terça-feira, 31 de março de 2009

Georgia O'Keeffe - William Carlos Williams



Georgia O'Keeffe - Oriental Poppies, 1928
Óleo sobre tela 76,2 x 101,9 cm
Museu de Arte Weisman, Minneapolis (MN),
Universidade do Minnesota

The Red Wheelbarrow


so much depends
upon
a red wheel
barrow
glazed with rain
water
beside the white
chickens

O'Keeffe nasceu a 15 Novembro de 1887, perto de Sun Prairie no Wisconsin. Afirmou querer ser pintora logo aos 12 anos, e foi esse o caminho que perseguiu, tendo aulas de desenho e pintura desde muito nova. O'Keeffe faleceu a 6 de Março de 1986 em Santa Fé com 98 anos, pouco tempo antes da inauguração daquela que viria a ser a sua última exposição individual.

William Carlos Williams (17 de Setembro de1883 a 4 de Março de 1963), poeta americano ligado ao Imagismo e ao Modernismo, foi também pediatra, actividade que exerceu toda a sua vida. Ajudou a nascer mais de 2000 bebés e por vezes escrevia os seus poemas nos blocos de receitas. O seu interesse pelo quotidiano e os seus objectos, assim como a sua atitude aparentemente despreocupada fazem dos seus poemas autênticos instantâneos do dia-a-dia.

A escolha de obras marcantes de ambos os artistas não é casuística. O'Keefe ficou conhecida pelas suas flores, Williams pelo seu Red Wheelbarrow e ambos exprimiram nestas suas obras uma sensibilidade e uma vontade de interpretação e representação do mundo que a meu ver tem muitos pontos de contacto. Um dos paralelismos entre ambos é a fotografia, principalmente através de Stieglitz, companheiro de O'Keeffe, que marcou a obra tanto da pintora como do poeta. Isto porque Williams com a sua teoria Imagista - "no ideas but in things" - se aproxima das artes visuais.

A inspiração de Stieglitz levou ambos os autores a "registar momentos fotográficos", tanto no papel como na tela. Em O'Keeffe, os grandes planos de flores assemelham-se a um close-up fotográfico, que amplia detalhes, abrindo assim um novo universo de conhecimento e observação de um objecto que inicialmente poderia parecer demasiado simples ou já muito visto. Williams faz o mesmo com o seu poema, congela um momento, a imagem de algo aparentemente comum e irrelevante, e faz depender da observação desse objecto e da sua cristalização naquele momento fotográfico a compreensão de algo muito maior e mais importante do que um simples carro de mão vermelho.

Outro dos pontos de contacto é o facto de Williams utilizar a expressão glazed, que segundo muitos críticos dá vida ao poema, como um referencial à técnica usada na pintura o glazing. Esta técnica é usada pelos pintores para realçar transparências, dar mais luz ao quadro e salientar as cores, garantindo assim a sua duração ao longo dos anos. Williams faz o mesmo no seu poema trazendo não só luz e cor como realçando os mesmos pelo uso deste termo.

Por fim temos o vermelho, cor pouco usual para carros de mão, mais comum em flores, mas que de qualquer forma torna o quadro e o poema numa unidade vibrante não só de sentido, mas de infusão de vida. O'Keeffe almeja despertar a nossa perplexidade perante as suas flores, a grandeza com que são representadas «Pintarei o que vejo - o que a flor é para mim, mas vou pintá-la em grande e eles ficarão surpreendidos ao levarem tempo a observá-la [...]»

Bibliografia
Benke, Britta, Georgia O'Keeffe, Flores no Deserto, Taschen, Köln, 2001.
The Norton Anthology of American Literature, Sixth Edition. Gen.ed. Nina Baym.New York:W.W. Norton & Company, 2003.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Tópicos vídeo 3

Arte Norte-Americana 09
Diana V. Almeida
American Visions, Vídeo 3
“A Natureza e o Oeste”

América como templo da Natureza
Identidade nacional = paisagem (orgulho nas dádivas divinas) = Parques Naturais vs. monumentos históricos da Velha Europa
América como protótipo da Natureza no seu estado virginal/adâmico. Vide Thomas Locke (1632-1704), filósofo que inspira liberalismo e princípios políticos da Constituição Americana (1787): “Thus in the beginning all the World was America” (Second Treatise of Government, 1689)

Pintura
Thomas Cole (1801-1848)
Influenciado por Romantismo europeu: Claude Lorrain (1600-1682) e William Turner (1775-1851) + Fundador Hudson River School (pinta sobretudo este rio e montanhas de Catskill, onde cataratas de Kaaterskill eram destino turístico para contemplar o sublime)
“View from Mount Holyoke, Northampton, Massachusetts, after a Thunderstorm” (1836): visão pastoral da Arcádia Americana

