domingo, 19 de abril de 2009

Dorothea Lange e Francis Scott Key



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"Dust storm at this War Relocation Authority center where evacuees of Japanese ancestry are spending the duration."
Picture by Dorothea Lange, Manzanar, CA, July 3, 1942


"The Star-Spangled Banner" de Francis Scott Key
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"Oh, say, can you see, by the dawn's early light
What so proudly we hailed at the twilight's lasted gleaming?

Whose broad stripes and bright stars, through the perilous fight,

O 'er the ramparts we watched, were so gallantly streaming.

And the rockets` red glare, the bombs bursting in air,
Gave proof through the night that our flag was still there.
Oh, say, does that star-spangled banner yet wave

O'er the land of the free and the home of the brave?"



Ano 1942, após do ataque a Pearl Harbor pelos japoneses. Época negra para o mundo devido à Segunda Guerra Mundial que ainda decorria (1939 – 1945), e que trouxe grandes perdas aos E.U.A. e ao mundo.

O ambiente que se vivia nos E.U.A. era de grande conflito entre os Americanos/Aliados e os membros pertencentes ao Eixo, principalmente com os japoneses. Foram criados vários campos para “internar” todos os japoneses que viviam nos Estados Unidos da América. Os japoneses eram vistos como perigo nacional, e suspeitos. Foram proibidos de viver entre os cidadãos Americanos. Foi uma fase de grande Americanismo e orgulho pela pátria. Em várias fotografias de Dorothea Lange nós conseguimos distinguir esse orgulho americano (foto exemplo).

Esta fotografia - “Dust storm at this War Relocation Authority Center where evacuees of Japanese ancestry are spending the duration” – é um desses casos de patriotismo, com a bandeira situada exactamente no centro da fotografia. Esta fotografia foi tirada num dos centros de concentração no estado da Califórnia – Manzanar. Estes campos tinham condições primitivas, com falta de privacidade e filas intermináveis para as refeições míseras que recebiam (arroz e vegetais cozidos, visto que carne era escassa). Porém, toda esta adversidade, nestes campos vivia-se em comunidade. Eram os próprios que viviam lá quem tornou estes campos em pequenas aldeias com tudo o que poderiam necessitar – barbeiros, sapateiros, agricultores (que plantavam os tradicionais vegetais orientais a que estavam habituados, chegando mesmo a recriar rebentos de soja e tofu). Nós temos esta percepção de comunidade na fotografia, com as tendas todas colocadas ao lado umas das outras, parecendo uma vizinhança normal americana.
Hoje em dia, o que outrora foi uma prisão, um castigo para um nobre japonês em busca do “American Dream”, é agora uma marca memorial – National Historic Landmark and National Historic Site.
Ao observar a fotografia e o simbolismo que esta acarreta, lembrou-me, imediatamente, o hino nacional dos Estados Unidos da América, que, antes de ser uma música, fora um poema escrito por Francis Scott Key. O poema foi escrito em 1814, depois de Key testemunhar o bombardeamento de Fort McHenry, em Baltimore (Maryland) pela frota britânica (Royal Navy), em Chesapeake Bay, durante a guerra de 1812. Key testemunhou e transcreveu o que viu num poema, mostrando o que passou e sentiu naquela longa noite. O símbolo do poema anda à volta da bandeira de 15 riscas e 15 estrelas, carregado de orgulho, visto que esta aguentou uma noite de terror, assim como a nação. Esta bandeira que, outrora, abanava pelo Fort McHenry, agora abana pelo país. A importância da bandeira, que é ainda hoje comprovada, mostra-nos a nação que para Key, nasceu no dia 15 de Setembro de 1814, quando observou que a bandeira estava lá.

Sitografia:






Sílvia Cachaço nº 37 287
Estudos Norte-Americanos

6 comentários:

  1. Silvia, li o teu trabalho ao som do Hino e até fiquei com a sensação (durante alguns segundos)de ser Americana!

    Creio que o espírito de Patriotismo Americano, como "a terra prometida", "somos abençoados por Deus", nunca vai desaparecer.

    Fiz uma pesquisa no Google sobre a Dorothea Lang (confesso que não conheco o seu trabalho) e parece-me que ela dá uma dupla noção da América: contrastes entre ricos e pobres que sofreram com todo este cenário de guerra, mas que afinal têm todos algo em comum - o enorme patriotismo.

    Encontrei este site

    http://www.shorpy.com/great-depression-photos?page=1

    que engloba uma série de fotografias da Dorothea Lang sobre o tema "A Depressão" (Crash da Bolsa).

    Com base neste assunto, sugiro os filmes realizados por Clint Eastwood "Flags of our Fathers" e "Letters From Iwo Jima".

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  2. Ao longo da História dos EUA o patriotismo dos americanos tem sido muito marcado. Umas vezes pela positiva e outras pela negativa. O patriotismo ajuda-os sem dúvida a vencer os obstáculos que lhe são impostos. Sempre o fizeram e penso que sempre o farão, faz parte do que é ser " a real american". No entanto esse patriotismo é também aquele que os isola dos resto dos povos e por vezes os faz ser muito "narrow minded". Sou no entanto "adepta" do patriotismo e penso que todos os povos deveriam seguir o exemplo dos EUA. Agora um pequeno desvio do meu comentário, não fazia a minima ideia que o hino tinha sido antes um poema. Realmente é um poema/hino fantástico e espelha muito bem a alma americana capaz do bom e do mau. Dorothea Lange é uma fotógrafa maravilhosa, eu própria pensei fazer o meu trabalho sobre uma foto dela.

    Liliana Matias nº 36261

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  3. Também admiro o espírito empreendedor americano, a sua obstinação em resolver os problemas e em não se renderem perante nada, mas parece-me que aqui está bem patente algo que me assusta no espírito "patriótico". Aqui vejo um reflexo do que se passava na Europa naquela altura a atitude xenófoba e medrosa de que o perigo provém de uma étnia ou de um povo em especial. Não sei se já pensaram nisso mas o racismo americano têm muitas semelhanças com a filosofia nazi de pureza racial que levou não só a campos de concentração, que não foram invenção nazi, mas ao extermínio em massa do perigoso "inimigo" racial, religioso e financeiro. Durante a guerra civil americana os próprios americanos criaram campos de concentração para deter os soldados inimigos capturados, ou seja, deixaram os seus compatriotas morrer de fome e doença, por isso esta cruel forma de detenção não é fruto da mente perversa de um ditador nazi, é fruto também de um patriotismo pouco calibrado por valores de respeito pelo próximo e pela sua dignidade intrínseca.

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  4. na continuidade da discussão da aula, alerto para a necessidade de problematizar a ideologia do patriotismo, assente no pressuposto da distinção entre "nós" e "o outro"... + implicações na actualidade política
    Diana

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  5. Sílvia: n se esqueça de corrigir aqui no post referência inicial a Pearl Harbor!
    Diana

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  6. Sílvia: Seu colega André corrigiu esta questão do contexto e eu confirmei agora mesmo. Ataque a Pearl Harbour deu-se de facto a 7 Dez 1941, pelo que a sua análise estava correcta. Peço-lhe, pois, que corrija novamente o seu post, está bem? Isto é uma roda viva!
    ....
    Diana

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