Meshes of the afternoon, Maya Deren & Alexander Hammid
Filme, 16 mm, preto e branco, mudo, 14 min.
“Cigarette papers datebook and tobacco pouch
Life
Ought to be like painting
Still
And literature
A hairless head
Eyes straight
Comma
A flat nose a plane
On the forehead
My portrait
My heart beats
It's an alarm clock
In the mirror I'm full length
My head smokes”
(Still-life portrait, c.1920s)
Pierre Reverdy
Maya Deren (1917-1961), nascida na Rússia e cedo imigrada para os Estados Unidos da América, tornou-se numa figura determinante na história do cinema experimental norte-americano em 1943, quando realizou a sua primeira obra, em conjunto com Alexander Hammid, "Meshes of the afternoon".
O impacto da obra, embora não imediato, acabou por revelar-se notável, tendo vindo posteriormente a ser instituído nas biografias do filme experimental como a película de transição de um velho, disconexo e inexpressivo cinema avant-garde norte-americano para um outro, prolífico e diverso.
A partir de um conjunto de referências europeias, de onde se destacam os filmes surrealistas realizados por Jean Cocteau (Le sang d'un poète, 1930), e Luis Buñuel, em co-autoria com Salvador Dali (Un chien andalou, 1928), Deren construiu uma linguagem fílmica própria. Por oposição à escola cinematográfica que associa a imagem à palavra, presente na maior parte do cinema mudo, a cineasta recorre a um enorme leque de técnicas experimentais, com o objectivo primário de dar corpo a uma experiência que se queria poética e subjectiva.
A aproximação do cinema a outras artes, como a pintura ou a poesia, enquanto expressão do "eu", terá sido o maior contributo deste filme de Maya Deren, abrindo novos caminhos e possibilitando a obra de cineastas como Kenneth Anger ou Stan Brakhage; este último que terá mesmo dito, acerca de Deren: "she is the mother of us all".
Pierre Reverdy (1889-1960) foi um poeta francês. Os seus escritos são associados essencialmente ao movimento cubista, embora tenham exercido a sua influência de forma considerável nos poetas surrealistas, nomeadamente enquanto reinterpretação das linguagens poéticas.
Em "Still-life portrait", destacam-se o ritmo das palavras e a força das imagens, bem como a construção rigorosa. Tal como Maya Deren em "Meshes of the afternoon", Reverdy acopla imagens aparentemente desconexas, numa construção lenta de sentidos que, mesmo no último verso, nunca chegam a ser perfeitamente definíveis.
Em ambas as obras confluem elementos que as aproximam das linhas definidoras do Surrealismo, como é o caso do sonho e da fusão de realidades, em "Meshes of the afternoon", e do ritmo e da imagética ("My head smokes") em "Still-life portrait". No entanto, ambas recusam a ideia fulcral surrealista, o automatismo, ao apresentarem-se como reflexões conscientes sobre as respectivas linguagens artísticas: Deren estuda as possibilidades da narrativa em filme, recorrendo unicamente à imagem para contar a sua complexa e não-linear estória; Reverdy constrói uma poesia controlada e sintáctica, à maneira das pinturas cubistas de Paul Cézanne ou Juan Gris.
Bibliografia
Lowry, Glenn D., MoMA Highlights, Museum of Modern Art, 2004.
Sitney, P. Adams, Visionary film: The american avant-garde 1943-2000, Oxford University Press, 2002.
Kudlácek, Martina. Im spiegel der Maya Deren, 2002.
http://www.bopsecrets.org/rexroth/essays/reverdy.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Pierre_Reverdy
http://en.wikipedia.org/wiki/Maya_Deren
http://en.wikipedia.org/wiki/Experimental_film
http://www.allmovie.com/artist/maya-deren-87527/bio
Autoria: José Bértolo
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarcurioso um dos fios condutores da sequência visual ser uma flor que remete para o quadro de O'Keffee escolhido pela Manuela.
ResponderEliminarproblemática: violência dirigida contra corpo da figura feminina recorrente no Surrealismo.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarA "Oriental Poppy" branca e a banda sonora de influência oriental revelam a presença de uma estética permeada pelo Orientalismo, assim como as silhuetas que lembram sombras chinesas. O branco (da flor) na cultura oriental é simbolo de luto.É também de algumas papoilas que se estrai o ópio que propicia a fuga para uma outra "realidade".
