quinta-feira, 13 de maio de 2010

Diane Arbus e Oscar Wilde




Texto

“Because you have the most marvellous youth, and youth is the one thing worth having.”
“I don’t feel that, Lord Henry.”
“No, you don’t feel it now. Some day, when you are old and wrinkled and ugly, when thought has seared your forehead with its lines, and passion branded your lips with its hideous fires, you will feel it, you will feel it terribly. Now, wherever you go, you charm the world. Will it always be so?...You have a wonderfully beautiful face, Mr. Gray. Don’t frown. You have. And Beauty is a form of Genius-is higher, indeed, than Genius, as it needs no explanation. It is of the great facts of the world, like sunlight, or spring-time, or the reflection in dark waters of that silver shell we call the moon. It cannot be questioned. It has its divine right of sovereignty. It makes princes of those who have it. You smile? Ah! When you have lost it you won’t smile…People say sometimes that Beauty is only superficial. That may be so. But at least it is not so superficial as Thought is. To me, Beauty is the wonder of wonders. It is only shallow people who do not judge by appearances. The true mystery of the world is the visible, not the invisible…Yes, Mr. Gray, the gods have been good to you. But what the gods give they quickly take away. You have only a few years in which to live really, perfectly, and fully. When your youth goes, your beauty will go with it, and then you will suddenly discover that there are no triumphs left for you, or have to content yourself with those mean triumphs that the memory of your past will make mores bitter than defeats. Every month as it wanes brings you nearer to something dreadful. Time is jealous of you, and wars against your lilies and your roses. You will become sallow, and hollow-cheeked, and dull eyed. You will suffer horribly…Ah! Realise your youth while you have it. Don’t squander the gold of your days, listening to the tedious, trying to improve the hopeless failure, or giving away your life to the ignorant, the common, and the vulgar. These are the sickly aims, the false ideals, of our age. Live! Live the wonderful life that is in you! Let nothing be lost upon you. Be always searching for new sensations. Be afraid of nothing…A new Hedonism-that is what our century wants. You might be its visible symbol. With your personality there is nothing you could not do. The world belongs to you for a season…The moment I met you I saw that you were quite unconscious of what you really are, of what you really might be. There was so much in you that charmed me that I felt I must tell you something about yourself. I thought how tragic it would be if you were wasted. For there is such a little time that your youth will last-such a little time. The common hill-flowers wither, but they blossom again. The laburnum will be as yellow next June as it is now. In a month there will be purple stars on the clematis, and year after year the green night of its leaves will hold its purple stars. But we never get back our youth. The pulse of joy that beats in us at twenty becomes sluggish. Our limbs fail, our senses rot. We degenerate into hideous puppets, haunted by the memory of the passions of which we were too much afraid, and the exquisite temptations that we had not the courage to yield to. Youth! Youth! There is absolutely nothing in the world but youth!”

Oscar Wilde, The Picture of Dorian Gray


Biografia de Diane Arbus

Diane Nemerov Arbus, nasceu a 14 de Março de 1923, em Nova York. Era filha de um casal judeu de Classe Alta. Diane viveu uma infância protegida.
Em 1941, com 18 anos de idade, casou-se com o seu namorado Allan Arbus. Tiveram duas filhas.
Diane e Allan eram apaixonados pela arte da fotografia. Diane Arbus começou a fotografar com o seu marido Allan. Depois de se separar, aprendeu com Alexey Brodovitch e Richard Avedon.
No início, Diane foi trabalhar como fotógrafa de anúncios comerciais, para a empresa do seu pai. Em 1946, com o fim da Segunda Guerra Mundial, o casal iniciou um negócio de fotografia chamado “Diane & Allan Arbus”. Diane era directora de arte e Allan fotógrafo. Trabalharam para revistas como Glamour, Harper`s Bazaar, entre outras. Em 1956, Diane Arbus encerrou o negócio de fotografia. Em 1960, Diane e Allan separam-se. Embora Allan continua-se a ser um importante suporte emocional.
No início dos anos 60, deu inicio à carreira de fotojornalista e publicou para Esquire, The New Yourk Times Magazine, Harper`s Bazaar e Sunday Times, entre outras revistas. Por esta altura, escolheu uma máquina Reflex de médio formato Rolleiflex com dupla objectiva, em decremento das máquinas de 35mm. Entram também em cena os flashes em fotografias tiradas de dia. O objectivo era separar o essencial do acessório.
Com duas bolsas de Guggenheim, permitiram a Diane desenvolver melhor um trabalho de autor, que mostrou pela primeira vez, em 1967, no Museum of Modern Art, Colectiva New Documents.
Nos últimos anos da sua vida fotografou pessoas com deficiências mentais. Diane Arbus mantinha um forte relacionamento pessoal com os seus modelos fotográficos e fotografava alguns deles durante muito anos seguidos.
Em Julho de 1971 suicidou-se ao tomar barbitúricos e cortou os pulsos.
O catálogo da exposição de retrospectiva que o curador John Szarkowski concebeu, em 1972, tornou-se num dos maiores livros de fotografia. Desde então, foi reimpresso 12 vezes e vendeu mais de 100 mil cópias. No mesmo ano, Arbus tornou-se a primeira fotógrafa americana a ser escolhida para a Bienal de Veneza. As suas fotografias foram descritas como “uma conquista extraordinária” e “a sensação do Pavilhão Americano”.
Diane Arbus fotografou essencialmente pessoas à margem da sociedade e pessoas comuns em poses e expressões enigmáticas.


