sábado, 16 de novembro de 2013

Consumo(s)




Eis a música dos Repórter Estrábico e o respetivo vídeo (1999), "Mamapapa", ironizando a loucura da sociedade de consumo, numa abordagem próxima daquela adotada pelos artistas Pop nos EUA, como comentámos na aula.

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Larry Rivers: Parts of the Body: French Vocabulary Lesson III


A obra a ser analisada parece não ser nada mais do que um simples esboço feito por Larry Rivers (1923-2002), que não prosseguiu para a sua fase seguinte mas foi exibida como uma pintura em seu estado final; porém após analisar as suas outras obras da mesma serie, me questiono sobre a genuinidade do conceito "esboço" aqui empregado por mim e por outras criticas, será este estado final da obra em sua totalidade e o facto de parecer um esboço a define como esboço? São perguntas que nos faz reflectir sobre o que é uma obra finalizada. A intenção do artista sempre foi criar apenas um a obra que de facto pareça um esboço, chegamos a essa conclusão facilmente ao observar as outras lições de sua série; que possuem uma enorme proximidade e esse senso de 'inacabado'. Parts of the Body French Vocabulary Lesson III é apenas uma peça de uma serie de quadros que exploram o idioma francês face as diversas partes do corpo humano (como o próprio titulo mostra), como se fosse um estudo anatómico. Abrindo e explorando o desenho sem se preocupar com ele, mas sim em transmitir a "lição"; pois se a mulher tivesse uma personalidade (ou pelo menos se esta personalidade estivesse em causa), seria algo desafiador da parte dela, apesar de suas feições estarem longe dos padrões de beleza expostos ela "encara" o voyeur e senta-se numa posição nem sequer masculina, mas ousada por si só e bastante à vontade.
Uma tela parcialmente pintada onde a simetria praticamente não existe, e a espontaneidade reina na pintura.

Ao observar a tela é impossível não ouvi-la. Abaixo encontra-se uma leitura das partes do corpo em francês e português. É essencial ouvir as palavras e sentir a obra, como uma lição, um processo de aprendizagem da linguagem; uma aula.


Quanto ao porque da utilização e escolha do idioma, é difícil responder a tal questão, uma vez que Rivers não tem nenhum contacto directo com a cultura francesa; a não ser um trabalho artístico sobre a relação da América e a França com o artista suíço Jean Tinguely. Tudo indica que ele tenha aprendido o que sabe sobre francês com Tinguely; mas tudo o que posso fazer nesse aspecto é especular, pois mesmo em sua biografia oficial não há relatos sobre posterior contacto com a língua.

  No que diz respeito a poesia, estarei relacionando um poema escrito por Heather McHugh sobre a linguagem,  as a lesson. Que foi publicado no livro Hinge & Sign Poems entre 1968 - 1993, mas pelo seu titulo podemos deduzir que este poema em especial foi escrito em 1976, doze anos após Larry Rivers ter "finalizado" a sua obra. O poema fala sobre liberdade e sobre "going too far" e essa é uma realidade existente na pintura, o comportamento da mulher criada por Rivers expressa todo esse senso de liberdade e "pushing boundaries". Assim como o prazer, que no poema é ambicionado por uma criança, a mulher da pintura parece buscar o mesmo tipo de prazer, porém em uma diferente frequência, talvez o prazer sexual, pelo seu corpo nu. Outro aspecto importantíssimo é a definição da linguagem pelo auto que explicitamente revela a linguagem como um jogo, e Rivers não faz outra coisa a não ser brincar com as palavras, transformando as letras em uma dinâmica rítmica que oscila entre o corpo de sua "modelo". Por fim, uma relação mais sólida que liga a obra ao poema seria o antepenúltimo verso: "Make nothing without words", a importância das palavras é sem duvida exagerada e cai perfeitamente sobre a pintura, pois vemos que as palavras são super-estimadas na obra de Rivers.