James Audubon (1785-1851)
Herdeiro realismo empírico de Singleton Copley
Birds of America (1828-1838): serializado (87 volumes com 5 gravuras cada), gravuras a cor, em tamanho natural a partir aguarelas e desenhos a pastel + 435 espécies de aves em tamanho natural

Frederick Church (1826-1900)
Discípulo de Cole + inspirado por John Constable (1776-1837)
Pintor como estenógrafo de Deus, reconcilia ciência e religião – pormenores naturalistas aliados a pintura paisagística com tonalidades morais
“Niagara” (1857): desafia e supera anteriores representações destas cataratas como imagem do sublime natural na América + “Heart of the Andes” (1859): compósito de excertos de paisagens observadas durante viagem à América do Sul, apresentada ao público (com imenso sucesso) numa encenação (enquadrada por uma janela, atrás de cortina, rodeada por plantas), como gesto de apropriação do território a desbravar, a civilizar (estilo sublime colonial) + “Our Banner in the Sky” (1861), os elementos naturais num hino patriótico, reproduzido em cromolitografia e distribuído por soldados da União e suas famílias durante Guerra Civil (1861-1865)
Casa Olana (c. 1870) – planeada e decorada por ele com motivos árabes (Terra de Cristo, pintor viajara Médio Oriente 1867) + decorada segundo lógica do museu enciclopédico

Albert Bierstadt (1830-1902)
Participa expedições (científica e jornalística, respectivamente) ao Oeste (1858, 1863), mas “compõe paisagens de excertos”, procurando obter máximo efeito na figuração idílica da imensidade primitiva do espaço a conquistar. Ex. “The Rocky Mountains, Lander’s Peak” (1836), tela dimensões panorâmicas (1,87 x 3 m.)
Barões da indústria (caminhos-de-ferro, minério, madeiras) apoiam este tipo de arte, que preserva natureza no estado edénico e incentiva turismo vs. impacto ecológico da expansão territorial
“The Last of the Buffalo” (1889) rejeitado por comissão avaliadora americana para representar país no Salon de Paris do mesmo ano: sinal de mudança enfoque imaginário colectivo

Thomas Moran (1837-1926)
Expedição geológica a Yellowstone e Rocky Mountains, dirigida por Ferdinand Hayden, 1871 – Moran pintor oficial (com viagem subsidiada pela Northern Pacific Railroad) + William Henry Jackson (1843-1942) fotógrafo
“The Grand Canyon of the Yellowstone” (1839-1901), dimensões 2,46 x 4,28 m: comprada para Capitólio, paisagem como herói, exposta entre retratos dos políticos americanos + coincide com criação do primeiro Parque Natural, Yellowstone (1872), área total de 8,983 km
Ilustrações do Manifest Destiny – mito expansionista que exime violência do sentido de culpa/responsabilidade + América como instrumento do Progresso + mote popularizado séc. XIX “Westward the course of Empire takes its way” (verso de George Berkeley, 1752)
Figura emblemática é Daniel Boone (1734-1820): sua autobiografia (ditada a John Filson, 1784) torna-se modelo das narrativas hiperbólicas (“tall tales”) dos posteriores heróis de fronteira (como Davy Crockett, 1786-1836) + visto como mediador entre estado selvagem e civilização + retratado como Moisés liderando povo escolhido para Terra Prometida
Ex. George Caleb Bingham (1811-1879), “Daniel Boone Escorting Settlers through the Cumberland Gap” (1851) + Emanuel Leutze (1816-1868), “Westward the Course of Empire Takes Its Way (Westward Ho!)” (1861), mural no Capitólio, 6 x 9 m

Fronteira encerrada oficialmente pelo Governo em1890 - popularidade paisagem épica declina; desde 1870s identidade americana ligada espaço urbano, máquina, crescente consciência das desigualdades sociais

Oeste torna-se objecto de culto nostálgico, imagem do cowboy (liberdade instintiva, masculinidade esforçada), rodeos e dramatizações de cenas históricas (Last Stand: derrota General Custer contra várias tribos índias, na batalha de Little Bighorn, 1876 + reencenada pela 1ª vez 1 ano depois!)
Frederic Remington (1861-1909): “Fight for the Waterhole” (1903), violência defensiva (xenofobia declarada do pintor) + ansiedades homem branco face alteridade e tensões raciais (tribos índias + escravos negros + emigrantes europeus de baixa estirpe) + pinturas com sugestões narrativas influenciam filmes do faroeste (algumas sequências dos westerns realizados por John Ford baseiam-se em pinturas de Remington)
Charles Schreyvogel (1861-1912): “Defending the Stockade” (c. 1905) + fotografia anónima de 1903, cowboy posa para artista, no cimo de prédio



Luministas
Costa Leste. Realismo em diálogo com filosofia transcendentalista (Emerson, Thoreau), mar como veículo de transcendência meditativa e metáfora para eternidade
Fritz Hugh Lane (1804-1865): “Boston Harbour” (1855-58), retrato dos navios dos mercadores prósperos, ancorados em porto seguro
Martin Heade (1819-1904): influência de românticos europeus, em particular Caspar David Friedrich + “Approaching Thunder Storm” (1859), paisagem minimalista, clareza na definição de cada objecto
John Kensett (1816-1872): “Eaton’s Neck, Long Island” (1872), qualidade abstracta da costa marítima