Biografia de Oscar Wilde

Oscar Wilde, nasceu em Dublin em 16 de Outubro de 1854. Era filho de um medico, Sir Willian Wilde e uma escritora, Jane Francesca Elgee, árdua defensora do movimento da independência Irlandesa, fazendo com que desde criança Oscar Wilde estivesse sempre rodeado pelos maiores intelectuais da época.
Estudou na Faculdade de Trinity em Dublin e depois na de Magdalen, em Oxford, onde ganhou o prémio Newdigate com o seu poema Ravena (1874). Depois de terminar os estudos, instalou-se em Londres. Com o seu talento e encanto pessoal em breve se destacava no mundo literário londrino como ensaísta e poeta.
Depois da publicação do seu primeiro livro de poesia Poemas (1881), viaja até aos Estados Unidos. É convidado para dar uma palestra sobre o seu recem criado movimento estético, onde se tornou o principal divulgador das ideias de renovação moral.
Depois de dois anos em Paris, explorando todo o mundo literário Francês, casa com Constance Loyd de quem tem dois filhos.
Entro 1887 e 1889, dirige a revista feminina The Woman`s World. Deste período fazem parte os seus contos reunidos em O Príncipe Feliz, os dois volumes de Crónicas e histórias O Crime de Lord Arthur Saville e Uma Casa de Romãs e o seu único romance O Retrato de Dorian Gray. Esta ulyima obra retrata a decadência moral humana. Fez com que Wilde tornar-se mais admirado e famoso.
Durante o período de 1892 e 1895, foram levados à cena algumas das suas peças. Por exemplo, O Leque de Lady Windermere, Uma Mulher sem Importância e Um Marido Ideal. A peça Salomé, escrita em francês, foi representada em Paris por Sarah Bernhard e posterioemente traduzida para inglês por Lord Alfred Douglas. O pai deste, Marquês de Queen-Berry, desaprovando a estreita amizade do filho com Wilde e insultou publicamente o escritor. Isto iniciou uma serie de acontecimentos que levaram à condenação de Wilde por homossexualidade. Permaneceu dois anos preso na colónia penal de Reading, onde escreveu uma longa carta a Lord Alfred, publicada em parte em 1905 com o título De Profundis.
Ao sair da prisão, arruinado, viu-se reduzido a viver de caridades dos amigos ou em hotéis baratos, em Itália e em França. Aqui escreverá a sua obra famosa A Balada do Presídio de Reading (1898), inspirada na sua experiencia na prisão. No exílio adoptou o nome Sebastian Memoth.
Morreu em Paris em 1900 com uma meningite.

