e imenso,
Fez-se em redor de mim.
Todo o meu ser, suspenso,
Não sinto já, não penso,
Pairo na luz, suspenso…
Que delícia sem fim!

(…)

A dor, forte e imprevista,
Ferindo-me, imprevista,
De branca e de imprevista
Foi um deslumbramento,
Que me endoidou a vista,
Fez-me perder a vista,
Fez-me fugir a vista,
Num doce esvaimento.

Ó morte, vem depressa,
Acorda, vem depressa,
Acode-me depressa,
Vem-me enxugar o suor,
Que o estertor começa.
É cumprir a promessa.
Já o sonho começa…
Tudo vermelho em flor...

(PESSANHA, 2009, p. 107-109)



“A experiência trágica fortificante é para mim a única fonte de arte.”
Mark Rothko

Marcus Rothkowitz nasceu na Rússia a 25 de Setembro de 1903, com apenas dez anos imigrou com a sua família para os Estados Unidos da América. Cedo conviveu e estudou com artistas; apercebendo-se de que a arte, enquanto expressão da tragédia da condição humana, teria que encontrar uma linguagem nova. Aos poucos, foi experimentando, utilizando novas linguagens, e acabou mesmo por abandonar os elementos figurativos, concentrando-se nos elementos pictóricos puros, convicto de que, só por si, divulgariam uma elevada verdade filosófica. Suicidou, em 25 de Fevereiro de 1970. Acreditava que uma imagem abstracta representava directamente a natureza fundamental do drama humano.
Quando pediam a Mark Rothko para comentar as suas obras respondia dizendo: “O silêncio é o mais acertado”. Foi um dos artistas mais importantes do século XX. Era um homem culto que se interessava por música, literatura, filosofia e mitologia grega.
Influenciado pela obra de Henri Matisse –a quem homenageou numa das suas telas – Rothko ocupou um lugar singular na Escola de Nova York. Após ter experimentado o expressionismo abstrato e o surrealismo, desenvolveu, no final dos anos 1940, uma nova forma de pintar. Hostil ao expressionismo da Action Painting, Mark Rothko (assim como Barnett Newman e Clyfford Still) inventa uma forma meditativa de pintar, que o crítico Clement Greenberg definiu como Colorfield Painting ("pintura do campo de cor").

Camilo Pessanha nasceu em Coimbra no ano de 1867. Grande parte de sua vida transcorreu em terras estrangeiras, já que em 1894 o poeta foi nomeado professor do Liceu de Macau, após a disputa de uma única vaga com 39 concorrentes. No jornal macaense Ideia Nova, encontra-se a publicação póstuma de seu célebre e longo poema Branco e Vermelho, datado de 1929. A obra de Camilo Pessanha é considerada o modelo mais lapidado da estética simbolista portuguesa.

Relação entre a obra e o texto

A relação entre estas duas obras é a transformação de sentimentos em cores fortes, vibrantes e que se contrastam entre si. Sendo a obra de Rothko uma composição, onde a tensão se expressa por toda a tela, através de várias camadas cromáticas, podendo referir-se à “dor, forte e imprevista” de Pessanha, estando relacionado com o drama interior do ser humano. No meio de toda a composição, existe uma risca branca, que está ligada à neutralidade, um ponto de serenidade que é procurado por Pessanha, “um deslumbramento, que me endoidou a vista”, esta risca branca também é referida como uma luz, que permite apreender visualmente o mundo, tal como o poeta explicíta, “Fez-se em redor de mim. Todo o meu ser, suspenso, Não sinto já, não penso, Pairo na luz, suspenso… Que delícia sem fim!”, que poderá ser a perda de consciência da realidade do poeta. Este poema de Camilo Pessanha dá enfase à visão (sem a visão o poeta não tem noção de como é a realidade), à luz (como um meio de percepção do mundo) sendo estes dois elementos relacionados com o termo Branco, que irá contrastar com o Vermelho, que por sua vez, estará relancionado com a dor do poeta, da “morte” que anseia tanto. Esta tensão entre o Branco e o Vermelho poderá ser o confronto entre a realidade e o imaginável, onde o poeta deseja sair do seu ‘eu’ e partir para um “novo mundo” idealizado por si, imune à dor.
Estas duas obras são semelhantes, no que toca à expressão de sentimentos e na maneira que estes dois artistas se expressam.

de Sara Henriques, aluna nº38380

Bibliografia consultada:

- BAAL-TESHUVA, Jacob, Mark Rothko: Pintura como Drama, Taschen, Colónia, 2010
- CHAVE, Anna C., Mark Rothko: subjects in abstraction, Yale University Press, Londres, 1989
- GLIMCHER, Marc, The art of Mark Rothko into an unknown world, Barrie & Jenkins, Londres, 1992
- HESS, Barbara, Expressionismo Abstracto, Taschen, Colónia, 2010
- ROTHKO, Mark, trad. Fernanda Barros, Mira, A realidade do artista: filosofias da arte, Cotovia, Lisboa, 2007

- http://pt.wikipedia.org/wiki/Camilo_Pessanha
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Mark_Rothko
- http://www.nga.gov/feature/rothko/rothkosplash.shtm
- http://purl.pt/14369/1/ (Camilo Pessanha : Biblioteca Nacional de Portugal)