domingo, 22 de abril de 2018

Andy Warhol e Veronica Forrest-Thomson


Self-Portrait in Drag (1981) - Andy Warhol (1928 - 1987) (9.4 x 7.3 cm)


Mirror, mirror on the wall
show me in succession all
my faces, that I may view
and choose which I would like as true.

Teach me skill to disguise
what’s not pleasing to the eyes,
with faith, that life obeys the rules,
in man or God or football pools.

Always keep me well content
to decorate attitude and event
so that somehow behind the scene
I may believe my actions mean;

that one can exercise control
in playing out a chosen role;
rub clouded glass and then,
at will, write self on it again.

But if, in some unlucky glance,
I should glimpse naked circumstance
in all its nowhere-going-to,
may you crack before I do.

A obra que iremos apresentar é uma Polaroid, Self in Drag (1981) atribuída a Andy Warhol e que se integra no projecto 'Altered Image', realizado em conjunto com o fotógrafo Christopher Makos. Trata-se de uma série de 349 fotografias tiradas ao longo de dois dias em que o artista se apresenta em drag (mais sobre a série).
Warhol foi artista, produtor e realizador, sendo uma das maiores figuras proeminentes e representativas do movimento da Pop Art nos Estados Unidos. O seu estúdio em Nova Iorque, The Factory, tornou-se um local de convívio icónico e um ponto de encontro para outros artistas, intelectuais, músicos e celebridades. O artista ficou também conhecido pela sua produção em massa nos anos 1970, pelo seu envolvimento em projectos como Andy Warhol’s Fifteen Minutes, o seu programa de televisão na MTV, pela sua participação no álbum da banda Velvet Underground e pela promoção de novos artistas, como Jean Michel Basquiat e Keith Haring, entre outros. 

Escolhemos esta fotografia porque nela convergem vários aspectos recorrentes em toda a sua obra; contudo, a imagem não obedece ao ideal da massificação da obra de arte, mostrando assim, uma nova perspectiva em relação à produção warholiana. Nesta imagem, podemos ver aspectos como a ideia de repetição, a concepção de ícone e o desafio do conceito e limites de género (que serão expostos e posteriormente desconstruídos na nossa apresentação). A fotografia capta a capacidade de brincadeira e de experimentação com a artificialidade (multiplicidade das máscaras). Nesta imagem é também visível uma confissão da vulnerabilidade do próprio artista, que expõe os desafios inerentes a esta constante metamorfose individual. Esta conceptualização da imagem fotográfica pode ser também avaliada de um ponto vista contemporâneo, tal como é feito pelo colaborador do projecto, Christopher Makos, que afirma o seguinte a este respeito: “ I see in these images openness and vulnerability and Andy's need to express himself. These were parts of Andy that he rarely exposed in public, but I remember them well”.

O poema de Veronica Forrest-Thomson (1947-1975) estabelece uma ligação directa com o tema e a questão da construção da identidade pessoal e da possibilidade de existência de múltiplas imagens. Durante muito tempo a sua produção lírica e critica era praticamente desconhecida do grande público (apesar de a autora ter recebido vários prémios). Actualmente Forrest-Thomson é considerada no meio académico, pois em poemas como "Through the Looking Glass" trata as questões de género de uma forma simples e directa. "Mirror, mirror on the wall”(v.1) poderá ser lida como uma referência aos autorretratos de Warhol e às questões que a partir deles se podem levantar, pois, citando novamente Makos — "Definitely these images are about the "man in the mirror.”).

Sugestões de pesquisa:
Cronologia Andy Warhol (MET Museum) 
Peças do artista em Lisboa (Colecção Berardo) 


Sugerimos também, para quem tenha interesse, a sessão do Indie Lisboa no dia 26 de Abril ou no dia 6 de Maio (no cinema São Jorge) sobre o studio 54. Um documentário que relata as histórias das míticas festas da discoteca dos anos 1980 em que Andy Warhol estava também presente (e onde tirou várias das suas polaroids). 

Eleanor Weinel
Francisca Portugal
Joana da Silva

1 comentário:

  1. Grata pela vossa extensa pesquisa, com referência às atuais ofertas culturais em Lisboa. De facto, a obra de Warhol é tão variada e complexa que estamos sempre a aprender coisas novas sobre ele.

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