quinta-feira, 29 de março de 2018

Jackson Pollock e o Expressionismo Abstrato

Boa tarde colegas, neste post irei falar sobre Jackson Pollock, já que este será um dos autores que estudaremos nas aulas de Arte Norte-Americana.

Jackson Pollock (1912-1956) foi uma das figuras mais relevantes do Expressionismo Abstrato, um movimento artístico com origem nos Estados Unidos que teve o seu auge após a Segunda Guerra Mundial. O Expressionismo Abstrato combinou a grande intensidade emocional do expressionismo alemão com técnicas herdadas de algumas vanguardas artísticas europeias, como o surrealismo, o futurismo e o cubismo. A propósito do caráter experimental da arte do séc. XX, cito E. H. Gombrich: Se existe algo que marca o século XX é justamente a liberdade de experimentação com toda a espécie de ideias e meios” (fonte?).

Colocando Nova Iorque em foco no panorama artístico internacional, este estilo (também conhecido como New York School) apresentou-se como a primeira arte genuinamente americana, e, tendo grande aceitação crítica, começou a ser apoiado pelas galerias logo na década de 1940.

Para abordar a pintura de Pollock, é essencial considerarmos não só o contexto histórico do pós-guerra, como também a crescente importância da psicanálise e do reconhecimento do trauma. De facto, Pollock, procurou na arte uma “renovação” psicológica, através do desenvolvimento de uma nova linguagem pictórica, fazendo do ato de pintar uma performance em que o processo criativo se confunde com o resultado: “Eu sinto-me mais perto, mais uma parte da pintura”, declara o pintor (fonte?).
O artista não pretendia transmitir uma mensagem codificada, antes convidando o espetador a uma leitura sensorial para  decifrar as mensagens  subliminares das telas. Estas experiências eram, portanto, de natureza muito subjetiva.
De facto, nestas pinturas de grandes dimensões Pollock, que pinta no chão, abandonando a verticalidade secular do cavalete (vejam as duas fotografias abaixo), usa toda a superfície sem estabelecer uma hierarquia entre os elementos representados. Assim, o artista incita o espectador a uma observação imersiva.

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Beatriz Ferreira, nº146074

segunda-feira, 19 de março de 2018

Lu Nan. Trilogia?

Citando o co-diretor da Serpentine Galleries, Hans Ulrich Obrist, em entrevista ao The Guardian: "Today, curating as a profession means at least four things (…) to preserve, in the sense of safeguarding the heritage of art. (...) to be the selector of new work. (...) to connect to art history. And (...) displaying or arranging the work". Como tal, os curadores encontram-se envolvidos numa profusão de facetas preponderantes no modo como percecionamos a arte. 

Até 14 de janeiro deste ano, esteve patente no Museu Coleção Berardo a exposição  Lu Nan. Trilogia, Fotografias, curada por João Miguel Barros. Esta apresentou "uma seleção de trabalhos do fotógrafo chinês Lu Nan, que fazem parte de uma trilogia que teve início em 1989 e que ficou concluída quinze anos depois, em 2004" (podem obter mais detalhes sobre a exposição aqui). 

A obra de Lu Nan foi apresentada como um reflexo contemporâneo da trilogia clássica representada na Divina Comédia de Dante Alighieri. A disposição das fotografias no espaço convidou-nos a percorrer o Inferno, o Purgatório e o Paraíso. Este paralelismo levou o observador a percecionar a obra de Lu Nan de um modo alheio à catástrofe que ocorre no contexto chinês. Assim, ainda que este diálogo tenha, talvez, proporcionado uma maior proximidade entre o público e a voz da curadoria, a problemática singular implícita na obra do fotógrafo acabou por se desvanecer.

Neste sentido, discordo com João Miguel Barros, curador da exposição em causa, que descreve as imagens como retratando "a China de uma época talvez já diferente da atual, como bem poderia ser a realidade de muitos outros países e lugares por esse mundo fora". De facto, na minha opinião, a obra de Lu Nan realiza uma forte crítica ao contexto social, político, religioso, económico da China contemporânea. 

A minha conclusão será que nos cabe, a nós espetadores, adotar um olhar crítico, apurado e curioso no modo como percecionamos a arte.


