sábado, 28 de abril de 2018

Eddie Adams _'Saigon Execution'


Feb. 1, 1968, South Vietnamese Brig. Gen. Nguyen Ngoc Loan, chief of National Police, 
fires his pistol at Viet Cong officer Nguyen Van Lem. (Eddie Adams/AP)

No seguimento da aula de quinta-feira, 26 de abril, apresento-vos o fotojornalista Eddie Adams (1933-2004), autor de uma das imagem mais difundidas da Guerra do Vietname. A fotografia, conhecida como Saigon Execution, mostra o momento da execução de um prisioneiro vietcongue, durante o caos da Ofensiva do Tet.

No dia 1 de fevereiro de 1968, Eddie Adams encontrava-se nas ruas de Saigão (hoje, chamada Ho Chi Minh). Apenas dois dias antes, as forças do Exército do Vietname tinham desencadeado a Ofensiva do Tet e invadido dezenas de cidades sul-vietnamitas, controladas pelos americanos e pelas forças que os apoiavam. Enquanto percorria as ruas da cidade, deparou-se com um grupo de soldados que detinham um prisioneiro vietcongue. Sobre este momento, Eddie Adams relembra o seguinte: "I thought he was going to threaten or terrorise the guy, so I just naturally raised my camera and took the picture”. No entantop, como mostra a fotografia, o Brigadeiro General Nguyen Ngoc Loan segura a pistola, enquanto o rosto do prisioneiro se contorce com força da bala a entrar-lhe no crânio. À esquerda, vê-se a expressão de choque de um soldado ao observar o momento da morte do prisioneiro. De acordo com os especialistas em balística, a imagem mostra o microssegundo em que a bala entra na cabeça do homem.  

Inicialmente, o choque levou Eddie Adams a considerar Loan um assassino. Porém, depois de compreender as dinâmicas político-sociais daquele contexto histórico, reformulou a sua opinião, declarando o seguinte: "He [Nguyen Ngoc Loan] is a product of modern Vietnam and his time".

Em maio do ano seguinte, a fotografia ganhou um prémio Pulitzer. Durante a cerimónia de entrega de prémios Adams comentou com ironia amarga: "I was getting money for showing one man killing another (...). Two lives were destroyed, and I was getting paid for it. I was a hero”.

A imagem circulou por todo o mundo, passando a simbolizar (para muitos) a brutalidade e a anarquia da guerra e fomentando o crescimento de movimentos pacifistas, em particular nos Estados Unidos da América. Hal Buell, editor da fotografia de Adams na The Associated Press, diz que Saigon Execution continua a "pesar" na consciência do espetador nos dias que correm. No entanto, ressalta que, através desta experiência, Adams reconheceu o perigo de uma única fotografia poder contar toda uma história; nas suas palavras: "Photography by its nature is selective. It isolates a single moment, divorcing that moment from the moments before and after that possibly lead to adjusted meaning".

Adams teve uma extensa carreira como fotógrafo, ganhando mais de 500 prémios de foto-jornalismo. Apesar de todo trabalho que realizou após a reportagem fotográfica da Guerra do Vietname, foi esta a imagem que marcou a sua carreira. Para concluir, passo a citar as palavras de Adams que, na minha opinião, demonstram bem o poder desta imagem: "Two people died in that photograph (…). The general killed the Viet Cong; I killed the general with my camera".


Sugestão de visualização
  • Autor desconhecido. Eddie Adams Talk About The Saigon Execution Photo. Acedido a 28 de abril de 2018.


Fontes


Teresa Maia, nº147188

1 comentário:

  1. De facto, o poder do testemunho no momento certo pode mudar consciências e contribuir para a alteração das políticas de violência que têm marcado a história da humanidade. Por outro lado, esta imagem liga-se às polémicas sobre o foto-jornalismo enquanto voyeurismo que tende a banalizar a violência e a brutalidade, anestesiando os espetadores ocidentais.

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