"Language Lesson 1976"

When Americans say a man
takes liberties, they mean

he’s gone too far. In Philadelphia today I saw
a kid on a leash look mom-ward

and announce his fondest wish: one
bicentennial burger, hold

the relish. Hold is forget,
in American.

On the courts of Philadelphia
the rich prepare

to serve, to fault. The language is a game as well,
in which love can mean nothing,

doubletalk mean lie. I’m saying
doubletalk with me. I’m saying

go so far the customs are untold.
Make nothing without words,

and let me be
the one you never hold.

A informação sobre a vida e historia do artista, constará na apresentação oral e nos slides.
Outras obras da série (para reflexão e comparação):




















Parts of the Body French Vocabulary Lesson (1961)


















Portrait of Sunny Norman: Parts of the Face (1963)










Parts of the Face: French Vocabulary Lesson (1961)





Palavras-chave:

NUDEZ             |             LÍNGUA             |             FRANCÊS             |             IRREGULAR
             AUTO-REFLEXIVO             |             CORPO             |             MULHER
ESBOÇO             |             INCOMPLETO             |             APRENDIZAGEM             

Deixo-vos o site oficial do Larry Rivers e aconselho-vos a dar uma boa olhada no trabalho e biografia do artista.

Por: Max Pinheiro

domingo, 10 de novembro de 2013

Comentário de Office at Night (1940)


Edward Hopper (1882-1967) destacou-se dos pintores da sua geração por assumir um estilo realista não militante, em contraste com os chamados Regionalistas, que retratavam uma ruralidade idílica e conservadora, e com os pintores muralistas, conotados com ideais socialistas. Na sua obra, o sujeito coletivo idealizado dá lugar a retratos de indivíduos solitários, por vezes, no contexto de espaços interiores demarcados por linhas arquitetónicas rígidas, como é o caso de Office at Night.
Este quadro é composto por uma série de molduras que indiciam a separação entre as figuras representadas e, em simultâneo, apontam para a própria problemática da representação, ou seja, cumprem uma funcionalidade auto-reflexiva. Cruamente iluminada, e ainda assim atravessada por linhas de luz e por zonas de sombra densa, a sala do escritório aparece delimitada, à esquerda, por uma partição e, à direita, por uma janela aberta, ecoando a porta entreaberta frente à qual se situa, num esvaziamento simbólico do espaço. As formas maciças das secretárias, juntamente com o retângulo do arquivador manuseado pela figura feminina, apontam ainda para uma espacialidade de intenções pragmáticas, despojada de subjetividade.
Como é recorrente na obra do artista, o quadro indicia uma narrativa suspensa (simbolicamente representada pela folha de papel caída no chão), pelo que nos podemos interrogar sobre os elos entre as personagens retratadas, sobretudo tendo em conta as conotações eróticas associadas ao trabalho noturno no escritório e à relação entre secretária e chefe. A figura da mulher encontra-se no ápice do triângulo que alinha a composição do quadro e, com a sua roupa justa, aliada à estranha torsão do tronco, parece oferecer-se ao olhar do espetador (como sempre colocado no papel de voyeur) e do patrão, com quem poderá estar a tentar estabelecer contacto visual. No entanto, o que prevalece é o mistério e a inelutável solidão destas duas personagens que, juntamente com a galeria de figuras da obra de Hopper, comentam a progressiva alienação do indivíduo numa sociedade desumanizada e orientada por valores materialistas.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Dorothea Lange


Vejam mais informação sobre esta imagem na Library of Congress, para completarem a leitura do artigo sobre Migrant Mother (1936).

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Pintar a separação

   
Edward Hopper
Office at Night (1940)


"Hopper paints the separateness of things: the indifference of objects, the solitariness of people, the isolation of the onlooker. This is the order of things in Hopper’s parallel world."

Victor Burgin, "The Separateness of Things"
http://www.tate.org.uk/research/publications/tate-papers/separateness-things