terça-feira, 28 de abril de 2009

ICA, como ver

Ops! Isto não está fácil. Cliquem na imagem abaixo para verem poster inteiro, por favor. Estão desde já todos convidados a assistir a esta sessão inaugural da série de palestras intituladas "De que falamos quando falamos da América?" (um jogo com o título da antologia de contos "What We Talk About When We Talk About Love", de Raymond Carver, 1981)

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Andy Warhol / Harry Potter and the Deathly Hallows

Andy Warhol

Green Coca-Cola Bottles

Andy Warhol, 1962

Tamanho Original – 2.09 metros x 1.45 metros

Localização da obra -Whitney Museum of American Art, New York

“(…) Ron, Hermione, Fred, George, Fleur and Mundungus drank. All of them gasped and grimaced as the potion hit their throats; At once, their features began to bubble and distort like hot wax. Hermione and Mundungus were shooting upward; Ron, Fred and George were shrinking; Their hair was darkening, Hermione’s and Fleur’s appearing to shoot backwards into their skulls.

Moody, quite unconcerned, was now loosening the ties of the large sacks he had brought with him. When he straightened up again, there were six Harry Potters gasping and panting in front of him.

Fred and George turned to each other and said together, “Wow – we’re identical

In Harry Potter and the Deadly Hallows, 4th Chapter


Andy Warhol

Andy Warhol (ou Andrew Warhola) Nasceu em Pittsburgh a 6 de Agosto de 1928 e morreu a 22 de Fevereiro de 1987. Foi um pintor e cineasta norte-americano e uma das maiores figuras da Pop-Art.

Em 1945 (com 17 anos) entrou no Instituto de Tecnologia de Carnegie (Actualmente com o nome de Universidade Carnegie Mellon) e gradudou-se em Design. Fez a sua primeira exposição individual em 1952 na Hugo Galley onde exibiu quinze desenhos baseados na obra de Truman Capote.

Nos anos 60 passa a utilizar a publicidade nas suas obras em cores fortes, berrantes e tintas acrílicas. Reinventou a Pop-Art com a reprodução mecânica. As suas serigrafias retratam temas do quotidiano, artigos de consumo (Campbell Soup, Coca-Cola, caixas de detergente Brillo…) e rostos de figuras conhecidas como Marilyn Monroe (retratada apenas depois de morrer), Liz Taylor, Elvis Presley e Che Guevara sempre reproduzidos com cores diferentes.

Tinha como objectivo tornar a arte banal. Além de pintar “estrelas” e objectos do quotidiano também “pintou” primeiras páginas de jornal (por exemplo 129 Die).

Em 1987 morreu, um dia depois de ser operado (embora não tivesse havido nenhuma complicação na operação) depois de 35 anos de “fama”.

“Pinto estes objectos nos meus quadros porque são as coisas que conheço melhor. Não tento criticar os Estados Unidos de que maneira for(…). Acho que represento os Estados Unidos na minha arte, mas não sou um crítico social.”

Andy Warhol

“Warhol Foi uma das pessoas mais chatas que já conheci, pois era do tipo que não tinha nada a dizer. A sua obra também não me toca. Ele até produziu coisas relevantes no começo dos anos 60. Mas, no geral, não tenho dúvidas de que é a reputação mais ridiculamente sobrestimada do século XX.”


Robert Hughes, crítico de arte, antigo cronista da revista Time, entrevista à revista Veja, 25 de Abril de 2007


Harry Potter and The Deathly Hollows

Pequena contextualização do excerto:

Harry está mais uma vez “preso” em casa dos tios é salvo pelos amigos. Depois de terem enviado a restante família para uma localização segura, Moody (um dos membros da sua guarda) dá a todos uma poção (the Polyjuice Potion) cujo objectivo é transforma-los todos no Harry. Assim, quando saírem de casa as tropas de Lord Voldemort não sabem quem é o verdadeiro Harry e é mais fácil para escaparem.

