Thomas Hart Benton nasceu em 1889, em Neosho, Missouri. É considerado, ao lado de Grant Wood, um dos
representantes do movimento Regionalista. Após a sua formação inicial, Benton
estudou na Europa, onde começou por adotar técnicas modernistas. Porém, durante
a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o artista transformou o seu ponto de
vista, encontrando o tema a que se viria a dedicar daí em diante: a vida
quotidiana Americana. Este momento de autodescoberta adveio da extensiva observação
e representação de cenas do dia-a-dia enquanto trabalhou como desenhador para
a Marinha dos Estados Unidos da América. A obra por nós selecionada, Steel, pertence a uma série de painéis executados entre 1930 e 1931. Benton manterá este
estilo até ao fim da vida, tendo morrido, aos 85 anos, no início de 1975.
James Mercer Langston Hughes
nasceu em 1902, em Joplin, Missouri. Este poeta afro-americano
é conhecido pelo seu estilo democrático, utilizando uma linguagem acessível e
focando-se em temáticas como o racismo e a economia capitalista. O poema que vos
trazemos intitula-se “Steel Mills” e foi escrito por volta de 1916 (não nos foi
possível encontrar a data específica), durante a adolescência de Hughes, tendo sido inspirado naquilo que este observou, em primeira mão, na fábrica de metalurgia onde
o padrasto trabalhava.
Decidimos estabelecer um diálogo
entre estes textos (visual e verbal) pois situam-se num mesmo período histórico
e representam uma realidade comum: a industrialização dos Estados Unidos da
América. Com influência maneirista (evidente no uso de traços serpenteantes para representar o corpo humano), Benton pinta as tarefas quotidianas numa fábrica de metais.
Nesta representação, o esforço humano é louvado e evidenciado através da figura
masculina principal no painel (para a qual Jackson Pollock, seu aluno na
altura, serviu de modelo). Benton aplaude, assim, o esforço humano na adaptação
à coexistência com a máquina, em particular das classes sociais mais baixas que
executam este trabalho duro.
Em “Steel Mills”, Langston Hughes
descreve precisamente o cenário que Benton retrata no seu painel, com a
diferença de que o discurso de Hughes é um pouco mais negativo face à industrialização,
dizendo que as siderurgias envelhecem precocemente os trabalhadores (vejam a
referência a “old men”). No entanto, também podemos identificar em Steel elementos que alertam para os
malefícios da indústria, o que vem a ser confirmado no último painel da
sequência, Outreaching Hands (que podem consultar nos links abaixo apresentados).
Fontes:
"America Today". Met Museum, https://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/2012.478a-j/. Accessed 15 Apr 2018.
"America Today". Met Museum, https://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/2012.478a-j/. Accessed 15 Apr 2018.
Finocchio, Ross. "Mannerism: Bronzino (1503–1572) And His Contemporaries". Met Museum, 2008, https://www.metmuseum.org/toah/hd/zino/hd_zino.htm. Accessed 15 Apr 2018.
Hughes, James. The Big Sea: An Autobiography. Alfred A. Knopf, 1940.
Theroux, Paul. "The Story Behind Thomas Hart Benton’S Incredible Masterwork". Smithsonian, 2014, https://www.smithsonianmag.com/arts-culture/story-behind-thomas-hart-bentons-incredible-masterwork-1-180953405/. Accessed 15 Apr 2018.
Cláudia Martins
Cristiana Correia
Sofia Calmeiro
Interessante também será aludir às sugestões cromáticas do poema, que parecem ecoar secções do painel de Benton.
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