segunda-feira, 19 de abril de 2010

Jacob Riis - Florbela Espanca


Jacob Riis, Plank for a Bed, 1890


Poema:

Pior Velhice

Sou velha e triste. Nunca o alvorecer
Dum riso são andou na minha boca!
Gritando que me acudam, em voz rouca,
Eu, naufraga da Vida, ando a morrer!

A Vida, que ao nascer, enfeita e touca
De alvas rosas a fronte da mulher,
Na minha fronte mística de louca
Martírios só poisou a emurchecer!

E dizem que sou nova ... A mocidade
Estará só, então, na nossa idade,
Ou está em nós e em nosso peito mora?!

Tenho a pior velhice, a que é mais triste,
Aquela onde nem sequer existe
Lembrança de ter sido nova ... outrora ...

Florbela Espanca, in "Livro de Mágoas"


Nesta a fotografia, Plank for a Bed de Jacob Riis, existem pormenores que nos chamam à atenção.Um desses pormenores é a mão exposta no lado direito da fotografia, apontado para a senhora idosa.Por um lado uma das conclusões que podemos tirar desta mão, é que poderá ser alguém a ordenar lhe para expor o seu corpo perante uma pessoa desconhecida, neste caso o fotógrafo. Por outro lado também podemos dizer que poderá ser alguém a apontar para o que a senhora e para o que ela está a fazer, sem qualquer segunda intenção.

Relativamente à senhora, levando pelo lado de aceitação de uma ordem, observando o seu rosto, podemos constatar que está de olhos fechados podendo isto significar que esta não queria se expor, e uma maneira de se negar a tal, é não olhando para a máquina, mostrando assim a sua relutância à invasão da sua privacidade. Por outro lado, também podemos referir o facto do flash da máquina fotográfica; como já estudámos, Jacob Riis foi dos pioneiros na utilização do mesmo, e para evitar a cegueira do flash, a senhora idosa pode ter fechado os olhos para não ficar com cegueira temporária.

Observando o corpo da mulher idosa, podemos dizer que é um corpo velho, gasto, frágil e cansado, que pode ser comparado com a tábua que está a seu lado, também ela um objecto frágil, sublinhando assim a fragilidade da mulher.


Jacob Riis ficou conhecido por retratar bastante a vida dos mais empobrecidos à alta sociedade.

Outro pormenor interessante e que nos faz dar mais ênfase a pobreza e à velhice é o facto de a fotografia ser a preto e branco, pois são cores morta e inanimadas.

Relativamente ao poema por mim escolhido, a quadra que mais identifico com a fotografia, é a primeira quadra, pois o sentimento e ideia que me transmite, estão muito explicitas nesta mesma quadra pois a senhora idosa está triste demonstra que não tem vontade de viver, tem um ar cansado, desgastado, velho.



Emanuel Francisco Nº 42299

2 comentários:

  1. Emanuel:
    Enviei comentário extenso para o seu e-mail. Aguardo alterações formais e eventual uso da informação gerada pela discussão hoje na sala de aula.
    Não esquecer que título de poema surge entre aspas e de livro em itálico.
    Diana Almeida

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  2. Olá novamente!
    Emanuel, o filme "Os Outros"(1991) do Alejandro Amenábar deixa-nos a ideia de que "dantes" era usual fotografar os mortos, na mesma posição em que a mulher se encontra. Assim, fui logo remetida para essa lembrança quando vi esta fotografia (por favor, vê o filme e depois diz-me o que achaste). O corpo da mulher aguenta-se sentada sem qualquer esforço físico, é um corpo inerte e sem vida "onde nem sequer existe/ Lembrança de ter sido nova ...", já o foi, não é mais.
    Quanto à mão, à direita, acho que nada tem de inocente. Parece antes uma mão que denuncia e surge acompanhada de um: "Olha o que nós, Humanidade, fizemos!"

    Bom trabalho.
    Abraço Revolucionário,
    Ana Duarte

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