Imagem do índio na arte
Bom Selvagem de Rousseau (vs. Thomas Hobbes) - Demónio - Caso Perdido

Charles Bird King (1785-1862): “Young Omahaw, War Eagle, Little Missouri, and Pawnees” (1821), enviados das tribos índias que vêm negociar com governo em Washington representados com a dignidade dos antigos romanos

George Catlin (1796-1872): viaja pelo Oeste para descrever costumes das Tribos da Planície (cerimónias religiosas, caça ao búfalo, Chefes resistentes Governo Federal) + imbuído consciência mudança histórica e perigo extinção cultura nativa propõe criação de reserva, Nation’s Park, para preservar índios (fora do progresso/do tempo) + 1840 visitara 48 tribos, mas seu projecto “Indian Gallery” não é comprado pelo Governo

Indian Removal Act de 1830, Presidente Andrew Jackson (1767-1845): 70 mil índios obrigados a deixar suas terras e deslocarem-se para oeste do Mississippi + resistência ao homem branco traduzida como histórias de atrocidade
Ex. John Vanderlyn (1775-1852): “Murder of Jane MacCrea” (1804), recuperação modelo narrativas de cativos (“captivity narratives”) . Charles Deas (1818-1876): “The Death Struggle” (1845), luta de cavaleiros branco e índio, caindo no abismo com suas montadas

1840s: consciência de que imparável lei do progresso condenara índios à extinção. Ex. Tompkins Matteson (1813-1884): “The Last of the Race” (1847)

Crazy Horse Memorial: escultura monumental (altura planeada de 172m) iniciada nos Black Hills, em 1949, por Korczak Ziółkowski (1908-1982) e hoje continuada por familiares seus + projecto inicialmente encomendado por vários Chefes Lakota, por contraponto a Mount Rushmore (com efígies dos Presidentes)

quinta-feira, 19 de março de 2009

Tópicos vídeo 2

Arte Norte-Americana
Diana V. Almeida
American Visions, Vídeo 2
“A Terra Prometida”


Religiões introduzidas pelos imigrantes europeus e identidade americana

Colonos espanhóis e pueblos (Novo México)
Viviam 12 milhões índios nos planaltos do sudoeste quando chegam espanhóis, em busca de “cidades de ouro” + história da repressão e resistência tribos índias (1599 massacre em Acoma, cidade sagrada no topo do planalto, revolta índios 1680) + missionários (Franciscanos) como instrumento de expansão territorial da coroa espanhola (converter e dominar nativos) + culto penitente (extremado século XIX), pathos do sangue de Cristo
Arte
Religiosa: pintura devota, efígies de santos, crucifixos, retablos (ex. Mission San José, Laguna Pueblo) + fusão iconografia católica e motivos visuais das tribos índias: Doña Sebastiana, a Morte no seu carro, armada de arco e flecha (vs. foice).
Arquitectura: adobe , igrejas missionárias, restauro constante cria formas esculturais que inspiram artistas modernistas (O’ Keeffe, Paul Strand, Ansel Adams) + haciendas como fortalezas


Puritanos
1629: chegada do navio Arbella, John Winthrop (1588-1649) e “a City Upon a Hill” + experiência colonização da América = êxodo do Povo Escolhido + identidade americana radicada no espaço da Terra Prometida
Legado: ética do trabalho + primazia da religião na vida americana + ideia do “novo” como motor cultural + mito do excepcionalismo
Arte vista com desconfiança
Arquitectura: estilo doméstico severo + Old Ship Meeting House, estrutura em forma de arca (intertexto bíblico) enquadra a “palavra viva” + despojamento decorativo + “o olhar de Deus”: olho pintado no púlpito e vidros transparentes (vs. vitrais).
Lápides funerárias (morte assinala vulnerabilidade humana e passagem para vida / condenação eterna)
Mobiliário: arca de seis tábuas decorada com motivos geométricos (espaço doméstico e forma estética vs. “wilderness”)
Retrato (género ligado políticas identidade): registo q comemora posição social (dinheiro como sinal aprovação de Deus) e honra memória depois da morte do retratado. Thomas Smith, auto-retrato (década de 1680), convenções representativas séc. XVIII (transitoriedade vida = caveira) + Elizabeth and Mary Freak (c. 1671-74), autor anónimo


Outras comunidades religiosas
Quakers
Tb denominados Friends, graças à sua tolerância religiosa (vs. fanatismo puritano), colonizam Pennsylvania (nomeada a partir de William Penn, 1644-1718)
Arte. Pintura: Edward Hicks, “Peaceable Kingdom” (c. 1834), o cordeiro e o menino convivendo com as feras, em pano de fundo Penn fazendo tratado com índios