ResponderEliminarA cor branca é também a nível da luz a fusão de todas as cores do espectro, a nível cromático é a ausência de cor. O preto é o oposto, ao nível da luz é a ausência da mesma resultando na ausência de cor e a nível cromático é a fusão de todas as cores.
Quanto à casa como prisão, pergunto, porque razão têm ela (prisioneira)também a chave? E porque razão a faca é apresentada como uma "chave"? Não sei se são questões importantes ou não, mas surgiram.
Quanto aos conceitos de natural e social no contexto da misógenia (no teu comentário)tenho algumas dúvidas, mas talvez o Francisco (curso de filosofia) nos possa esclarecer um pouco melhor acerca do que alguns filósofos dizem acerca da condição humana e do que é o natural e o social.
Por fim há uma coisa que me intriga, principalmente em relação à referência que a prof. fez às papoilas da O'Keeffe e ao teu comentário sobre a obra dela. Veio-me à mente o facto de numa outra aula em que apresentei a obra da O'Keeffe o prof. ter dito que as flores da pintora o "assustavam", e ter-me perguntado se eram ou não representativas do ser feminino. Lembrei-me logo duma crónica do Baptista Bastos, em que um dos seus personagens diz: "A verdade é que os homens têm medo das mulheres." Será verdade. Será por isso que a obra de algumas artistas é mais difícil de compreender, mais complexa?
Também não sei a resposta. Será que no filme que estás a analisar a violência é resultado do medo e que tipo de medo?
Por outro lado Dalí (o surrealista que melhor conheço) pintava Gala, a sua esposa, como se esta fosse um templo, manifestando uma verdadeira adoração por ela.
Uma última questão que surgiu depois de ver o filme foi se existiria alguma relação com a visão do suícidio como uma forma de escape. Não sei, fico à espera da tua apresentação para comprender um pouco mais.
Bom trabalho!
Manuela Fernandes
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTemo que o meu cérebro hoje não esteja plenamente funcional, mas aproveitarei na mesma para responder ao teu comentário. Acho que é interessante faze-lo, torna o trabalho mais dinâmico.
ResponderEliminarBom, antes de mais, é interessante falares no orientalismo. Penso que muita da obra da Deren poderá ser associada à clareza e simplicidade de muita da arte oriental (essencialmente japonesa, cheira-me), embora desconheça se ela possuía algum fascínio especial por essa cultura. Quanto à música do filme, ia referi-lo na apresentação, mas aproveito para o fazer aqui: ela só foi composta e adicionada ao filme em 1959, por Teiji Ito (marido da Deren na altura), que como o nome indica, era japonês. A minha reflexão sobre o filme, aliás, centrar-se-á mais na versão muda, pelo que deveria ter deixado uma nota prévia para os colegas, mas enfim, também não é grave.
Também as referências ao simbolismo da flor branca e, especialmente, ao ópio como fuga para outra realidade, foram muito bem apanhadas. Agradeço.
Quanto ao facto de ela ter a chave, bom, creio que, sendo a casa um símbolo de prisão, e sendo a chave o objecto que possibilita a entrada e a saída dela, talvez ela (a personagem) tenha a consciência de que depende de si livrar-se das suas "amarras" (esta palavra é mesmo foleira, mas pronto, também não é grave). Ela possui a chave, mas não sabe/não consegue utilizá-la. E poderá ser aí que surge o paralelismo da chave com a faca. Não sei. O que gostaria, aliás, era saber o que pensas tu, e os outros colegas, sobre o filme. Porque é claramente um filme aberto, não teria muita lógica eu apresentar uma resolução e dizer "ora tomem lá, é isto", mas discutirmos as várias possibilidades. Muitas vezes escapam-nos coisas que os outros apanham, e vice-versa.