Contribuições:

Carina Carvalho – Tradução

Andreia Manso – Artes e Culturas Comparadas

Bibliografia:

Honnef, Klaus, Pop Art, Tashen

Morin, Edgar, 1921-, Glamour – Arte Seduzida e Sedutora, ED. Público

Rowling, J.k, Harry Potter and the Deathly Hallows, Bloomsbury

Sitografia:

http://www.usc.edu/programs/cst/deadfiles/lacasis/ansc100/library/images/778.html (23/4/2009)

http://pt.wikipedia.org/wiki/Andy_Warhol (23/4/2009)

http://www.amazon.com/gp/product/images/B001874TCO/sr=1-6/qid=1240516986/ref=dp_image_0?ie=UTF8&n=283155&s=books&qid=1240516986&sr=1-6 (23/4/2009)

domingo, 26 de abril de 2009

Joseph Cornell e Kurt Schwitters


Cassiopeia (frente)




Cassiopeia (verso)


EVE BLOSSOM
(Kurt Schwitters' own translation of 'An Anna Blume')

Oh thou, beloved of my twenty-seven senses, I love thine! Thou thee thee thine, I thine,
thou mine, we?
That (by the way) is beside the point!
Who art thou, uncounted woman, Thou art, art thou?
People say, thou werst,
Let them say, they don't know what they are talking about.
Thou wearest thine hat on thy feet, and wanderest on thine hands,
On thine hands thou wanderest
Hallo, thy red dress, sawn into white folds,
Red I love Eve Blossom, red I love thine,
Thou thee thee thine, I thine, thou mine, we?
That (by the way) belongs to the cold glow!
Eve Blossom, red Eve Blossom what do people say?
PRIZE QUESTION: 1. Eve Blossom is red,
2. Eve Blossom has wheels
3. what colour are the wheels?
Blue is the colour of your yellow hair
Red is the whirl of your green wheels,
Thou simple maiden in everyday dress,
Thou small green animal,
I love thine!
Thou thee thee thine, I thine, thou mine, we?
That (by the way) belongs to the glowing brazier!
Eve Blossom, eve,
E - V - E,
E easy, V victory, E easy,
I trickle your name.
Your name drops like soft tallow.
Do you know it, Eve?
Do you already know it?
One can also read you from the back
And you, you most glorious of all,
You are from the back as from the front,
E-V-E.
Easy victory.
Tallow trickles to stroke over my back
Eve Blossom,
Thou drippy animal,
I
Love
Thine!
I love you!!!!



Num breve olhar entre as duas obras, a semelhança mais evidente é a desconstrução.
Na obra de Cornell, há camadas, que se sobrepõem a outras camadas, enquanto no poema de Schwitters há o caos, palavras soltas, frases que quebram a lógica semântica.
Cornell utilizava a colagem nas suas caixas e Schwitters aplicava a mesma técnica mas em poemas. O poema é abstracto e utiliza, da mesma forma que as caixas, pedaços de coisas já existentes. Estes pedaços não precisam ter relação ou sentido, pois o sentido não existe mais, e da mesma maneira que as caixas são feitas com o intuito de visualização também o poema tem uma composição visual. Objectos como bolas podem simbolizar planetas, e frases soltas podem demonstrar sentimentos. Estas obras assemelham-se claramente a puzzles.
Apesar da separação de continentes, estes artistas têm uma forte relação entre eles pelo surrealismo, expressionismo e abstraccionismo, e por isso a hipótese de similitude entre as suas obras é imensa.




Sitografia:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Kurt_Schwitters
http://homepage.ntlworld.com/davepalmer/cutandpaste/schwitters.html
http://www.merzbau.org/Schwitters.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Kurt_Schwitters#Dada_and_Merz
http://dr.rb.tripod.com/id13.html
http://capa.conncoll.edu/morton.merzbook.html
http://www.ben-at-work.com/en/collages/anna_blume.html
http://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Cornell
http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/cornell/
http://www.artchive.com/artchive/C/cornell.html
http://estudiomarimbondo.blogspot.com/2007/08/joseph-cornell.html
http://www.josephcornellbox.com/
http://www.bookrags.com/biography/joseph-cornell/


Milene Cardoso n.º 37912
Linguas, Literaturas e Culturas

sábado, 25 de abril de 2009

Tópicos vídeo 6

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Arte Norte-Americana
Diana V. Almeida 
American Visions, Vídeo 6
 “Aerodinamismo e Filas para o Pão”