Amish
Resistência ao progresso
Arte. Decorativa para uso doméstico (cópia padrões heráldicos). Colchas feitas pelas mulheres + Quilt como metáfora criatividade feminina americana (crítica literária feminista)

Shakers
Assim denominados devido danças extáticas em que eram possuídos pelo espírito divino
United Society of Believers in Christ’s Second Appearing, fundada 1772 por Mother Ann Lee (morre 1784)
Arte: mobiliário, forma subordina-se função (anuncia Bauhaus e design dinamarquês contemporâneo)
Mote: “Hands to work, hearts to God” justifica espírito inventivo (máquinas para poupar trabalho)




O caso do Sul, Virgínia
1607: colonato Jamestown
John Smith (1580-1631), The General History of Virginia, New England and the Summer Isles (1624)
Pequena nobreza sem posses procura recriar privilégios aristocráticos na América: representação fantasiosa da sua identidade + antidemocráticos (acesso educação restrito aos senhores)
Arte. Arquitectura: mansão das plantações. Pintura: Justus Engelhardt Kühn, “Henry Darnall III” (c. 1715), espaço idealizado do jardim como cenário para jovem herdeiro + primeira representação do negro na pintura colonial americana (equiparado a animal de estimação)


Pintura
John Smibert (1688-1751), “Dean Berkeley and his Entourage. The Bermuda Group” (d. / datada 1729 vs. data em q foi de facto terminada 1730), modelo para retrato americano próximas gerações de pintores (ausência educação artística formal na colónia e na jovem nação)

Literatura
Hector St. John de Crèvecoeur (1735-1813), Letters from an American Farmer (1782): “The American is a new man; who acts upon new principles; he must therefore entertain new ideas, and form new opinions.”

segunda-feira, 16 de março de 2009

Thomas Cole / Ralph Waldo Emerson


Thomas Cole
"Home in the Woods" (1847)
(óleo sobre tela, 44x66)

“Aqui está o santuário que envergonha as nossas religiões e a realidade que desacredita os nossos heróis. Aqui descobrimos ser a Natureza a circunstância que amesquinha todas as demais circunstâncias, e que julga, como um deus, todos os Homens que vêm a ela. (…) De bom grado franquearíamos as barreiras que as tornam comparativamente impotentes, fugiríamos à artificialidade e às segundas intenções, deixaríamos que a Natureza nos penetrasse. A branda luz das florestas é como uma manhã perpétua; é estimulante e heróica. (…) As árvores incomunicáveis começam a persuadir-nos a viver na sua companhia e despem a nossa vida de bagatelas solenes. Aqui, nada se interpõe entre o céu divino e o ano imortal; nem História, nem Igreja, nem Estado. Quão facilmente poderíamos caminhar pela paisagem que se abre à nossa frente, absorvidos por novos quadros, os pensamentos sucedendo-se céleres uns aos outros, até que, aos poucos, a lembrança do lar fosse desalojada da mente, toda a memória obliterada pela tirania do presente, e a Natureza nos conduzisse em triunfo.” (p. 147)*

“O vento sul, musical, enevoado, oloroso, que converte todas as árvores em harpas eólicas.” (p. 148)

“A minha casa está situada num terreno baixo, com vista limitada, na orla da vida. Mas vou, com meu amigo, à margem do nosso riacho e, com uma remada, deixo para trás as personalidades e a política da vila (…) e ingresso num delicado reino de crepúsculo e luar, talvez luminoso demais para que nele o Homem poluído possa ingressar sem noviciado e provação.” (p. 149)

“Somente na medida em que convocam a Natureza em seu auxílio podem os donos do mundo alcançar o auge da magnificência.” (ibid.)

Ralph Waldo Emerson
"Natureza" (1836)

Thomas Cole (1801-1848) foi um paisagista de origem inglesa que emigrou para os Estados Unidos, juntamente com os seus pais, em 1818. É considerando o fundador da Hudson River School, um movimento que, através do romantismo e do naturalismo, retratava paisagens da Natureza. As obras de Cole, enquadradas nessas mesmas correntes, cuidavam de exaltar o sublime romântico da paisagem natural, conceito que contrastava com a concepção de território, isto é um contraste entre o espaço divino e infinito e o domínio que o Homem passou a exercer sobre a Natureza.

R. W. Emerson (1803-1882) foi um ensaísta, filósofo e poeta dos Estados Unidos que estudou em Harvard com o objectivo de tornar-se pastor, actividade que acabou por abandonar. Mais tarde, depois de viajar pela Europa, onde conhece figuras importantes das letras, entre as quais, John Stuart Mill e Thomas Carlyle, volta para os Estados Unidos e desenvolve a sua filosofia transcendentalista, cujas raízes se encontram na filosofia transcendental de Immanuel Kant, patente, acima de tudo, na obra Kritik von der Reinen Vernunft, e que acabou por se materializar na revista The Dial, um periódico para o qual contribuíam, entre outros, Henry David Thoreau e Margareth Füller, membros, tal como Emerson, do Clube Transcendentalista.