Não me parece que a misoginia possa ser considerada uma característica primária do Homem, enquanto espécie. Se formos pelos filósofos, acabamos no Schopenhauer ou no Nietzsche, que, segundo o que diz no Wikipedia, no artigo "Misogyny", eram claramente misóginos. Dizia o Schopenhauer: "woman is by nature meant to obey". Hum... não me parece muito fiável. Confiaria mais na antropologia, na resolução deste problema (que na verdade até me parece insolúvel, mas ainda assim gosto de acreditar que a misoginia não é natural, e pronto), do que na filosofia. Mas é uma questão muito interessante, que tentarei descodificar no futuro. Mas se o Francisco quiser dar-nos o seu parecer, é lógico que ficaremos todos muito satisfeitos, certamente.
Bom, se os homens têm medo das mulheres... Essa é gira, e difícil. Muito difícil. É uma questão mesmo muito complexa. Eu acho que sim, que muitos homens poderão ter medo das mulheres, e isso terá a ver com a forma como a civilização evoluiu desde muito cedo, com o homem "por cima", tendo gradualmente passado a haver uma maior expressão do género feminino em todas as áreas. A sociedade hoje ainda é machista, claramente, e há toda aquela tensão de, no fundo, sabermos (quase) todos muito bem que uma mulher tem tanto direito quanto um homem a fazer seja o que for, mas a verdade é que não estamos habituados a isso, o que causa perplexidade, que muitas vezes se confunde com o medo. Acontece o mesmo com as questões da raça e da sexualidade, que não têm propriamente a ver com o problema de serem minorias, mas de se desviarem da hegemonia de correntes, com as quais causam fricção (que vai dar ao mesmo, claro, mas há uma certa diferença).
Mas eu não sei nada, nem nunca estudei aprofundadamente este tema, embora me interesse bastante. Enquanto homem, falo por mim, não tenho medo nenhum das mulheres, nem da sua arte, nem de nada. Acho que mulheres e homens, somos todos semelhantes e igualmente óptimos e valiosos. Mas pensando nisso, noto que de facto não tenho como artistas favoritos muitas mulheres. Assim de repente só me lembro da Nan Goldin, ou da Patti Smith, Billie Holiday ou Nina Simone, na música. Também creio que as sensibilidades dos homens e das mulheres são diferentes (não sei se será uma coisa natural ou social, embora tenha lido uns estudos que digam que, biologicamente (e aparte as diferenças óbvias), homens e mulheres são efectivamente diferentes), pelo que talvez daí se explique que os homens normalmente se identificam mais com o trabalho de outros homens, e as mulheres com o trabalho de outras mulheres. Na literatura, por exemplo, não tenho uma única autora que possa denominar como "favorita". E não sou nem um bocadinho misógino (e também não sou um daqueles homens que dizem "e não sou nem um bocadinho misógino", mas depois agem como tal :) ).
Quanto ao Dalí, bom, eu desprezo um bom bocado a obra dele. Costumo dizer que é vomitado de imagens, referências, etc, um vazio muito bem escondidinho por uma capacidade técnica impressionante e invejável. Mas realmente nunca vi a adoração dele pela Gala, mesmo quando era um jovem estudante das artes muito cool e grande amante do Dalí. Considero a maioria das representações que fez dela algo patetas, e toda aquela sua visão dela altamente estereotipada, apenas com o twist do surrealismo-a-la-Dali. Max Ernst, Magritte ou Miró parecem-me bem mais interessantes.
Aliás, eu acho que, muitas vezes, essa "adoração" dos homens pelas mulheres existe no mesmo plano de uma certa misoginia retorcida. Desconfio muito do endeusamento da figura feminina na arte; creio que, quando um homem ama as mulheres, não precisa de endeusá-las, colocá-las num suposto plano superior, como quem diz "coitadinhas, são tão puras, tão perfeitas, tão inúteis". Não digo que aconteça sempre, claro, mas muitas vezes tenho essa sensação. Deve ser a minha veia feminista. eh eh (nunca pensei escrever "eh eh" neste blogue, mas neste caso justificou-se, creio)
E lamento sinceramente ter acabado por descarregar a bílis em cima do Dalí, mas é mesmo aquele tipo que não aprecio mesmo nada. Talvez de facto ele adorasse a sua Gala, e o meu desprezo me tolde a visão e me faça ver as coisas de forma errada. Tudo é possível.