NY
Arranha-céus: expansão vertical, nova Fronteira + vestir esquadrias de aço com Art Deco (Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes, Paris, 1925) vs. estilo Bauhaus + código construção obriga a recuar fachadas em altura, tratamento escultural da massa arquitectónica (influência das pirâmides em socalco dos povos nativos América Sul, referências culto ao Sol dos Maias) + processo construção como espectáculo performático, bailarinas nas vigas
Chrysler Building, William Van Allen (1928-30): emblema corporativo, alusão raios rodas automóvel e toucados radiador + competição (com Bank of the Manhattan Company, Craig Severance) pelo edifício mais alto; ganhou com “truque” da torre em aço
Empire State Building, Shreve, Lamb & Harmon (1930-31)
Daily News Building, Raymond Hood (1929-31): hall de entrada inspirado túmulo Napoleão + mundo no centro do olhar inquisitório da imprensa
Rockefeller Center, vários arquitectos: 89,000 m2, entre 48th e 51st Streets + 14 torres Art Deco (1930-39) + 4 torres (1960s/70s) + incorpora obras de arte ex. alto relevo “News”, Isamu Noguchi (1904-1988) e mural Diego Rivera (1886-1957), destruído devido inclusão busto Lenine

Lewis Hine (1874-1940): fotojornalismo com intenções reforma social + trabalha para National Child Labor Committee + documenta trabalhadores heróicos, “anjos do risco e da perícia”, ex. Workers, Empire State Building (1931)

Visão Distópica
Fritz Lang (1890-1976): cineasta expressionista alemão, Metropolis (1927) inspirado em NY
Hugh Ferris (1889-1962): The Metropolis of Tomorrow (1929), desenhos esquemáticos de edifícios, como “túmulos prismáticos”

New Deal
Franklin Delano Roosevelt (1882-1945): 4 mandatos presidenciais (1933-45) + política intervencionista keynesiana, WPA (Work Progress Administration) cria agências estatais para intervirem em diversas áreas, dinamizando economia afectada pela Crise anos 30 ex. FSA (Farm Security Administration) e seus fotógrafos (D. Lange, W. Evans...)
Barragem de Hoover (1936): Black Canyon do Rio Colorado (fronteira Arizona e Nevada) + maior estrutura betão armado da época + símbolo poder de recuperação económica da América + construção documentada por L. Hine
Jack Levine (1915-2010): realismo social + artista como operário (ética do trabalho), construindo linguagem da democracia americana

Pintura
Jacob Lawrence (1917-2000): Harlem Renaissance + The Migration Series (1930s/40s), sob égide WPA, balada visual de 60 quadros relata experiência colectiva de migração negros, fugindo Sul (leis Jim Crow, linchamentos, Ku Klux Klan) + influências storytelling e uso da cor pela comunidade negra como forma de resistência quotidiana à Depressão + contenção emocional (apesar pathos experiências representadas) e formal (herança cubismo e Matisse: superfície plana do quadro, figuras humanas como silhuetas, contrastes cromáticos)

Edward Hopper (1882-1967): desolação da paisagem urbana + Fronteira deslocada para interior do ser, observador solitário substitui homem de acção + “Early Sunday Morning” (1930), temporalidade introduzida pela representação da luz no espaço plano das fachadas de small town + “Room in New York” (1932), isolamento emocional figuras, narrativa suspensa, slice of life + “New York Movie” (1939), o tédio da arrumadora, fascínio pelo universo do espectáculo e posterior influência nos filmes americanos (pintor dos cameramen) + “Nighthawks” (1942), moldura espacial da montra, voyeurismo e mistério + “High Noon” (1949) e “A Woman in the Sun” (1961), mulher Jo Nivinson como modelo, interacção epifânica figura feminina e raios do sol + “Sun in an Empty Room” (1963), desaparecimento figura humana, palco vazio antes da subida da cortina

Stuart Davis (1892-1964): sob influência do pai (jornalista e cartoonista), vê-se como “espectador repórter” + “cubismo colonial”, retrata elementos quotidianos da paisagem de consumo americana, “Odol” (1924), precursor arte Pop, marcas comerciais como ícones de si mesmas + defende que identidade nacional resulta confluência imigrantes (vs. posturas xenófobas do Regionalismo) + “Men without Women” (1932), projecto de mural para Rádio City Hall, NY + “Swing Landscape” (1938), mural para complexo habitacional público WPA, analogia visual com ritmos sincopados do jazz, padrões abstractos em cores vibrantes

Regionalismo
Idealização nostálgica do passado, Midwest como paraíso rural
Thomas Hart Benton (1889-1975): renega seu trabalho modernista inicial, sob influência Cézanne + porta-voz do movimento regionalista, contra decadência moral da cidade NY, propõe uma arte genuinamente americana + mural do Missouri State Capitol (1936), versão história do estado, grande elenco personagens (de Huckleberry Finn a David Crocket), composição cinética (linea serpentinata, Maneirismo séc. XVI) causa distorção proporções figuras humanas, cor enfática + professor de Jackson Pollock

