segunda-feira, 16 de abril de 2018

Thomas Hart Benton e Langston Hughes


Thomas Hart Benton, Steel, Egg tempera with oil glazing over Permalba on a gesso ground on linen mounted to wood panels with a honeycomb interior, 233.7 x 297.2 cm (1930-1931)

    
“Steel Mills”
de Langston Hughes


The mills

That grind and grind,

That grind out new steel

And grind away the lives

Of men,—

In the sunset

Their stacks

Are great black silhouettes

Against the sky.

In the dawn

They belch red fire.

The mills,—

Grinding out new steel,

Old men.



Thomas Hart Benton nasceu em 1889, em Neosho, Missouri. É considerado, ao lado de Grant Wood, um dos representantes do movimento Regionalista. Após a sua formação inicial, Benton estudou na Europa, onde começou por adotar técnicas modernistas. Porém, durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), o artista transformou o seu ponto de vista, encontrando o tema a que se viria a dedicar daí em diante: a vida quotidiana Americana. Este momento de autodescoberta adveio da extensiva observação e representação de cenas do dia-a-dia enquanto trabalhou como desenhador para a Marinha dos Estados Unidos da América. A obra por nós selecionada, Steel, pertence a uma série de painéis executados entre 1930 e 1931. Benton manterá este estilo até ao fim da vida, tendo morrido, aos 85 anos, no início de 1975.


James Mercer Langston Hughes nasceu em 1902, em Joplin, Missouri. Este poeta afro-americano é conhecido pelo seu estilo democrático, utilizando uma linguagem acessível e focando-se em temáticas como o racismo e a economia capitalista. O poema que vos trazemos intitula-se “Steel Mills” e foi escrito por volta de 1916 (não nos foi possível encontrar a data específica), durante a adolescência de Hughes, tendo sido inspirado naquilo que este observou, em primeira mão, na fábrica de metalurgia onde o padrasto trabalhava.


Decidimos estabelecer um diálogo entre estes textos (visual e verbal) pois situam-se num mesmo período histórico e representam uma realidade comum: a industrialização dos Estados Unidos da América. Com influência maneirista (evidente no uso de traços serpenteantes para representar o corpo humano), Benton pinta as tarefas quotidianas numa fábrica de metais. Nesta representação, o esforço humano é louvado e evidenciado através da figura masculina principal no painel (para a qual Jackson Pollock, seu aluno na altura, serviu de modelo). Benton aplaude, assim, o esforço humano na adaptação à coexistência com a máquina, em particular das classes sociais mais baixas que executam este trabalho duro.


Em “Steel Mills”, Langston Hughes descreve precisamente o cenário que Benton retrata no seu painel, com a diferença de que o discurso de Hughes é um pouco mais negativo face à industrialização, dizendo que as siderurgias envelhecem precocemente os trabalhadores (vejam a referência a “old men”). No entanto, também podemos identificar em Steel elementos que alertam para os malefícios da indústria, o que vem a ser confirmado no último painel da sequência, Outreaching Hands (que podem consultar nos links abaixo apresentados).


Fontes:
"America Today". Met Museum, https://www.metmuseum.org/toah/works-of-art/2012.478a-j/. Accessed 15 Apr 2018.

Finocchio, Ross. "Mannerism: Bronzino (1503–1572) And His Contemporaries". Met Museum, 2008, https://www.metmuseum.org/toah/hd/zino/hd_zino.htm. Accessed 15 Apr 2018.

Hughes, James. The Big Sea: An Autobiography. Alfred A. Knopf, 1940.

Theroux, Paul. "The Story Behind Thomas Hart Benton’S Incredible Masterwork". Smithsonian, 2014, https://www.smithsonianmag.com/arts-culture/story-behind-thomas-hart-bentons-incredible-masterwork-1-180953405/. Accessed 15 Apr 2018. 


Cláudia Martins
Cristiana Correia
Sofia Calmeiro 

1 comentário:

  1. Interessante também será aludir às sugestões cromáticas do poema, que parecem ecoar secções do painel de Benton.

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