Bibliografia

HUGHES, Robert, “American Visions: The Epic History of Art in America”, The Harvill Press: London, 1999.
GIBSON, Michael, “Simbolismo”, trad. Paula Reis, Taschen: Lisboa, 2006.
LARKIN, Oliver W., “Art and Life in America”, Holt, Rinehart and Winston: New York, 1960.
EMERSON, Ralph Waldo, “Nature”, Penguin: London, 2008.
EMERSON, Ralph Waldo, “Ensaios”, trad. José Paulo Paes, Editora Cultrix: São Paulo, 1966.
PAIVA, Maria Alice Marques de, “O Ideal Primitivo Romântico em Henry David Thoreau”, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa: Lisboa, 1973.
http://en.wikipedia.org/wiki/Ralph_Waldo_Emerson, 24 de Março de 2009.
http://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Cole, 24 de Março de 2009.
http://www.gbcnv.edu/~techdesk/NickStake/famousworks.html, 24 de Março de 2009.

Atenção: No dia da apresentação será entregue uma imagem do "Home in the Woods" mais perceptível.

Francisco Horta, 37132, Filosofia.

sábado, 14 de março de 2009

William S. Soule (US, 1836-1908) , Chief Ten Bears (c.1790-1872)



Foto do caçador Ralph Morrison, morto e escalpado por índios Cheyenne nos arredores de Fort Dodge, a 7 de Dezembro de 1868

Discurso do chefe Comanche Ten Bears no Tratado de Medicine Lodge Creek, Julho de 1868

"(...)You have said that you want to put us on a reservation, to build us houses and make us medicine lodges. I do not want them. I was born under the prairie, where the wind blew free and there was nothing to break the light of the sun. I was born where there were no enclosures and everything drew a free breath. I want to die there and not within walls. I know every stream and every wood between the Arkansas and the Rio Grande. I have hunted and lived over that country.I live like my fathers before me and like them i lived happily. So why do you ask us to leave the rivers, and the sun, and the wind, and live in houses?(...)The Texans have taken away the places where the grass grew the thickest and the timber was best. Had we kept that, we might have done the things you ask. But it is too late. The whites have the country which we loved, and we wish only to wander on the prairie until we die..."

William Stinson Soule é, hoje em dia, muito conhecido pelas suas fotos de índios ainda selvagens e fiéis ao seu modo de vida livre.
Ferido durante a Guerra Civil onde combatera nas fileiras da União, decidira-se por viajar para o Oeste, para recuperar a saúde. Soule tivera um estúdio de fotografia em Boston e agora levava consigo o seu material...
Sem dúvida as fotos que iria agora (1867-75) tirar seriam dum género muito diferente. Ao chegar a Fort Dodge no oeste do Kansas, arranjou emprego na loja do forte e logo se apercebeu que estava no centro duma outra zona de guerra que poderia fornecer oportunidades fotográficas únicas. Deixados em paz durante os anos da guerra civil, com a interrupção do fluxo de colonos, os índios das planícies começavam agora a sentir-se encurralados com a construção de novos fortes nos seus territórios e estavam decididos a resistir até ao fim.
A foto acima foi a primeira tirada por Soule no Kansas, e era um testemunho bastante cru da realidade de guerra permanente nas planícies. Soule estava verdadeiramente no centro de todos estes acontecimentos, e assim podia suceder que os mesmos índios que visitavam o forte numa certa manhã e que convidava para posarem, à tarde estivessem envolvidos num qualquer ataque .
Século e meio depois, as suas fotos são testemunhos fiéis duma época e duma cultura prestes a desaparecer para sempre. Muitas das suas fotos têm um interesse etnográfico tão grande como as pinturas de George Catlin, trinta anos antes.
Se a foto era uma reportagem fotográfica, esta no entanto acabava por só mostrar o ponto de vista de um dos lados e prestar-se a manipulações ideológicas . Já o discurso do velho chefe Ten Bears ilustrava perfeitamente o ponto de vista do outro lado, de um povo que caminha para o seu fim espiritual. É um dos mais conhecidos exemplos de oratória das planícies, e fascinou os brancos que o escutaram, pela sua cândida sabedoria. A frase final é de profunda tristeza e resignação. Poderá talvez argumentar-se que se a foto representava o estereótipo do "índio assassino", o discurso representava um outro, o do "Bom Selvagem". De facto a realidade não é a preto e branco, e Ten Bears não dizia que uma parte importante da sua cultura e economia, consistia nos ataques que em cada Outono faziam no Norte do México, onde iam buscar escravos (mulheres) e cavalos. Seja como for, focava o essencial que era a impossibilidade de conciliação entre duas culturas opostas, e o fim inevitável de uma delas.
No que respeita à foto,a verdade é que este tipo de atrocidade era praticado por todos, índios ou brancos. Claro que os índios não tinham fotógrafos e assim não existem fotos de índios escalpados. Importa notar que este tipo de fotos, muito raras, davam um rosto a uma guerra que para muitos americanos estava a meio continente de distância. Para nós, está também longe no tempo, mas a sua dureza permanece, infelizmente, actual.