Grant Wood (1891-1942): realismo meticuloso dos pintores flamengos séc. XVI + “American Gothic” (1930), lar como santuário da virtude, ambiguidade mensagem (ironiza ou louva puritanismo?), pintura repetidamente citada pela cultura visual americana posterior + comunidade artística em Stone City, manisfesto Revolt against the City  (1935) + paisagem evidencia regressão à infância comunal, arcádia idealizada ex. “Stone City, Iowa” (1930) vs. ameaça da máquina “Death on Ridge Road” (1935), colisão automóveis ameaça idílio rural


Design
Linhas fluidas (“streamlined shape”): utopia da mobilidade impressa nos artefactos quotidianos + fantasia = função + iconografia de controlo e distensão vs. estagnação económica e fricção social

Cord 810 Westchester Sedan (1936): automóvel que exemplifica esta tendência + imitação linhas aerodinâmicas da aviação

1939
Feira Mundial NY: moto = “Tomorrow, now!” + Trylon e Perisphere (Wallace Harrison), voo até ao futuro e controlo social benigno + Democracity, modelo gigante de futura metrópole idealizada + Futurama (Norman Bel Geddes), exposição da General Motors, com simulação de espaço urbano 1960s

The Wizard of Oz: filme da Metro-Goldwyn-Mayer, adaptando livro infantil The Wonderful Wizard of Oz (1900), de L. Frank Baum

vs. Contexto Histórico
Início 2ª Guerra Mundial

1941, Pearl Harbour: entrada EUA na guerra = consolidação hegemonia política + perda da inocência







segunda-feira, 20 de abril de 2009

Ansel Adams (1902-1984)


"Road, Nevada Desert", 1960
Interessante diálogo com fotografia de D. Lange, "The Road West"
O que levará os fotógrafos americanos a repetir esta imagem?
Diana Almeida

domingo, 19 de abril de 2009

Dorothea Lange e Francis Scott Key



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"Dust storm at this War Relocation Authority center where evacuees of Japanese ancestry are spending the duration."
Picture by Dorothea Lange, Manzanar, CA, July 3, 1942


"The Star-Spangled Banner" de Francis Scott Key
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"Oh, say, can you see, by the dawn's early light
What so proudly we hailed at the twilight's lasted gleaming?

Whose broad stripes and bright stars, through the perilous fight,

O 'er the ramparts we watched, were so gallantly streaming.

And the rockets` red glare, the bombs bursting in air,
Gave proof through the night that our flag was still there.
Oh, say, does that star-spangled banner yet wave

O'er the land of the free and the home of the brave?"



Ano 1942, após do ataque a Pearl Harbor pelos japoneses. Época negra para o mundo devido à Segunda Guerra Mundial que ainda decorria (1939 – 1945), e que trouxe grandes perdas aos E.U.A. e ao mundo.

O ambiente que se vivia nos E.U.A. era de grande conflito entre os Americanos/Aliados e os membros pertencentes ao Eixo, principalmente com os japoneses. Foram criados vários campos para “internar” todos os japoneses que viviam nos Estados Unidos da América. Os japoneses eram vistos como perigo nacional, e suspeitos. Foram proibidos de viver entre os cidadãos Americanos. Foi uma fase de grande Americanismo e orgulho pela pátria. Em várias fotografias de Dorothea Lange nós conseguimos distinguir esse orgulho americano (foto exemplo).

