quinta-feira, 12 de maio de 2011
Andy Warhol & Peter Oresick
Uma das 32 latas de sopa da Campbell’s pintada por Andy Warhol
Cada uma mede 50.8cm x 40.6 cm
32 Campbell’s Soup Cans
Andy Warhol for Campbell’s Soup
By Peter Oresick
May 19, 1964, Mr. A. Warhol,
1342 Lexington, Nyc, New York,
Dear Mr. Warhol: I have followed
your career for some time. Your art
evokes a great deal of interest here
at Campbell's for obvious reasons.
At one time I hoped to acquire one
of your Campbell's Soup label
paintings, but I'm afraid you
have grown much too expensive.
I did want to tell you, however,
that we at corporate admire your
work, and since I have learned
you actually like Tomato Soup,
I am taking the liberty of shipping
out a couple of cases of our Tomato
Soup to you at this address.
Continued success and good fortune,
William P. McFarland, Product
Manager, Campbell's Soup.
Andy Warhol (1928 – 1987), nascido Andrew Warhola Jr., filho de emigrantes eslovacos, é hoje em dia um dos mais facilmente reconhecíveis nomes da cultura norte-americana. Teve uma carreira diversa nas artes, que incluiu a escrita, cinema, teatro, fotografia, arte digital, impressão, pintura, etc. É a principal figura do movimento artístico denominado de Arte Pop, e o criador de vários termos que são comuns hoje em dia, como “superstar” ou “15 minutos de fama”. Tornou-se famoso principalmente devido à forma como abordou a arte de uma perspectiva nova, elevando à categoria de high art objectos aparentemente mundanos, tal como na sua peça mais famosa: 32 Campbell’s Soup Cans. Se a Arte pode ser dividida em dois tipos fundamentais – figurativa e abstracta – então, Warhol pode ser considerado um defensor absoluto do figurativismo, pois a tradição iconográfica (inspirada pelo facto de ele ter sido católico praticante) está muito presente nas suas obras. Chegou mesmo ao ponto de dizer que odiava Jackson Pollock e todo o seu abjecto expressionismo abstracto.
Peter Oresick
Peter Oresick é um poeta americano, e professor de Inglês. Tal como Andy Warhol, também ele é oriundo de Pittsburgh. O seu livro Warhol-O-Rama, de onde o poema em questão é retirado, é uma homenagem a Warhol, publicado no que seria o octogésimo aniversário do artista. Tal como Warhol, Oresick é elogiado por abordar a arte de uma forma não convencional, escrevendo o seu poema pop-épico encadeando frases de uma forma peculiar, inspirando-se por vezes (como é o caso com Andy Warhol For Campbell’s Soup) em notícias ou factos reais, criando a partir daí estórias nas quais Andy tem sempre o papel de destaque.
Relação entre a obra visual e o poema
"Pop art is about liking things"
Esta frase, da autoria do próprio Warhol, é uma das melhores maneiras de resumir a sua abordagem à temática da arte, principalmente a Arte Pop. É importante notar que, apesar de ser o autor de algumas obras pop muito reconhecíveis, como por exemplo os quadros de Marilyn Monroe, onde o rosto desta é representado múltiplas vezes, com cores variáveis. No entanto, são as latas de sopa da marca Campbell’s que mais marcam a carreira de Warhol, visto que o artista produziu estes quadros em várias etapas da sua carreira, e não apenas uma vez. Mais importante ainda é o motivo por detrás da obra: não é uma celebração do consumismo tipicamente americano, como alguns o acusam. O objectivo do quandro (e, de facto, de toda a sua obra e da Arte Pop em geral) é elevar o mundano ao patamar da High Art. É representar algo do dia-a-dia comum como sendo especial, e dessa forma mudar a perspectiva do observador: se o comum é especial, não o seremos todos então? É essa também a ideia de Peter Oresick, ao publicar o livro Warhol-O-Rama. Em vez de seguir a forma literária comum, Oresick decide lançar um livro de poemas totalmente não ortodoxo, onde todos os versos são corridos e de verso livre. É mais importante entreter o leitor do que “elevar o seu espírito”. O mais importante a notar, tanto na obra de Warhol como na de Oresick, é que não é suposto ver a beleza nos seus trabalhos à primeira vista. Aquela lata de sopa de tomate não é apenas uma lata de sopa de tomate, da mesma forma que aquele poema não é apenas uma carta da companhia Campbell’s a agradecer a Warhol por publicidade gratuita. É preciso ver para lá das formas aparentes, e estar conscientes dos parâmetros em que a Arte Pop opera para verdadeiramente nos apercebermos dos corpos reais das obras. É preciso analisar o superficial para lá da superficialidade. Nas palavras do próprio Andy: “I am a deeply superficial person”.
Bibliografia
HIGGIE, Jennifer. The Artist’s Joke. London, Whitechapel. 2007
HUGHES, Robert. American Visions; The Empire of Signs.- Episode 7
http://en.wikipedia.org/wiki/Andy_Warhol#Other_media
http://www.imdb.com/name/nm0912238/bio
http://en.wikipedia.org/wiki/Peter_Oresick
Diogo Filipe Serras de Almeida nº 44239
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Achei a escolha do poema e do quadro muito interessantes devido ao facto de serem escolhas óbvias. O adjectivo não deve aqui ser visto como pejorativo mas como inteligente visto o facto de toda a obra do Andy Warhol ser considerada por muitos como "fácil", "óbvia", "todos o podem fazer". E é exactamente essa ideia que o Diogo releva para depois contradizer.
ResponderEliminarHelena
Nº37877