terça-feira, 26 de maio de 2009

Jasper Johns / Hart Crane

Jasper Johns/Hart Crane



JASPER JOHNS (1930- )

Jasper Johns nasceu em 1930 em Augusta, Geórgia. Após o divórcio dos pais, em 1932 ou 1933, foi educado pelo seu avô paterno que vivia na Carolina do Sul. No inicio dos anos 60, Johns afirmou numa entrevista que começara a desenhar aos três e tinha parado.


Segundo Alan Solomon, o trabalho maduro de Johns começa com a primeira Bandeira, pintada em 1955. O título Bandeira era uma ilusão, pois a bandeira não era real, mas apenas uma representação,um objecto, plano, imóvel e bidimensional. A sua imagem da bandeira americana tornou-se o motivo que mais se identifica com Johns, porque pegou nela, tal como em várias das suas imagens e levou-a através de variações ao longo das décadas que se seguiram.


A confluência da imagem com o campo pictórico ,muito rara na época, intrigou os críticos. Para os observadores contemporâneos, a bandeira parecia juntar dois conceitos e abordagens opostos -original e reprodução, a pintura gestual do Expressionismo Abstracto e a ideia de Marcel Duchamp do ready-made. Os primeiros objectos de Johns -bandeira, alvos, letras e números- eram bidimensionais; para os retratar bastava reproduzi-los. A técnica da encáustica – uma mistura de tinta de óleo e papel de jornal com cera derretida, aplicados sobre a tela – era pouco comum e tornou-se a sua imagem de marca. Usada pela primeira vez na Bandeira, permitia-lhe tornar visível cada pincelada separada e assim, o próprio processo de pintar.


Ao nível dos temas, as bandeiras e os alvos cumpriam ainda uma outra pré- condição básica do seu trabalho. Não só eram “concretos”, como eram “coisas que se vêem mas para as quais não se olha, não são examinadas, e ambas têm áreas definidas que podem ser medidas e transferidas para a tela” explicou Johns a Walter Hopps em 1965. Claro que a bandeira não era um objecto neutro. Em meados da década de 1950, os EUA tinham-se tornado uma potência mundial a nível político e económico. Em Dezembro de 1942, o congresso elaborou estipulações legais detalhadas sobre a utilização pública da bandeira; em 1954, o Dia da Bandeira (a comemoração anual da introdução da bandeira nacional americana a 14 de Julho de 1777), foi celebrado com entusiasmo. No clima político da Guerra-fria, proliferavam as tendências patrióticas; ao longo dos anos, as Bandeiras de Johns foram arrastadas para o contexto político.

Flag,1954,1955


Harold Hart Crane (1899-1932)

Nascido a 21 de Julho de 1899, este poeta inspirou-se nos poemas de T.S. Eliot e as suas obras eram tradicionais na forma e arcaicos a nível de linguagem. Harold Hart Crane nasceu em Garrettsville, (Ohio) , em 1899 e cometeu suicídio ao atirar-se do convés do navio S. S. Orizaba junto à costa da Florida, em 26 Abril de 1932.
A sua educação foi informal. Não acabou o secundário, aos 17 anos convenceu os pais (que se tinham acabado de se divorciar) a deixá-lo ir para Nova Iorque. A maioria dos seus poemas em The Bridge (1930) foi escrita nas Isle of Pines ao largo da costa de Cuba onde a família possuía uma casa de campo para passar férias.
Na poesia de Crane a visão épica da história americana centra-se nos diversos avanços tecnológicos (comboio, metro, avião) que criam a ilusão de conquista do espaço devido á aceleração do consumo do tempo. Crane era também homossexual numa cultura homofóbica e é esse factor que possivelmente torna a suas obras mais complicadas de interpretar pois possivelmente utilizava um estilo mais complexo para codificar questões relativas à sua identidade sexual. Crane assume a importância e qualidade da obra de T.S.Eliot mas não apoia o seu modo escrita, tornando-se o seu objectivo ultrapassar o pessimismo do modernismo com a escrita de Walt Whitman. Em The Bridge (1930), está incluído o poema “Cape Hatteras”, nome de um cabo situado na costa atlântica da América do Norte. Este poema refere a história da América num movimento de expansão decadente, com a perda dos valores tradicionais e o aumento e procura incessante do capitalismo.

