sábado, 7 de dezembro de 2013

Robert Rauschenberg, 'Plus Fours' (1974)

Podemos observar um painel com três tecidos de cetim, dois deles com uma cor castanha viva e o do meio com uma cor castanha mais gasta. Esta técnica é chamada a impressão em tecido, ou serigrafia.
Em dois dos painéis visualizamos dois baldes de metal, e em cima destes uma asa delta.

Nesta peça a asa delta representa a ideia de liberdade e de leveza.


Há um contraste entre a harmonia entre o voo da asa delta e o peso representado pelos baldes de ferro, numa oposição significativa entre o contexto imaginativo e real.


Neste poema o sujeito poético está envolvido na actividade de cortar relva; neste seu trabalho repetitivo começa a sonhar com o mar, com penínsulas, visualizando as diferentes geografias e viajando no tempo. De facto, o sujeito poético esquece-se de que está a cortar a relva, pois de repente é confrontado com a realidade, quando sente o cheiro a gasolina. Entretanto, continua a sua tarefa, embora continue a recordar a visão que teve.









Poema Diluvian Dream – Wilmer Mills



All afternoon I walk behind the mower,
Imagining, though paradoxically,
That even though the grass is getting lower,
What I have cut is like a rising sea;
The parts I haven’t cut, with every pass,
Resemble real geography, a map,
A shrinking island continent of grass
Where shoreline vanishes with every lap.

At last, the noise and smell of gasoline
Dispel my dream. What sea? Peninsulas?
They were the lands my inner child had seen,
Their little Yucatáns and Floridas.

But when I’m finished, and Yard goes back to Lawn,
I can’t help thinking that a world is gone.


Na obra de Rauschenberg a asa delta representa a vontade de voar mais alto, de atingir outros pensamentos, eventualmente de modificar mentalidades. Os baldes de metal remetem para a terra, ou seja, podemos considerar que o sonho tem duas partes, a fantasiosa e a real, na medida em que quando estamos a sonhar somos transportados para outras dimensões distantes, mas no mundo real acaba por nos chamar de volta. Também no poema observamos esta dinâmica entre sonho e realidade, na medida em que o sujeito poético sonha com " penínsulas", o seu prensamento voa tão alto e tão distante como a própria asa delta presente na obra visual.

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