Lu Nan | The Forgotten People: The State of Chinese Psychiatric Wards
Zhang Shuhua (right), 38, has been hospitalized for over two months in the Tianjin  Psychiatric Hospital. Because there is no one to turn her over and wash her, she has grown fist-sized bedsores. Ten days after this picture was taken, she died in the hospital. Tianjin, China.
1989. © Lu Nan | Magnum Photos

Lu Nan | The Forgotten People: The State of Chinese Psychiatric Wards
An 11 year old girl in the Beijing Psychiatric Hospital. Due to a lack of children's ward, China's most juvenile sufferers have to be kept together with adult patients. Rather than taking care of such children, the adult patients may even beat them.
1989. © Lu Nan | Magnum Photos 

Lu Nan | The Forgotten People: The State of Chinese Psychiatric Wards
Psychiatric Hospital. Heilongjiang, China.
1989. © Lu Nan | Magnum Photos

Referências:
Barros, João Miguel. Lu Nan - O homem e a obra. 2017, http://pt.museuberardo.pt/exposicoes/lu-nan-trilogia-fotografias-1989-2004, Acedido a 22 de março de 2018.

Jeffries, Stuart; Groves, Nancy. Hans Ulrich Obrist: the art of curation. 2014, https://www.theguardian.com/artanddesign/2014/mar/23/hans-ulrich-obrist-art-curator, Acedido a 22 de março do 2018.

Teresa Maia, nº 147188

sábado, 17 de março de 2018

Elementos sensoriais em "The Tell Tale Heart", E. A. Poe

Boa tarde a todos!

Venho aqui propor, a quem tiver interesse, uma actividade diferente. Há uns anos atrás, um grande senhor mostrou-me pela primeira vez um conto chamado "The Tell Tale Heart" (1843), escrita pelo inigualável Edgar Allan Poe (1809-1849). Sem qualquer tipo de expectativa, vi-me completamente submersa na leitura deste texto e fiquei assoberbada com as complexas e engenhosas construções que nesta obra fornecem uma constante descrição de elementos que apelam aos sentidos do leitor o que, no meu caso, teve um grande impacto psicológico e físico.

O exercício que vos proponho é precisamente o que me foi proposto a mim. Devem começar por fazer uma leitura atenta do texto e, enquanto este ainda se encontra bem presente na vossa memória, proceder ao visionamento de um vídeo (de Annette Jung, 2006) que apresenta o texto narrado e ilustrado sob forma de  animação. A abordagem de Jung é, na minha opinião, uma boa interpretação do texto original e acrescenta à leitura do mesmo, dando corpo aos muitos elementos sensoriais que o texto nos oferece. O objectivo deste exercício é explorar a ligação entre o verbal e o visual, pondo em evidência a importância das sugestões sensoriais do texto.

Podem aceder ao texto através do seguinte link. O vídeo que vos sugiro segue abaixo.



Se alguém quiser partilhar, teria imenso gosto em saber a vossa opinião sobre o exercício e as eventuais conclusões tiradas.

Bom fim-de-semana a todos!

Referências
Poe, Edgar Allan. “The Tell Tale Heart.” IN The Fall of the House of Usher and Other Tales. Broadway, New York: Signet Classic, 1980. 173-178. Print.

Jung, Annette. The Tell Tale Heart. 2006, https://www.youtube.com/watch?v=wDLLHTdVSgU&t=23s, Acedido a 17 de Março de 2018.

"The Tell-Tale Heart By Edgar Allan Poe". American Studies At The University Of Virginia, http://xroads.virginia.edu/~hyper/poe/telltale.html, Acedido a 17 de Março de 2018.

Cristiana Isabel Joaquim Correia (52300)

The Last Portrait/ O Último Retrato

Boa tarde colegas de Arte Norte Americana.
Venho por este meio informar-vos que está nos cinemas um filme sobre o pintor suíço-italiano Alberto Gicometti sobre a sua última obra em vida, um retrato do crítico e biógrafo americano James Lord.





"França, 1964. Quando o famoso pintor suíço Alberto Giacometti se cruza com o crítico norte-americano James Lord, seu amigo, propõe-lhe que pose para um quadro seu. Compreendendo o alcance e o privilégio de tal proposta, Lord aceita. Mas, devido à indisciplina, falta de organização e inspiração de Giacometti, o que parecia ser um trabalho de apenas alguns dias depressa se prolonga por várias semanas. Com o passar do tempo, os dois vão criando laços mais profundos, com Lord a ver nascer, no meio de tanta frustração e caos, uma obra-prima…Estreado no Festival de Cinema de Berlim, um filme baseado na amizade real entre Giacometti e Lord, com argumento e realização de Stanley Tucci. Os actores Geoffrey Rush, Armie Hammer, Clémence Poésy, Tony Shalhoub, James Faulkner e Sylvie Testud dão vida às personagens."  PÚBLICO 

Para escolherem um horário do vosso agrado deixo-vos aqui o site do cinecartaz e o trailer do filme.