Relação Fotografia/Texto

Na fotografia Puerto Rican Women With Beauty Mark, 1965, NY, Diane Arbus representa a realidade da beleza do “outro” (o imigrante).
Diane Arbus transmite uma beleza incomum através das suas fotografias. É o apreciar a beleza incomum de um corpo numa sociedade obcecada pela perfeição física.
A fotografia desta imigrante mostra o corpo excluído na sociedade em que vive. O “corpo diferente” de todos os outros.
Como Diane Arbus, o escritor, Oscar Wilde, no seu romance The Picture of Dorian Gray, critica, de forma irónica e trágica, a obsessão do homem pela beleza.
Wilde brinca com o tema da superficialidade na nossa cultura, o vício moderno com a moda e com o que é belo é, inquestionável e aprovado por todos nós.
No livro de Wilde, Dorian Gray é a personagem ligada ao ideal Grego de beleza. Este fica apaixonado pela supa própria aparência e deseja loucamente nunca perde-la.
O querer ser belo eternamente, está também presente no próprio modelo de Diane Arbus. Como o título indica, “Beauty Mark”, é como que o não aceitar a passagem do tempo, é como se fosse o pacto para uma beleza eterna, o não aceitar a passagem do tempo no seu corpo. A maquilhagem exagerada é, talvez, um recusar, desta mulher, os seus verdadeiros traços físicos.
Diane Arbus e Oscar Wilde, através das suas artes, fazem uma critica dirigida directamente à sociedade, que é em tudo superficial.


Bibliografia

Wilde, Oscar. The Picture of Dorian Gray. Penguin Popular Classics, 1994

Sitografia

http://www.jewishvirtuallibrary.org/jsource/biography/arbus.html
http://www.google.pt
http://www.wikipedia.com
http://www.youtube.com


Patrícia Gonçalves nº 37918
Línguas, Literaturas e Culturas-Estudos Ingleses

8 comentários:

  1. Não estou certa se consegui transmitir com clareza o que pretendia. Aguardos os vossos comentarios ihih :)
    Como trabalho ao fim de semana, apenas vou conseguir responder no domingo à noite.

    Um bom fim de semana para todos :)

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  2. Olá Patricia,


    “The true mystery of the world is the visible, not the invisible…” - esta tão repetida citação serve bem o trabalho de Arbus. Dar a ver um tal mundo, pelos seus (tais) olhos. Concordo contigo que esta mulher muito maquilhada, quase facialmente ‘mascarada’ tem algo a dizer sobre o mundo da beleza e das pressões sobre a imagem. Contudo gostava, se possível, de desafiar a tua interpretação dos dois textos que apresentas. Arbus ao apresentar esta mulher, tal como as pessoas com deficiências ou anões, não quererá dar um abanão à sociedade da imagem e não competir com na ela, na medida de não apresentar os seus modelos como ‘pessoas bonitas’, mas como pessoas que existem, e têm uma existência paralela, mas cheia? Esta mulher não é superficial. Ela quer é forte. A composição da fotografia assim o diz: o véu preto, o cabelo, o enquadramento da sua cara no lado esquerdo, o fundo neutro. A expressão dela, de horror, alucinada? Não estou a ver Arbus a querer esta foto a competir com uma modelo gira e bem vestida…

    Quando a Wilde não acredito (posso estar muito errada) que este seu livro, em especial, é uma critica à sociedade das aparências e da imagem. Ele não está a brincar com o desejo e júbilo de uma juventude eterna – penso que ele fala muito a sério pela boca do Lord Henry. Hoje em dia poderá ser interpretado como o sugeres, sim talvez…mas assim perde toda a ‘piada’ e originalidade de Wilde.

    Assim poderia dizer que tantos Arbus como Wilde revelam outros ‘paradigmas’, opções, outros mundos quando se fala de aparência física, experiência corporal em interacção com um mundo… Arbus dá a conhecer estas pessoas silenciadas. Wilde dá a conhecer uma outra realidade da beleza, e como esta se serve do artifício da arte para perpetuar-se.

    Lembro o filme, Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus (2006).
    Lembro também os excelentes comentários que Susan Sontag faz à obra de Arbus no livro On Photography.


    Bom trabalho!

    Maria Carneiro (nrº35164)

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  3. Boa tarde, Patricia!,

    Acho que tenho de sublinhar o comentário da Maria em dois aspectos:
    Arbus procura, sobretudo, - e como tu própria referes na biografia - captar a imagem de pessoas à margem da sociedade e pessoas normais, absolutamente comuns, em poses ou expressões menos habituais. Assim, e observando a fotografia-objecto de estudo, vejo muito mais essa ruptura com a pose, com a expressão preocupada com a câmara, do que propriamente uma crítica à beleza - atrevo-me a dizer que nada tem a ver com beleza enquanto ideal, bem como, no fundo, no texto de Wilde. Dorian não estava preso à sua beleza - pelo menos não totalmente. A preocupação de Mr. Gray reside na juventude, aquela que Basil Hallward tanto exaltou, tornando-a arte e intemporal; a mesma juventude que Lord Henry tratou de fomentar em Dorian, uma fase de fulgor efémera que deveria ser aproveitada em pleno pelo belo jovem.

