Edward Hopper (1882-1967)
A Woman in the Sun (1961), óleo sobre tela
101.9 × 152.9 cm.
Whitney Museum of American Art, New York
Na aula de hoje, vimos a obra A Woman in the Sun, de Edward Hopper (imagem em cima). Com este pequeno texto, pretendo propor uma nova linha de leitura para a obra. Segundo o historiador de arte alemão Abby Warburg (1866-1929), nas obras de arte da cultura ocidental é possível verificar a existência de algo que ele nomeia Nacheleben - sobrevivência/continuidade/renascimento de motivos de outros tempos numa nova obra.
Esta obra de Hopper não foge à regra. Ao analisarmos este quadro vemos um quarto, onde se encontra uma mulher, junto a uma cama, virada para uma fonte de luz.
Se abrirmos um livro de História de Arte europeia e folhearmos um pouco, rapidamente encontramos quadros onde também é possível encontrar um quarto, com uma mulher, junto a uma cama, virada para uma fonte de luz, como nas imagens que abaixo reproduzo.
Jean Hey (act. 1480-1500)
Anunciação
71.1 X49.2 cm
The Art Institute of Chicago, Mr. and Mrs. Martin A. Ryerson Collection
Fra Angelico (1395-1455)
Anunciação (1437-1446), fresco,
312 X 230 cm.
Museu Nacional de São Marcos, Florença.
Em suma, a obra de Hopper pode ser vista como uma reinterpretação, de um dos principais temas da pintura ocidental, a Anunciação (veja-se Lucas 1: 26-38). Embora a figura feminina de Hopper, nua e a fumar um cigarro, não esteja a olhar para a luz de modo contemplativo, proponho ler o seu quadro como uma Anunciação. Até porque a cor mais utilizada em A Womam in the Sun é o azul, tradicionalmente associada ao manto da Virgem Maria.
Pedro Brum da Silveira, 146108
Interessante a sua proposta de leitura, Pedro. Na verdade, o facto de a figura feminina de Hopper estar nua e a fumar dessacraliza a representação da Anunciação, mas não deixa de lhe conferir um caráter meditativo próprio deste tema.
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