- Sofia Paulo



quinta-feira, 15 de março de 2018

Projeto de pesquisa

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1. Pedro Brum da Silveira,  Rafaela Faria, Telmo Alves — Empire State Building + Livro do Génesis, Bíblia  // 5 abril

2. Alexandre Pires, Diana Caneira, Joana Dias — Georgia O’Keeffe + Amy Lowell // 10 abril

3. Lily Chadwick, Maria Madalena Vieira, Teresa Maia — Edward Hopper, Nighthawks + Tom Waits // // 5 abril

4. Beatriz Ferreira, Isabel Silva, Ruben Costa — Mark Rothko + // 12 abril

5. Ana Marques, Filipa Rodrigues, Jéssica Oliveira  — Jackson Pollock + Alexander Search, “A perfeição” // 19 abril

6. Francisca Portugal, Eleanor Weinel, Joana da Silva — Andy Warhol, Self Portrait in Drag + // 24 abril

7. Joana Barros, João Ribeiro, Mauro Spencer — Philip Guston, The Trees + // 26 abril

8. Alberta Nunes, Luís Marques, Rute Ventura — Eric Fischl, Haircut + Clarice Lispector // 3 maio

9. Ana Catarina Nune, Leonardo Fernandes, Rita Gouveia — Barbara Kruger + // 8 maio

10. Francisca Matos, Mandala Rivière, Vanessa Silva — Jenny Holzer + // 15 maio

11. Bruna Brissos, Rodrigo Melo, Sofia Paulo — Cindy Sherman +  // 22 maio
 

quarta-feira, 14 de março de 2018

Muslim Feminist Jerin Arifa On Intersectional Feminism

Boa noite colegas de Arte Norte-Americana,

Recentemente deparei-me com este vídeo (partilhado no Dia Internacional da Mulher) que menciona dois conceitos  discutidos em aula: a Interseccionalidade e o Feminismo.

O vídeo surgiu na página de facebook conhecida como NowThis Her que publica vídeos e notícias relacionadas com mulheres para as celebrar, emancipar e consciencializar a população mundial para a injustiça que o sexo feminino sofre pelo mundo todo.



A ativista muçulmana começa por dar uma breve explicação sobre o feminismo interseccional e a sua origem — é importante mencionar, a este propósito, que a interseccionalidade não se foca apenas na "barreira" que é ser mulher. Depois, Arifa reconhece alguns dos seus privilégios, nomeadamente o facto de ser fisicamente capaz, e, sublinhando a natureza relacional da identidade, cita uma ativista indígena que recusa a ajuda das feministas brancas que se colocam numa posição de superioridade: "If you are here to save me, I'm not interested in working with you. But if you understand that your freedom is intricatley connected to mine, then let's work together".
É importante salientar a ideia de estarmos "intimamente relacionados" ("intricately connected"), pois, na bibliografia da cadeira, nomeadamente no segundo capítulo de How To See The World, Nicholas Mirzoeff define visão como uma comunidade ("[T]he brain is in effect a shared space (...) It is from this formation that individuals emerge, meaning that we move from the social to the individual", 95), o que, a meu ver, aponta para o pedido feito pela ativista indígena às feministas brancas.

Jerin Arifa continua apresentando-se como uma feminista muçulmana e declarando que uma das regras do islamismo é lutar contra qualquer forma de injustiça, sendo a desigualdade de género uma delas ("And to me, any kind of inequality is a form of injustice. We must end all forms of oppression").

Outro aspeto a salientar é o facto de o feminismo ameaçar o poder instituído pelo que este gera um contra-discurso que denigre a mensagem feminista. Nos momentos finais do vídeo, a ativista diz que a quarta onda feminista já está ativamente a mudar o mundo, oferecendo o exemplo de uma jovem  que organizou um encontro na sua escola secundária onde compareceram 150 pessoas, incluindo o senador do estado onde ela mora.

Para concluir, Jerin Arifa propõe que reconheçamos os nossos privilégios, de maneira a podermos crescer e melhorar o mundo e a comunidade em que vivemos.




Caso queiram saber mais sobre o conceito e outros relacionados com a comunidade LGBT+ aconselho-vos a darem uma vista de olhos nesta ligação.

Bruna Brissos nº 148801

terça-feira, 13 de março de 2018

more on gender *

In our last class we briefly discussed the concepts of gender and sexuality (vide J. Pilcher and Imelda Whelehan's Key Concepts in Gender Studies. I leave you here with an exploration of the notion of gender, that may be divided into three components: body, identity, and expression. As we have seen this terminology is constantly evolving and may be conceptualized in different ways, so it is always better to cite your sources when using these concepts for your arguments.








segunda-feira, 12 de março de 2018

STUDIO LISBOA 018

Olá a todos! Dias 18,19 e 20 de maio realiza-se a feira de arte contemporânea "Studio Lisboa 018". Deixo-vos a informação sobre a feira, que retirei da agenda cultural, juntamente com o link para quem quiser saber mais!