    E contra a ideia que apresentas, refiro apenas que para "crítica" à perspectiva da beleza na sociedade, só posso sublinhar que o Wilde até deu uma boa ideia dela: realmente, a beleza de Gray só lhe abriu portas, das boas ou das más, e o resto das personagens do texto não fez mais que o adorar - não vejo onde está o trágico nisso. O que tornou trágico o destino dele, foi a eterna juventude que terá deixado de fazer sentido, ... (entre muitas outras possíveis leituras).

    Espero ter ajudado,
    Bom trabalho!,

    Sérgio Ribeiro, 37109

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  4. Patrícia,
    Excelentes escolhas. Acho muito curioso o facto da Arbus ter trabalhado tantos anos (10?), como fotografa de moda. Poderia dizer-se que ela desistiu do modelo "só corpo", para o corpo com história, com vida...

    Catarina Ramalho
    Nº37682

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  5. Esta fotografia de Diane Arbus é hipnotizante!

    Acho muito interessante a analogia que fazes entre texto e imagem. É, de facto, neste corpo obsessivamente jovem que se relacionam. Temos, por um lado, um texto caracterizado pelo seu campo semântico “jovem” (contei nove “youth” neste excerto!) e, por outro, uma mulher com marcas de “mecanismos de beleza” (also known as maquilhagem) altamente disfuncionais, embora igualmente obsessivos. Convenhamos que a espessura daquelas sobrancelhas é algo perturbadora!...

    Já agora, aproveito para reafirmar a sugestão da Maria! Fur: An Imaginary Portrait of Diane Arbus (2006) é tão interessante e peculiar como a própria artista!

    Boa sorte, Patrícia! Gosto muito de teu trabalho :)

    Ana Luís
    nº37852

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  6. Olá Patrícia.
    Patrick Marber tem uma citação muito curiosa que, para mim, complementa a tua análise: "Time, that little fucker". A passagem do tempo é algo que incomoda os artistas desde muito cedo e o rosto desta mulher apesar de datada no tempo, tem uma expressão intemporal.
    A maquilhagem exagerada a que te referes remete-me para a famosa citação de Eclesiastes: "Vaidade de Vaidades, tudo é Vaidade" assim a mensagem que pretende transmitir é a inutilidade dos prazeres mundanos face à certeza da morte, consoante a passagem do tempo.

    Boa sorte para a apresentação!

    Ana Duarte, nº37092

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  7. Olá colega e obrigado por introduzires o Wilde nas nossas apresentações.

    "A maquilhagem diz-nos mais que o rosto".
    Oscar Wilde

    A artificialidade é um processo natural das pessoas e característica primeira na arte. No universo de Wilde aquilo que é superficial é tudo. A vida é como um baile de mascaras em que cada um se faz representar e aquele que constrói a melhor mascara é o que mais revela sobre si. Todos os corpos despidos, sem qualquer artificialidade inserem-se num padrão em que outros tantos corpos se assemelham, magros, fortes, altos ou baixos… A forma como esse corpo se faz representar é que lhe vai conferir atributos que o distingam dos demais, é que nos vai revelar a atitude da pessoa, a sua delicadeza pode ser identificada no traço dos seus cílios e não na formulação de uma opinião.
    Em relação à fotografia escolhida é interessante verificar que o exagero de maquilhagem, os traços carregados do rosto da mulher e o seu olhar envolvidos no véu negro são a verdadeira beauty mark da fotografia. A escolha da artista por esta foto é mais revelador do seu temperamento artístico que qualquer foto tirada, casualmente, da própria artista.
    (…)
    Boa sorte para a apresentação,
    Saudações,
    Bruno Santos,
    Nº37675

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  8. Pois é gente... Bem bacana a escolha da colega!!!

    A foto só merece uma legenda da obra: "Qual o proveito de um homem, que ganha o mundo inteiro, mas perde a sua própria alma?"
    Concordo muito com o Bruno Santos em relação ao que a própria foto pode revelar sobre a fotógrafa!

    Boa sorte!!!!

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