domingo, 9 de maio de 2010

Um pouquinho de Saint-Exupéry



" A terra ensina-nos mais a nosso respeito do que todos os livros. Porque nos resiste. O homem descobre-se quando se mede com obstáculo. Mas, para alcançar, precisa de uma ferramenta. Precisa de uma plaina ou de uma charrua. O camponês, na sua faina, vai arrancando a pouco e pouco alguns segredos à natureza, e a verdade que liberta é universal. Do mesmo modo, o avião, utensílio das linhas aéreas envolve o homem em todos os velhos problemas.
Tenho sempre diante dos olhos a imagem da minha primeira npoite de voo na Argentina, uma noite escura em que cintilavam isoladas, como estrelas, as raras luzes dispersas na planície.
Cada uma assinalava, neste mar de trevas, o milagre de uma consciência. Neste lar, lia-se, refletia-se, entrava-se em confidências. Neste outro, talvez, procurava-se sondar o espaço, alguém se consumia em cálculos sobre a nebulosa de Andrómeda. Ali amava-se. De longe em longe, brilhavam estas luzes no campo, reclamando o seu alimento.Até as mais discretas, as do poeta, do mestre-escola, do carpinteiro. Mas, no meio destas estrelas vivas, quantas janelas fechadas, quantas estrelas apagadas, quantos homens adormecidos...
É importante que se procure reunir. è importante que se tente comunicar com algumas destas luzes que brilham de longe em longe no campo."

1 comentário:

  1. He is so fascinated by the sky, by the skylines and night. It reminds me another author Stanislaw Lem (polish one, well known after filmed his book "Solaris" by the Steven Soderbergh in 2002, starring Geogre Clooney). In early Lem's works we could see the same fascination, feeling about the earth seeing from the plaine and connections between a light and people's living. And light in the night, of course.

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