"Feira de arte contemporânea organizada, dirigida e comissariada por artistas e para artistas. Aqui os criadores fazem uma autogestão e divulgam as suas criações diretamente ao público assistente, sejam colecionadores, galeristas, instituições, críticos ou curadores.
O mês de Maio 2018 é o mês da arte contemporânea em Lisboa, [em que] coincidem no tempo três feiras de caráter internacional (...) que colocarão Lisboa no centro das atenções da arte europeia.
A feira terá lugar no Centro de Convenções de Lisboa e albergará 62 espaços expositivos, todos eles de dimensões  idênticas, onde o comprador poderá lidar diretamente com o artista de forma a que este possa transmitir pessoalmente o porquê da sua arte, [a] técnica [usada] e [a] filosofia [subjacente à sua abordagem]. Assim, poder-se-á assistir a obra própria, de terceiros [ou] catálogos de outros artistas, tendo em conta que um grupo de artistas poderá gerir um só espaço expositivo. A ideia é dar uma oportunidade a artistas que não podem participar sozinhos por falta de tempo ou falta de possibilidades, ou [por] não estarem representados por nenhuma galeria."

-Rita Gouveia

domingo, 11 de março de 2018

Nan Goldin

Nancy "Nan" Goldin (1953-) é uma fotógrafa estado-unidense nascida em Washington D.C, e mais conhecida pelo seu trabalho autobiográfico The Ballad of Sexual Dependency (1986).

Ganhei curiosidade em pesquisar o trabalho de Nan Goldin no Verão, após ter visto algumas das suas fotografias desta série expostas no Museu Coleção Berardo. Assumindo uma abordagem intimista, Goldin retrata a vida noturna de Nova Iorque, desde shows de drag queen, até ao abuso de drogas, passando por relações amorosas abusivas. A artista refere-se a algumas das suas obras, tais como Joana And Auréle in my Bed Embraced (2001), como uma exploração de relações e sentimentos de obsessão emocional e de empatia.

No início da carreira, Goldin representava a comunidade boémia, com comportamentos destrutivos e rebeldes; após ter feito um tratamento desintoxicação, começaram também a surgir na sua obra cenas de paternidade e paisagens de diferentes lugares do mundo.

A sua estética foi influenciada por nomes como Andy Warhol e Helmut Newton. O trabalho de Goldin retratou uma geração marcada pela génese da música new wave e punk rock, dando crescente visibilidade à comunidade LGBT.


 Assim, deixo aqui algumas das suas obras.

Nan and Brian in bed, NYC, 1983



Misty and Jimmy-Paulette in a taxi, New York, 1991


Twisting at my birthday party, New York City, 1980


Clemens and Jens embracing in my hall, Paris, 2001



Lavender Landscape, 2002


Ana Catarina Nunes, 139071

sexta-feira, 9 de março de 2018

A América de Stephen Shore



Stephen Shore (1947-) é um fotógrafo dos EUA, natural de Nova Iorque, que capturou a maioria das suas imagens nas década de 1970 e 1980. Destaca-se por ter sido o segundo fotógrafo vivo a ter uma exposição a solo no Metropolitan Museum of Art, em Nova Iorque. Foi também um pioneiro da fotografia a cores, numa época em que o meio para qualquer exposição “séria” era o preto e branco. Era próximo de Andy Warhol, frequentando a Factory, onde capturou a cena artística.


Em termos estéticos, Shore destaca-se pelo seu olhar peculiar sobre o quotidiano, as paisagens urbanas e os objetos, nos quais reconhece valor estético. Apesar de o seu trabalho suscitar algumas críticas, sendo pejorativamente acompanhado do termo snapshots, Shore é inteiramente intencional e meticuloso nas suas imagens, imortalizando  momentos muito particulares do mundo que experienciou. As suas fotografias, definidas pelo próprio como “naturais” ("[they feel] like seeing”), constituem um testemunho marcadamente nostálgico das gerações que nos antecederam.

São de destacar os seus mais populares e influentes trabalhos, Uncommon Places (1982) e American Surfaces (1999).

 
Termino por deixar algumas das suas imagens; creio que falam por si.









"One of the things I’m interested in is a kind of authenticity. It’s seeing the world with fewer filters.” - Stephen Shore
Telmo Alves, Nº 146 086