quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Barbara Kruger & Adrienne Rich


Barbara Kruger, Untitled (Are we having fun yet?), 1987.
 Collage38,5 x 30,5 cm
Kunsthaus Bregenz



 Barbara Kruger


Barbara Kruger (1945-), uma artista da “Picture Generation” com fortes interesses sociais, desenvolveu a sua carreira através de posters. As suas obras usam normalmente imagens recuperadas de outro contexto dos “mass media” e/ou frases do “senso comum”. As suas colagens desafiantes subvertem os discursos de identidade e das instituições de poder. Para além do seu sentido de humor, Kruger é também vista como uma activista, já que as suas obras são altamente convidativas a uma tomada de posição, através das interrogações incisivas e do uso provocador dos pronomes pessoais.
...

"An Unsaid word", Adrienne Rich

She who has power to call her man
From that estranged intensity
Where his mind forages alone,
Yet keeps her peace and leaves him free,
And when his thoughts to her return
Stands where he left her, still his own,
Knows this the hardest thing to learn.


"Boundary", Adrienne Rich

What has happened here will do
To bite the living world in two,
Half for me and half for you.
Here at last I fix a line
Severing the world's design
Too small to hold both yours and mine.
There's enormity in a hair
Enough to lead men not to share
Narrow confines of a sphere
But put an ocean or a fence
Between two opposite intents.
A hair would span the difference.


Adrienne Rich

 
Adrienne Rich (1929-2012) é uma das mais apreciadas autoras dos EUA do séc. XX. Famosa sobretudo pela sua poesia, Rich destacou-se pelo seu feminismo assertivo e activista. A autora conjuga com sucesso a dimensão psicológica e um tom de experiência íntima e vivida, levando-a para um universo político-social mais abrangente que denuncia a opressão da mulher em termos globais.

Relação obra/poemas
Tanto a colagem de Kruger como os poemas de Rich exploram a ideia da mulher num contexto de divisão, limites e sobretudo dependência. Na imagem vemos uma mulher só, que no entanto se exprime na primeira pessoa do plural ("we"). Esta mulher simboliza, em primeira instância, a busca de validação: ela não parece saber como se sente, ou como podemos adivinhar, como se deve sentir. Há uma clara discrepância entre a carga claramente dramática da fotografia e a leveza e "nonsense" da pergunta. A mulher da imagem vive, pois, estas tensões e parece estar cansada de esperar que a atenção do homem retorne para si.

Luísa

3 comentários:

  1. Quando vi a pergunta "Are we having fun yet?", o meu primeiro pensamento foi a pergunta icónica das crianças dos filmes de Hollywood: "Are we there yet?". Assim, o quadro poderia dar uma sensação de nostalgia pelo passado, mais especificamente ao tempo da infância. O corpo feminino presente da imagem até podia demonstrar o seu desapontamento com o que lhe foi prometida com o que tem ou teve na vida adulta.
    Uma possível comparação com o quadro podia ser a música "Stressed Out" dos Twenty One Pilots.

    Matilde Gouveia, n.º 52418

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  2. Parece-me que ambos os trabalhos estão a apontar para os problemas de igualdade de genro. As dificuldades que as mulheres encontram na luta pela igualdade não só são extremamente injustas e bem encobertas pela sociedade, como também deixam as marcas na identidade pessoal da mulher. Presumo que se trata de uma tentativa de conciliação de dois universos, o universo de estatuto social e profissional e a “natureza feminina”, questionando sempre nosso verdadeiro propósito.
    Darya Plemeshova

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  3. Comentário válidos que ampliam as potencialidades de leitura dos textos em causa.

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