Esta fotografia - “Dust storm at this War Relocation Authority Center where evacuees of Japanese ancestry are spending the duration” – é um desses casos de patriotismo, com a bandeira situada exactamente no centro da fotografia. Esta fotografia foi tirada num dos centros de concentração no estado da Califórnia – Manzanar. Estes campos tinham condições primitivas, com falta de privacidade e filas intermináveis para as refeições míseras que recebiam (arroz e vegetais cozidos, visto que carne era escassa). Porém, toda esta adversidade, nestes campos vivia-se em comunidade. Eram os próprios que viviam lá quem tornou estes campos em pequenas aldeias com tudo o que poderiam necessitar – barbeiros, sapateiros, agricultores (que plantavam os tradicionais vegetais orientais a que estavam habituados, chegando mesmo a recriar rebentos de soja e tofu). Nós temos esta percepção de comunidade na fotografia, com as tendas todas colocadas ao lado umas das outras, parecendo uma vizinhança normal americana.
Hoje em dia, o que outrora foi uma prisão, um castigo para um nobre japonês em busca do “American Dream”, é agora uma marca memorial – National Historic Landmark and National Historic Site.
Ao observar a fotografia e o simbolismo que esta acarreta, lembrou-me, imediatamente, o hino nacional dos Estados Unidos da América, que, antes de ser uma música, fora um poema escrito por Francis Scott Key. O poema foi escrito em 1814, depois de Key testemunhar o bombardeamento de Fort McHenry, em Baltimore (Maryland) pela frota britânica (Royal Navy), em Chesapeake Bay, durante a guerra de 1812. Key testemunhou e transcreveu o que viu num poema, mostrando o que passou e sentiu naquela longa noite. O símbolo do poema anda à volta da bandeira de 15 riscas e 15 estrelas, carregado de orgulho, visto que esta aguentou uma noite de terror, assim como a nação. Esta bandeira que, outrora, abanava pelo Fort McHenry, agora abana pelo país. A importância da bandeira, que é ainda hoje comprovada, mostra-nos a nação que para Key, nasceu no dia 15 de Setembro de 1814, quando observou que a bandeira estava lá.

Sitografia:






Sílvia Cachaço nº 37 287
Estudos Norte-Americanos

Edward Hopper e Álvaro de Campos

"Dawn in Pennsylvania"
1942
Óleo sobre tela


"Ode Triunfal" de Álvaro de Campos


A dolorosa luz das grandes lâmpadas eléctricas da fábrica
Tenho febre e escrevo.
Escrevo rangendo os dentes, fera para a beleza disto,
Para a beleza disto totalmente desconhecida dos antigos.
Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r eterno!
Forte espasmo retido dos maquinismos em fúria!
Em fúria fora e dentro de mim, Por todos os meus nervos dissecados fora,
Por todas as papilas fora de tudo com que eu sinto!
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó maquinas!
Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical –
Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força –
Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro,
Porque o presente é todo o passado e todo o futuro
(1-18)
(…)

Ah, poder exprimir-me todo como um motor se exprime!
Ser completo como uma máquina!
Poder ir na vida triunfante como um automóvel último-modelo!
Poder ao menos penetrar-me fisicamente de tudo isto,
Rasgar-me todo, abrir-me completamente, tornar-me passento
A todos os perfumes de óleos e calores e carvões
Desta flora estupenda, negra, artificial e insaciável!
(26-32)
(…)

Nova Revelação metálica e dinâmica de Deus!
(112)
(...)


Álvaro de Campos, heterónimo de Fernando Pessoa, era um cantor do mundo moderno que procura incessantemente “sentir tudo de todas as maneiras”. Campos celebra a civilização industrial e mecânica, adoptando sempre o ponto de vista de um citadino.

Edward Hopper foi um pintor realista norte-americano cujo trabalho é considerado uma espécie de crónica das mudanças ocorridas na sociedade nesta época. Retrata a solidão nos espaços urbanos e sentimento de brevidade presente em alguns locais públicos e semi-públicos.

Campos e Hopper apresentam-nos duas perspectivas completamente diferentes do progresso e da civilização. Em Campos encontramos um engenheiro naval que canta a modernidade e se alheia a tudo o que com ela não se relacione; em Hopper temos a desolação dos espaços urbanos e a modernidade sempre associada à solidão.

“Dawn in Pennsylvania” reflecte um espaço público completamente deserto e, talvez, demasiado limpo e arrumado sugerindo que nada acontece naquela estação. Na “Ode Triunfal” de Álvaro de Campos assistimos a um elogio à civilização e à técnica (v.5) feito por alguém num estado febril (v.2) que nos dá sinais de alucinação face ao espanto com a novidade que tanto ama (v.26 e 27).

Estamos, pois, perante duas visões antitéticas da Modernidade e do avanço tecnológico.
Bibliografia e Siteografia:
STRAND, Mark, “Hopper”, The Ecco Press: New Jersey, 1994
http://pt.wikipedia.org/wiki/Fernando_Pessoa (5.Abril.2009)
http://pt.wkipedia.org/wiki/Edward_Hopper (5.Abril.2009)
http://newworldencyclopedia.org/entry/Edward _Hopper (5.Abril.2009)
http://www.artchive.com/artchive/H/hopper.html (5.Abril.2009)
http://home.dbio.uevora.pt/~oliveira/Artes/OdeTriunfal.htm (5.Abril.2009)
Nádia Canceiro nº36265 - Estudos Norte-Americanos

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Edward Hopper | Joseph Brodsky




"Room in Brooklyn"
1932
(óleo sobre tela, 29x34)



I said fate plays a game without a score,
and who needs fish if you've got caviar?
the triumph of the Gothic style would come to pass
and turn you on--no need for coke, or grass.
I sit by the window. Outside, an aspen,
When I loved, I loved deeply. It wasn't often.