Post realizado por Eurico Matias, nº36402, Estudos Norte-
Americanos


Bibliografia:

Nye. Wilbur Sturtevant, "plains indian raiders-the final phases of warfare from the Arkansas to the Red river, with original photographs by William S. Soule", University of Oklahoma Press, 1968

Marshall, "Crimson prairie-the indian wars", Dacapo, 1972

Fehrenbach, T.R., "Comanches, the destruction of a people", Da Capo, 1994

Nota: No dia da apresentação, junto com o esquema, distribuirei mais fotos de Soule.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Tópicos vídeo 1


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Arte Norte-Americana
Diana V. Almeida
American Visions, Vídeo 1
“A República da Virtude”
(Uma carta de amor à América, por Robert Hughes)
Arquitectura
Neoclassicismo estilo arquitectónico público, séc. XVIII, XIX = linguagem democrática, coesão socio-política novo país (reconhecido no Tratado de Paris, 1783)
ex. Washington DC (1791)
espaço como tabula rasa (recomeço pós Declaração da Independência, 1776) + estrutura inspirada palácio e jardins Versailles (irradiação do poder a partir de um centro, arq. Pierre Charles L’Enfant) + Washington Memorial (1885) obelisco mais alto do mundo, entre neoclassicismo e arte minimalista; parodiado por Man Ray (1890-1976), “Indestructible Object (Or Object To Be Destroyed)" (1923) + Lincoln Memorial (1922) simbolismo ressuscitado por Martin Luther King (“I had a dream”, 1963) + Vietnam Veterans Memorial (1982, Maya Lin)
Founding Fathers como elite laica – Franco Maçons (ex. imaginário nota 1 dólar)

George Washington (1732-1799): 1º Presidente dos EUA figura tutelar da nova república, homenageado e representado repetidas vezes (ex. estátua de Jean-Antoine Houdon, 1788, na Virginia State House, apresenta Washington em tamanho natural, como primus inter pares)

Thomas Jefferson (1743-1826): arquitecto (palácio Monticello, Virginia State Capitol, Universidade de Virgínia, Charlottesville) promove estilo federal, de inspiração clássica e francesa (vs. inglesa / colonialista) + inventor (desejo de construir do princípio) + político (3º Presidente) + ideólogo (humanismo laico, educação iluminista para a “aristocracia natural”, autor Declaração de Independência)

Charles Bulfinch (1763-1844): primeiro arquitecto profissional nascido nos EUA, faz Grand Tour na Europa + Massachussets State House (1798) protótipo para outras sedes de governos locais (inspirada por modelo inglês por contraste com Virgínia), estilo democrático (simples, severo, monumental, figuras geométricas combinadas) + Capitólio Washington (desenhado por vários arquitectos ao longo de décadas), onda fervor nacionalista pós derrotas ingleses motiva domo gigantesco (rival catedral S. Paulo, Londres e S. Pedro, Vaticano)


Pintura
1ª geração de pintores treinados na Europa (ensino formal a partir de modelos visuais da Antiguidade)

Benjamin West (1738-1820): “The Death of General Wolfe” (1770), novo conceito de heroísmo, notação realista na pintura histórica (controvérsia: episódio recente vs. narrativas greco-romanas e trajes contemporâneos vs. roupagens clássicas), detalhe do índio, como representante da “nobreza natural” + pintor favorito de rei George III + 2º presidente da Royal Academy + apadrinha três gerações de artistas americanos no seu estúdio em Londres

John Singleton Copley (1738-1815): retratista da classe mercantil em ascensão em Boston (“Mr. and Mrs. Thomas Mifflin”, 1773, postura do casal, mulher olha para fora do quadro, casamento como contrato voluntário, conceito iluminista) + “Boy with Squirrel” (1765) exercício de virtuosismo para impressionar Sir Joshua Reynolds (1º presidente Royal Academy) + “Paul Revere” (1768-70) figura proeminente na Revolução, representado como artesão orgulhoso do seu trabalho, ícone da identidade democrática americana + “Watson and the Shark” (1778), pintura histórica encomendada por particular como ex-voto / alegoria moral, detalhe do marinheiro negro retratado em plano de igualdade com figuras brancas

