Hoje fiz uma coisa que já não fazia há algum tempo, e fi-lo para poder exercitar o olhar crítico sobre a publicidade e os textos visuais que por aí correm. Surgiu esta vontade depois da análise à fotografia de Lewis Hine, The Mill, estudada nas nossas últimas aulas.
Deixo-vos aqui um anúncio do (ler com aquela-voz-masculina-e-sensual-up-beat típica dos anúncios) Novo Lexus NX, A Arte de se Destacar!
Reparem na alusão a várias obras de arte, que vão surgindo ao longo do anúncio: começa com a Rapariga do Brinco de Pérola de Johannes Vermeer, seguido de uma fachada "decorada" como se fosse um quadro do Mondrian, depois o Novo Lexus NX passa por uma Tarde de Domingo de Seurat e acaba com uma encenação do famoso quadro de Edward Hopper, Nighthawks, em que o condutor é um dos homens de chapéu presentes no quadro. Senta-se ao lado da mulher ruiva e enquanto o faz, pousa a chave do seu Novo Lexus NX no balcão. Comparar este carro a estas obras de arte canónicas parece-me um pouco "far fetched", mas eles lá sabem.
Claro que a este anúncio não faltam os lugares comuns do costume, a narração feita por uma voz masculina visto este Lexus ser conduzido por um homem (pois toda a gente sabe que os carros para mulheres são mais pequenininhos e queridos e às vezes com uma florzinha no tablier), que no fim tenta conquistar a fogosa ruiva, de onde se depreende, atenção!!!, que este carro ajuda no engate!
Maria Madalena Vieira n50106
Esta publicidade ilustra na perfeição a tese que Berger apresenta ao longo de 'Ways of Seeing', nomeadamente nos capítulos constituídos apenas por texto visual, em que vemos anúncios em diálogo com pinturas a óleo (como tiveram oportunidade de ver quando o livro circulou durante a última aula). O autor dedica o sétimo e último capítulo ao discurso publicitário, argumentando que este não só funciona numa continuidade visual com a arte erudita (através das poses dos modelos e do modo de representar os objetos, por exemplo), mas também usa o conhecimento do espetador médio (escolarizado) para conferir autoridade às suas ofertas, associando-as a objetos artísticos. Aqui, como a Madalena tão bem viu, são evocados uma série de pintores e também o artista contemporâneo Jeff Koons, através do balão azul do cão (que poderia ser uma das suas esculturas insufláveis).
ResponderEliminarNota: Atenção ao registo! Compreendo a sua intenção de desconstrução irónica, mas, no contexto académico, será de optar por uma maior formalidade.
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