The captured fume of space foams in our ears--


What whisperings of far watches on the main


Relapsing into silence, while time clears


Our lenses, lifts a focus, resurrects


A periscope to glimpse what joys or pains


Our eyes can share or answer--then deflects


Us, shunting the labyrinth submersed


Where each sees only his dim past reverse


excerto de "Cape Hatteras" de (1930)


Este excerto do poema de Crane inspirou a obra , Periscope (Hart Crane) de 1963. Neste quadro a composição é dividida horizontalmente em três partes. Sobreposta a estas divisões e localizada no lado direito da tela, existe uma área de tinta, neste caso, uma meia circunferência que começa no canto superior direito e que termina um pouco mais de meio caminho abaixo de cor cinzenta, onde existe uma impressão da mão e braço do artista em tinta preta, sugerindo que as mãos do artista foram as ferramentas para a raspagem. A secção superior é rotulada "RED" com letras de Stencil preto no centro do painel. Há também porções da palavra em cores cinza ao longo da secção. O painel central é tratado de maneira similar, excepto com o rótulo cinza escuro "YELLOW", e a ligeira inclusão do que parece ser manchas vermelhas e laranja pintadas sobre a letra "E." A porção extra visível da palavra é "EY", que resulta da palavra "YELLOW" no revertida, estabelecido ao lado da palavra correctamente ordenada e invertida no lado esquerdo da tela. O último painel é semelhante aos outros dois a nível de estilo e de tratamento, exceptuando o uso da etiqueta "BLUE em cinza claro. O fundo das áreas de cada uma das três secções é totalmente coberto com uma pincelagem rápida e gotejada envolvendo a área de preto, cinzas, branco e com uma distribuição visualmente equilibrada.
Afoot again, and onward without halt,-
Not soon, nor suddenly,-no, never to let go
My hand
In yours,
Walt Whitman----
So----
Nesta última estrofe do poema é possível que Crane quando refere “My hand in yours, Walt Whitman, so , esteja metaforicamente a dar o seu apoio a Whitman. Jasper Johns também pode ter essa intenção: o braço estendido pode ser visto como se Johns estivesse a dar a mão a Crane que admirava e por sua vez Crane dá a mão a Whitman numa união entre artistas que se apoiam.


Sitografia:

www.en.wikipedia.org/wiki/Jasper_Johns
www.artchive.com/artchive/J/johnsbio.html
www.nga.gov/exhibitions/johnsinfo.shtm

Cátia Almeida Nº 37329

4 comentários:

  1. Olá, Cátia:
    Oferece descrição do quadro mas não leitura do poema, que deverá relacionar dialogicamente com o texto visual. A sua introdução sobre Crane traduz frases iniciais da Wikipedia mas não dá uma ideia da obra do poeta. Poderá talvez preparar melhor estes pontos para a apresentação oral amanhã.
    Diana Almeida

    ResponderEliminar
  2. http://www.english.illinois.edu/maps/poets/a_f/crane/hatteras.htm
    espreite!
    Diana Almeida

    ResponderEliminar
  3. Olá Cátia!

    Este quandro é interessante na forma como trata a côr. Primeiro porque o vermelho, o amarelo e o azul, enquanto pigmentos, estão muito presentes na obra deste artista como são exemplos os quadros: Target, 1958; Number Thirteen: False Start e Out the Window, 1959; segundo porque aqui deixam de ter esse carácter material e passam para uma outra dimensão; parece que ao olharmos para o quadro e ao lermos aquelas letras temos tendência a imaginar o que elas nos dizem... a própria côr, tal como a bandeira, o alvo, etc., passa a ter um novo ponto de vista.

    O artista interessava-se, como ele mesmo disse, pelo facto de «uma coisa não ser o que é, de ela se tornar qualquer coisa diferente daquilo que é».. e é isso que vemos na obra dele, o vermelho deixa de ser aqui vermelho e ganha uma outra forma... "A linha de fronteira entre a realidade da coisa pintada e a realidade da pintura esbate-se" (in Arte do Século XX: Pintura, Escultura, Novos Média e Fotografia, Taschen, p.310)

    Em relação à técnica da encáustica é engraçado de ver que, para além de derivar do processo utilizado nos antigos retratos das múmias cópticas, permite ao artista a sobreposição de várias camadas de tinta, que vão conferir à pintura o carácter de um objecto.

    No que toca ao texto não estou a conseguir associá-lo totalmente à imagem...aguardo pela apresentação para compreender melhor esta ligação.

    Boa sorte,

    Inês Carvalho, nº 37101

    ResponderEliminar
  4. Olá Cátia,

    Acho que podias mencionar que o motivo pela qual ele pintou a bandeira deste modo foi devido a ter sonhado com ela, penso que seja um ponto importante pois acaba por fazer parte da inspiração do artista. No que diz respeito ao texto, tal como a Inês, não estou a conseguir relacioná-lo com a foto.De qualquer modo, boa sorte para apresentação.

    Aurélio

    ResponderEliminar