Charles Wilson Peale (1741-1827): empreendedor cultural, inventa museu enciclopédico, para estimular virtude pública e catalogar as maravilhas naturais da América (“The Artist in His Museum”, 1822) + “The Exhumation of the Mastodon” (1806), empenha-se directamente na escavação, sinal de avanços tecnológicos e científicos (novo conceito de tempo geológico, conferindo a América sinal de antiguidade histórica) + “The Staircase Group (Portrait of Raphaelle Peale and Titian Ramsay Peale)” (1795) pintura como ilusionismo, trompe-l’oeil + dos seus dez filhos oito tornam-se artistas (ex. Raphaelle Peale naturezas mortas e Rembrant Peale retratista, “Rubens Peale with Geranium” (1801) igual importância figura humana e espécie botânica)

Thomas Cole (1801-1848): paisagista de origem inglesa, fundador “Hudson River School” (1825-1870), representação realista da natureza vs. materialismo crasso ambiente urbano + “The Course of the Empire” (1835-1836) série alegórica de cinco quadros representando desenvolvimento e queda de uma civilização, “The Savage State”, “Arcadian or Pastoral State”, “The Consumation of Empire”, “The Destruction of Empire” e “Desolation”

Contexto histórico
Andrew Jackson (1767-1845): sétimo Presidente EUA (1829-1837) proponente expansão territorial e aniquilação dos povos índios, ideologia do “Manifest Destiny”
No Sul estagnação cultural, fantasia de uma elite esclavagista igualável à Grécia Antiga, ex. arquitectura vs. semente cultura negra, raízes dos blues

sábado, 7 de março de 2009

Obelisk + Vietnam Veterans Memorial, Washigton D.C.



Man Ray



Man Ray (1890-1976)
"Indestructible Object (Or Object To Be Destroyed)" (1923)

Declaration of the Independence, 1776

"We hold these truths to be self-evident, that all men are created equal, that they are endowed by their Creator with certain unalienable Rights, that among these are Life, Liberty and the pursuit of Happiness. That to secure these rights, Governments are instituted among Men, deriving their just powers from the consent of the governed."

Calendário para Apresentações Orais 2009

Pensem em marcar a vossa apresentação oral, para podermos planear as coisas juntos, com cada um. Acrescentem aqui directamente ao post, por favor.




4 Março
Discussão Programa e Avaliação + O que é ARTE?

6
“A República da Virtude”

11
Reflexões sobre vídeo 1

13
“A Terra Prometida”

18
Apresentação...

20
“A Natureza e o Oeste”

25
Apresentação...
Eurico Matias (William S. Soule / Chief Ten Bears)
Francisco Horta (Thomas Cole / R. W. Emerson)

27
“A Idade Dourada”

1 Abril
Apresentações...

3
“A Onda Vinda do Atlântico”

15
Apresentações...
Manuela Fernandes (O'Keeffe/William Carlos Williams)
Sara Santana (Jacob Riis/ Jack London)

17
“Aerodinamismo e Filas para o Pão”

22
Apresentações...
Sílvia Cachaço (Dorothea Lange/Francis Scott Key)
Nádia Canceiro (Edward Hopper/Álvaro de Campos)
José Bértolo (Maya Deren/Pierre Reverdy)
Israel Vieira ( Edward Hopper/Joseph Brodsky)

24
“O Império dos Sinais"

29
Apresentações
Milene Cardoso ( Joseph Cornell/ Kurt Schwitters)
Joana Melo (Andy Warhol/J.K. Rowling)

6 Maio
“A Era da Ansiedade”

8
Apresentações
Nicole Cotter (Lichtenstein + Florbela Espanca)
Yves Berndt dos Santos (Edward Kienholz + Allen Ginsberg)
Alexandre Fonseca (Chuck Close + Raymond Carver)

20
Apresentações...
Chloé Lopes (Jean Michel Basquiat)
Miguel Alain (The Blues:The Devil's Lullabye/Gordon Parks + Langston Hughes)
Sara Sardinha (D. Lange / J. Steinbeck)

22
“150 Anos de Fotografia na América”

27
Apresentações...
Mariana Cordeiro (Carrie Mae Weems + Harper Lee)
Liliana Matias (Berenice Abbott / Donald Justice)
Inês Carvalho (Cindy Sherman / Al Berto)

29
Performance e instalação, por Ana Pais


3 Junho
Síntese e diálogo
Cátia Almeida (Jasper Johns / Hart Crane)
Raquel Comprido (Jasper Johns / Alberto Caeiro)
Ana Cláudia Silva (Diane Arbus / Al Berto)
Aurélio Mesquita (James Nachtwey / Sophia de Mello Breyner Andresen )