De resto, acho esta troca de comentários muito interessante e produtiva. Eu não planeio analisar a "história" do filme na apresentação, daí ter aproveitado para colocar o meu post com tanto tempo de antecedência, para ver se criava alguma discussão acerca da temática do mesmo, dos símbolos, etc. Agora é ver se ainda surgem mais interpretações, diferentes, sobre o filme.
Agradeço imenso o teu comentário. Levantaste questões muito pertinentes que revelam que viste realmente, com olhos de ver, o filme. Eu acho que fizeste muito bem, porque é um belo espécime (espero que tenhas apreciado; se não, desculpa lá!).
Zé
Gostei muito deste filme. Há algumas interpretações possíveis, no entanto alguns pontos parecem-me bem explícitos. Aqui,trata-se de imagens e símbolos do Inconsciente: Em primeiro lugar, o desdobramento da mulher em várias identidades parece indicar confusão mental e desconforto pessoal. Depois, no seu sonho, a chave ligada à vida doméstica e ao casamento é igualada a uma faca, sugerindo assim a relação como fonte de violência. No entanto, a mulher que sonha vai ser atacada por uma imagem de si própria. Por si própria, não pelo marido, que acaba por a despertar. Assim, a violência no casamento acabaria por ser psicológica, havendo um medo de perda de identidade por parte da mulher.
ResponderEliminarDe resto, o texto complementa bem o filme, com a sua referência ao possível desdobramento no espelho.
Eurico Matias, nº36402
Curioso como dizes que há pontos bem explícitos, e depois surges com uma interpretação que não tinha aqui surgido ainda. E confesso que não tinha pensado nas coisas sob esse prisma, daí estar francamente satisfeito por teres comentado.
ResponderEliminarA minha visão do filme, que não vou esmiuçar, porque já está explicada em comentários anteriores, é mais geral (ou seja, sempre olhei mais para o filme como uma espécie de alegoria da posição da mulher na sociedade, e dos efeitos disso nela), mas tu levaste o filme para um campo mais particular. Viste o que está ali, o que há de particular e único naquela situação. Isto é muito interessante, porque eu sempre olhei para o marido como uma espécie de símbolo, e não como uma personagem, um corpo numa história. Engraçado como, por vezes, estamos tão apegados às nossas ideias que se torna difícil abstrairmo-nos e olhar as coisas de outra forma. É por isto que me parecem realmente interessantes estas trocas de comentários aqui no blogue.
Quanto à relação com o texto, confesso que não pensei muito nisso. A minha escolha do texto teve por base a sua ligação ao movimento cubista, com alguns laivos de surrealismo. Como disse, a minha reflexão acerca destas duas obras terá como ponto central o Surrealismo. Associá-las-ei primeiramente a ele, para depois, centrando-me nas suas especificidades (especialmente do filme), as afastar desse movimento. É assim que planeio gastar os meus 10 minutos.
Mas o que dizes é muito interessante, e ainda bem que o referes, porque despertaste-me para essa falha no meu raciocínio. Mesmo não me centrando nisso, no meu trabalho, convém sempre termos uma visão pluridimensional (epá, tá boa, esta) do objecto de trabalho, para podermos manobrá-lo mais à vontade.
Agradeço o teu comentário, e fico contente por teres gostado do filme. É que um tipo até se sente mal, se põe os outros a ver um filme, e depois eles não gostam.
Zé
Está claro que o marido é fundamental nesta história, porque é ele que provoca todo o conflito interior da personagem feminina. Ela precisa dele (nem que seja só físicamente) e sente-se culpada por isso.
ResponderEliminarEurico
Desculpem, só hoje vim ler os posts.
ResponderEliminarRespondendo aos comentários: Acho que Nietzsche, mais do que Schopenhauer, chega a ser rude. Ora veja-se: "A estupidez na cozinha; a mulher como cozinheira; a ausência manifesta de pensamento com que é efectuada a alimentação da família e do dono da casa! A mulher não entende o que significa a comida, e quer ser cozinheira! Se a mulher fosse uma criatura com capacidade para pensar, teria encontrado, sendo cozinheira, já há milhares de anos, os maiores factos fisiológicos e poderia ter-se apoderado da arte da medicina! Através de más cozinheiras, através da completa falta de razão na cozinha, o desenvolvimento do homem foi, durante muito tempo, retardado e prejudicado da pior maneira: hoje, as coisas não estão muito melhor. Um discurso para alunas de colégio.", isto no §323 do Para Além do Bem e do Mal.
