quarta-feira, 11 de abril de 2018

Georgia O'Keeffe & Amy Lowell

Georgia O'Keeffe (1887 - 1986)
Black Iris, 1926
Óleo sobre tela, 91.4 x 75.9 cm
The Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque


"I put your leaves aside,
One by one:
The stiff, broad outer leaves;
The smaller ones,
Pleasant to touch, veined with purple;
The glazed inner leaves.
One by one
I parted you from your leaves,
Until you stood up like a white flower
Swaying slightly in the evening wind.

(...)"

Amy Lowell, "The Weather-Cock Points South" (1919)



Georgia O'Keeffe nasceu em 1887, no Wisconsin,  e é considerada a mais influente pintora modernista estado-unidense. A sua obra é vasta e composta por diversas temáticas, desde ambientes urbanos, flores, representações de ossadas de animais e paisagens do deserto do Novo México.

Entre 1920 e 1950, O'Keeffe realizou pinturas de flores ampliadas, tal como a obra que escolhemos para análise: Black Iris (1926). É aqui evidente a influência da técnica fotográfica, como o enquadramento de detalhes e a ampliação, que nos permitem observar e reparar com mais atenção nos pequenos pormenores da flor. Alguns destes quadros de flores (como é o caso da obra em análise) foram vistos de forma sexualizada pela crítica (essencialmente masculina) que viu nestas flores uma imagem da genitália feminina, análise que a artista sempre negou.

Nesta obra, O'Keeffe representa uma íris através do uso do branco e de vários tons de lilás, que se tornam gradualmente mais escuros até ao centro do quadro, onde se encontra um "buraco negro". Se optarmos por realizar uma leitura sexualizada, Black Iris pode ser vista como a representação dos lábios vaginais e do clítoris e o centro negro simbolizar o mistério associado à sexualidade feminina e o seu caráter intimidante, numa sociedade misógina.

Amy Lowell (1874-1925), no seu poema homoerótico "The Weather-Cock Points South" (1919), também usa a imagem da flor como metáfora da genitália feminina, através de descrições simples e do verso livre, típico do movimento imagista.

Ainda que Lowell nunca tenha confirmado que realmente se refere a uma vulva, e O’Keeffe tenha negado qualquer interpretação sexual das suas pinturas, como acima referimos, podemos considerar que estas obras retratam os órgãos sexuais femininos e aludem ao erotismo.

Fontes:

  • O'Keeffe, Georgia, Black Iris, Met Museum. Disponível em:http://metmuseum.org/toah/works-of-art/69.278.1/ , consultado a dia 7 de abril de 2018
  • Drohojowska-Philp, Hunter, Full Bloom: The Art and Life of Georgia O'Keeffe, 2004. Disponível em:https://books.google.pt/books?id=NQue0FMX1EIC&printsec=frontcover&dq=o%27keeffe&hl=ptPT&sa=X&ved=0ahUKEwil77KD3sTaAhXGPhQKHSbYC3wQ6AEISjAE#v=onepage&q=o'keeffe&f=false , consultado a dia 5 de abril de 2018
  • Robinson, Roxana, Georgia O'Keeffe: A Life, 1989. Disponível em:https://books.google.pt/books?id=_dRU2c1LPcYC&printsec=frontcover&dq=roxana+robinson+georgia+o%27keeffe&hl=pt-PT&sa=X&ved=0ahUKEwj62uj73sTaAhVDaxQKHcT_CB0Q6AEIKDAA#v=onepage&q=roxana%20robinson%20georgia%20o'keeffe&f=false , consultado a 5 de abril de 2018
  • Chave, Anna, "O'Keeffe and the Masculine Gaze", 1990. Disponível em: http://annachave.com/wp-content/uploads/2016/09/Masculine-Gaze.pdf , consultado a dia 5 de abril de 2018
  • Chave, Anna, "O'Keeffe's Body of Art" em Of, For, and By Georgia O'Keeffe, 1994. Disponível em: http://annachave.com/wp-content/uploads/2016/09/Body-of-Art.pdf , consultado a dia 5 de abril de 2018
  • Barson, Tanya, "O'Keeffe's Century" em Georgia O'Keeffe, 2016. Disponível na antologia da cadeira Arte-Norte Americana.
  • Lowell, Amy, "The Weather-Cock Points South", 1919. Disponível em: http://www.poemofquotes.com/amylowell/the-weather-cock-points-south.php

Realizado Por:
Alexandre Pires
Diana Caneira
Joana Dias

2 comentários:

  1. Na leitura proposta, ambas as artistas conferem enorme relevância à anatomia feminina, o que sublinha um tipo de desejo / experiência do erotismo particular.

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  2. Since Georgia O'Keeffe herself was negating the interpretations about the flower as an object of (sexuality and ) femininity, I noticed how interesting it is that we still link these two facts together. Why can't we separate it?
    What if the Black Iris has nothing to do with female pleasure, desire, sexuality power or vulnerability? I wonder what would be an alternative interpretation for the artists piece if we completely ignore all ideas about 'the feminin'...? And (how) can an artist work against the suggested interpretation of a public, that already made up his mind about what to see in a piece of art?

    -Joana da Silva Duering N°152336

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