5
Questões em torno do corpo nas ciências sociais e na arte

12
Visita guiada Museu Berardo, CCB – mostra “Arriscar o Real”, com Ana Rito

17
Avaliação escrita

19
O que é ARTE NORTE-AMERICANA?

segunda-feira, 2 de março de 2009

Audubon e Welty



John James Audubon (1785-1851)
"Snowy Heron or White Egret", 1834


"Audubon's eyes embraced the object in the distance and he could see it as carefully as if he held it in his hand. It was a snowy heron alone out of its flock. He watched it steadily, in his care noting the exact inevitable things. When it feeds it muddies the water with its foot... It was as if each detail about the heron happened slowly in time, and only once. He felt again the old stab of wonder-what structure of life bridged the reptile's scale and the heron's feather? (...) He watched without moving. The bird was defenseless in the world except for the intensity of its life, and he wondered, how can heat of blood and spead of heart defend it? (...)
Fixed in its pure white profile it stood in the precipitous moment, a plumicorn on its head, its breeding dress extended in rays, eating steadily the little water creatures. (...) before (him) the white heron rested in the grasses with the evening all around it, lighter and more serene than the evening, flight closed in its body, the circuit of its beauty closed, a bird seen and a bird still, its motion calm as if it were offered: Take my flight...
(...)
Audubon dreamed, with his mind going to his pointed brush, (...) and he tightened his hand on the trigger of the gun and pulled it, and his eyes went closed. In memory the heron was all its solitude, its total beauty. All its whiteness could be seen from all sides at once, its pure feathers were as if counted and known and their array one upon the other would never be lost. But it was not from memory that he could paint.
(...)
Audubon, splattered and wet, turned back into the wilderness with the heron warm under his hand, his head still light in a kind of trance. It was undeniable, on some Sunday mornings, when he turned over and over his drawings they seemed beautiful to him, through what was dramatic in the conflict of life, or what was exact. What he would draw, and what he had seen, became for a moment one to him then. Yet soon enough, and it seemed to come in that same moment, (...) he knew that even the sight of the heron which (...) he had appreciated, had not been all his belonging, and that never could any vision, even any simple sight, belong to him or to any man. He knew that the best he could make would be, after it was apart from his hand, a dead thing and not a live thing, never the essence, only a sum of parts; and that it would always meet with a stranger's sight, and never be one with the beauty in any other man's head in the world. As he had seen the bird most purely at its moment of death, in some fatal way, in his care for looking outward, he saw his long labor most revealing at the point where it met its limit. Still carefully, for he was trained to see well in the dark, he walked on into the deeper woods, noting all sights, all sounds, and was gentler than they as he went."

Eudora Welty (1909-2001)
"A Still Moment", The Wide Net and Other Stories, 1943


Nos anos que se seguiram à Declaração da Independência (1776), o universo artístico norte-americano empenhou-se em retratar a especificidade cultural, geográfica e natural do país. Fizeram-se, em particular, vários levantamentos sobre a fauna do continente, entre os quais o extraordinário trabalho "Birds of America" , de James Audubon, retratando mais de 700 espécies de pássaros da América do Norte.
Desde jovem que Audubon desenhava pássaros, tendo como modelo um espécime morto que arranjava numa composição "animada" (prendendo o corpo com arames, em contraste com os métodos dos ornitologistas da época, que recorriam a animais empalhados), onde incluía por vezes exemplos da flora local por si também recolhidos. Viajou extensamente pelos Estados Unidos (para onde imigrou em 1803 com um passaporte falso, escapando às Guerras Napoleónicas), e dedicou-se a diversas actividades que (mal) lhe garantiam a subsistência; em 1812 naturalizou-se americano. Em 1826 deslocou-se a Londres com o intuito de publicar as suas imagens, gravadas a aquatinta, em tamanho natural, num portfolio de enormes dimensões (102 x 66cm), pago pelo autor em diversas edições, através de conferências, exposições e vendas de peles (que ele próprio caçava nos Estados Unidos).

No seu conto, Welty reflecte sobre o impulso de catalogação subjacente a este tipo de projecto e, em simultâneo, reconhece a paixão artística que move Audubon, o seu desejo de representar as maravilhas de um mundo natural fascinante na sua multiplicidade. O conto poderá quase ser tomado como uma recriação ekfrástica das aguarelas do artista, na precisão minuciosa com que descreve a garça, num jogo em que a linguagem verbal procura adquirir a precisão da representação visual. Para mais, a autora comenta a perversidade da abordagem artística mimética e do método peculiar de Audubon, que pretende encapsular a realidade substituindo-a pela sua representação. No excerto citado, a personagem do pintor e naturalista apercebe-se deste paradoxo, da impossibilidade de (re)criar o mundo natural na sua organicidade e da solidão da sua tarefa; curiosamente, esta figura será absorvida pela natureza selvagem do Natchez Trace, no Mississippi, onde perde os seus contornos fundindo-se com as sombras.

Bibliografia:
http://en.wikipedia.org/wiki/John_James_Audubon
Craven, Wayne. American Art: History and Culture. Madison, Wisconsin: Brown & Benchmark, 1994.
Pingatore, Diana R. A Reader’s Guide to the Short Stories of Eudora Welty. Nova Iorque: G. K. Hall & Co., 1996.
Welty, Eudora. Stories, Essays, & Memoir, organizado por Richard Ford e Michael Kreyling. Nova Iorque: The Library of America, 1998.

Autoria: Diana Almeida