sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Corpos/Cidade e Street Art

Depois desta manhã, fiquei a pensar em muitas coisas que gostaria de partilhar com vocês.

Em primeiro lugar, falámos da relaçao entre corpos e cidade. Lembrei-me deste texto de Georg Simmel, chamado "As metrópoles e a vida mental", escrito em 1903, que fala da relação entre a mente e a cidade. E no fundo, tem muitas semelhanças com a nossa discussão. (Acho que não é preciso acabar o círculo e analisar as relações entre mente e corpo...) Este texto reflete de um modo muito interessante sobre a definição que podemos ter da vida, do comportamento típico do "cidadão". Se estiverem interessados nestas questões podem lê-lo aqui (achei só uma versao inglesa, desculpem).

Em segundo lugar, falámos sobre street art, e sobre o seu estatuto enquanto arte ou não, e como tambem é uma inscrição dentro dum espaço urbano, um testrmunho..
A minha sugestão, neste caso, afasta-se um pouco do conceito em discussão, mas para mim, tem uma relação evidente.
Nao sé se já ouviram falar da "Demeure du Chaos". É um museu, perto da minha cidade, numa pequena aldeia muito linda, que faz parte do património cultural porque está construída com pedras "de ouro". Linda cor, que brilha ao sol.. O problema é que a "Demeure du chaos" fala do mal do mundo. E por isso tem uma cor mais preta que "o ouro", e instalações gigantescas.


O seu objectivo é ser um jornal vivo através das obras de arte. Desde 1999, uma equipa de artistas investiu numa casa  para contar o que se passa no mundo: é um museu aberto e grátis para todos, para testemunhar politicamente o que se passa mundialmente. É um museu activista. E as obras de arte estendem-se além das paredes, dos telhados, o que nao é do gosto dos políticos. Um julgamento está ainda em processo sobre a sua existência (podem ver um vídeo que resume muito bem a situação e que mostra mais as obras de arte aqui).
A primeira vez que vi a "Demeure du chaos" fiquei muito surpreendida. É um mundo à parte, que muda, e onde reconhecemos todas as informações capitais da atualidade. É um choque. Mas que não é apresentado de maneira agressiva ou violenta. É mais como um microcosmos, espelho do nosso mundo, como acho pode ser a street art. Expressar sem limites de conveniência, em lugares que surpreendem: o chão, as paredes, e outros lugares muito criativos... para romper a monotonia da cidade com uma reflexão, um sorriso...

Se gostam de street art, para o prazer dos olhos, visitem este sítio que mostra boas obras deste tipo:
http://www.streetartutopia.com/

Espero que gostem, e bom fim de semana para todos!

Lorraine

2 comentários:

  1. Acho que a questão da street art é muito interessante. Concordo com a Lorraine quando diz que a street art é uma forma de comunicar, "falar, mostrar sem conveniência, em lugares que surpreendem." É um exemplo que como nós moldamos a cidade ao mesmo tempo que ela nos molda. O facto de a arte não estar mais nos museus, mas sim fazer parte deste grande organismo vivo que é a cidade vai alterar a maneira como pensamos, experienciamos e interagimos com a arte. Apesar de a arte inserida no contexto urbano fica muitas vezes em plano de fundo nas nossas vidas tão ocupadas, tão rápidas, sempre em movimento, a verdade é que vai estar "sempre" ali para quando quisermos pensar nela. Por exemplo, eu já há 6 anos que passo todos os dias pelos graffitis dos Gémeos, Blu e Sam e o dialogo que há entre mim e a obra evoluiu de acordo com os anos. As primeiras coisas que eu escrevi sobre a mensagem que eles querem/queriam transmitir são muito diferentes daquilo que eu escrevi mais recentemente. O engraçado é que foram essas primeiras interrogações que me fizeram pensar, pesquisar, discutir e os resultados foram moldando a pessoa que sou hoje. É claro que isso também acontece com peças que vejo nos museus. Mas é muito diferente pensar numa coisa que vejo uma ou duas vezes e pensar em algo que vejo todos os dias. É interessante pensar em como seriamos pessoas diferentes se vivêssemos em cidades diferentes... não acham?

    Niara

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  2. Grata pelas suas excelentes sugestões, Lorraine, e pela discussão que levantou, a partir do nosso diálogo na aula.
    Relativamente a street art, e como também sou aficcionada, posso partilhar convosco este segredo http://arodaemroda.blogspot.pt/search/label/street%20art

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