A loyal subject of these seconde-rate years,
I proudly admit that my finest ideas
are second-rate, and may the future take them
as trophies of my struggle against suffocation.
I sit in the dark. And it would be hard to figure out
which is worse; the dark inside, or the darkness out.



Edward Hopper (1882-1967), pintor norte-americano mais lembrado pelas suas misteriosas representações realistas da solidão na contemporaneidade.
Nascido em Nova Iorque, Hopper estudou arte comercial e pintura na cidade de Nova Iorque. Um dos seus professores, o artista Robert Henri, encorajava os seus estudantes a usar suas artes para "fazer um movimento no mundo". Henri, uma influência para Hopper, motivou estudantes a fazerem descrições realistas da vida urbana. Os estudantes de Henri tornaram-se artistas importantes, tornaram-se também conhecidos como a Escola de Ashcan de arte norte-americana. Hopper continuou a pintar até à sua velhice, dividindo seu tempo entre a Cidade de Nova Iorque e Truro, Massachusetts. Ele morreu em 1967, no seu estúdio próximo do Washington Square Park, na Cidade de Nova Iorque. A sua esposa, a pintora Josephine Nivison, que morreu dez anos depois que Hopper, doou o seu trabalho ao Whitney Museum of American Art. Outros trabalhos importantes de Hopper estão no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, no The Des Moines Art Center, e no Instituto de Arte de Chicago.
Joseph Brodsky (1940-1996) poeta russo, expulso da URSS, naturalizado americano a partir de 1977, recebeu o Nobel da Literatura em 1987. Publicou em russo e em inglês, sendo Peizah a navodneniem (Paisagem Inundada) a sua última recolha em russo (1996). Joseph Brodsky nasceu no seio de uma família judia em Leningrad (hoje Saint Petersburg) filho de um fotógrafo profissional no Exército Soviético. Quando tinha 15 anos deixou a escola e tentou ingressar no "School of Submariners" sem sucesso. Subsequentemente teve vários empregos em hospitais, navios e expedições geológicas. Ao mesmo tempo, Brodsky passou por uma fase auto-didacta, onde aprendeu Inglês e Polaco, adquiriu um profundo interesse em filosofia clássica, religião, mitologia e poesia americana. Mais tarde, ele chega a admitir que adquiria livros onde ele os encontrasse, incluindo no lixo. Brodsky começou a escrever poesia e a fazer traduções em 1957, influenciado e encorajado por Anna Akhmatova. Foi preso em 1963, em 1964 foi acusado de "parastitismo" pelas autoridades soviéticas e mais tarde, em 1972, foi exilado para os Estados Unidos. O poema "I sit by the window" foi escrito em 1971 e faz parte de "Collected Poems in English" publicado em 2000.
A situação em que a sociedade se encontrava durante a Depressão, que está representado no poema de Joseph Brodsky e a representação do quadro de Hopper, em contraste, não podia ser mais evidente. Por um lado uma época negra e caótica por outro uma harmonia e paz presentes na tela.
Podemos relacionar a palavra "darkness" usada por Brodsky com a época negra que se vivia na Depressão, no verso "I said fate plays a game without a score," podemos contrastar com a situação vivida pelas famílias, antes da Depressão todas as famílias tinham acesso a todo tipo de bens, carro, frigorífico, casa, etc, mas a Depressão mudou radicalmente a vida quotidiana, perderam-se empregos, as famílias não tinham dinheiro, etc, "but who needs fish if you've got caviar?" a senhora que está pintada junto a janela mostra o inverso sentido e vivido da Depressão.


Sitiografia:



  • http://www.mgrande.com/weblog/index.php/partosdepandora/comments/seria_hoje_dia_do_seu_aniversario/
  • http://nobelprize.org/nobel_prizes/literature/laureates/1987/brodsky-bio.html
  • http://www.mfashop.com/hoiinbr1.html
  • http://en.wikipedia.org/wiki/Joseph_Brodsky
  • http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Hopper

Israel Vieira
N.º 38976