No §232 da mesma obra diz: "Mas [a mulher] não quer a verdade; que tem a mulher a ver com a verdade? Desde início nada lhe é mais estranho, mais contrário, mais odioso que a verdade! A sua grande arte é a mentira, a sua questão suprema é a aparência e a beleza."
Desta forma vemos claramente que a mulher é colocada num segundo plano.
Mas no §68 de A Gaia Ciência aparece-nos um homem sábio a dizer: "(...) «são os homens que corrompem as mulheres. E todas as faltas cometidas pelas mulheres devem ser expiadas e redimidas pelos homens; porque é o homem que cria para si a imagem da mulher e a mulher forma-se segundo essa imagem.», «(...) Todos os seres humanos são inocentes relativamente à sua existência, mas as mulheres são-no duplamente.» e termina com «O que é preciso é educar melhor os homens.»
Já o §71 desta mesma obra encerra com: "Em suma, nunca se é suficientemente terno com as mulheres."
Depois temos Espinoza, no Tratado Político, a dizer "(...) pode-se afirmar, em termos gerais, que as mulheres por natureza não têm o mesmo direito que os homens mas que deverão necessariamente ceder aos homens, e também que é impossível que ambos os sexos reinem igualmente e, muito menos, que os homens sejam regidos pelas mulheres. Se além disso, considerarmos os afectos humanos, se reconhecermos que, quase sempre o amor dos homens pelas mulheres não tem outra origem senão o afecto libidinoso, de tal modo que não estimam nelas o engenho e a prudência, mas as qualidades de beleza que têm."
Para além do próprio Aristóteles que afirma: "A fêmea é um macho mutilado." Acho que esta diz quase tudo, mas ainda posso citar outra: "Mas a fêmea, enquanto fêmea, é passiva, e o macho, enquanto macho, é activo, e o princípio de movimento vem dele". A mulher aparece aqui como mero receptor.
É claro que a forma como os filósofos viram a mulher não se esgota aqui, mas também nem todos viram a mulher desta forma. Se é verdade que Aristóteles acaba por dizer que a mulher não é tão racional quanto o homem, também é verdade que filósofos como Peter Singer vêm dizer o contrário. Mas para não deixar a discussão só para os homens, talvez seja interessante ler Hannah Arendt ou Rosi Braidotti ou Evelyn Fox Keller, por exemplo.
Antropologicamente, o filósofo John Zerzan também diz umas coisas interessantes no livro Futuro Primitivo, como por exemplo que a mulher só passou a ser pensada como tendo um papel secundário muito recentemente.
É claro que é necessário contextualizar as citações, não posso dizer que era exactamente isso que eles pensavam. Até porque Nietzsche tinha uma relação algo atribulada com duas figuras femininas e Espinoza também teve uma experiência semelhante etc, o que os pode ter influenciado de alguma forma.
Felizmente, não me parece que a fêmea seja um macho mutilado. E a filosofia fazemo-la nós.
Espero ter ajudado! Também posso indicar alguma bibliografia sobre o tema, já que o curso de filosofia tem uma cadeira opcional chamada Filosofia do Género, onde aborda esta problemática com alguma profundidade.
Boa sorte na apresentação, Zé. O tema não podia ser melhor.
Bom, como disse, só vi hoje estes dois últimos comentários.
ResponderEliminarA tua intervenção foi excelente e muito útil, Francisco, e, como também já te disse, agradeceria (eu e mais gente, certamente) que fornecesses essas referências bibliográficas, porque este é mesmo um daqueles temas bem bons, que vale a pena explorar.
q discussão tão interessante, alunos queridos!
ResponderEliminar+ noto que idealização (caso surrealismo, por exemplo "Nadja" do Breton e Dalí com sua mulher) é uma estratégia sexista. veja-se tb "Southern Belle" na cultura dos EUA...
Diana