segunda-feira, 11 de abril de 2011
Edward Hopper e Edward Hirsch
Edward Hopper, House by the Railroad (1925) (61 x 73.7 cm)
“Edward Hopper and the House by the Railroad” (1982)
Out here in the exact middle of the day,
This strange, gawky house has the expression
Of someone being stared at, someone holding
His breath underwater, hushed and expectant;
This house is ashamed of itself, ashamed
Of its fantastic mansard rooftop
And its pseudo-Gothic porch, ashamed
of its shoulders and large, awkward hands.
But the man behind the easel is relentless.
He is as brutal as sunlight, and believes
The house must have done something horrible
To the people who once lived here
Because now it is so desperately empty,
It must have done something to the sky
Because the sky, too, is utterly vacant
And devoid of meaning. There are no
Trees or shrubs anywhere--the house
Must have done something against the earth.
All that is present is a single pair of tracks
Straightening into the distance. No trains pass.
Now the stranger returns to this place daily
Until the house begins to suspect
That the man, too, is desolate, desolate
And even ashamed. Soon the house starts
To stare frankly at the man. And somehow
The empty white canvas slowly takes on
The expression of someone who is unnerved,
Someone holding his breath underwater.
And then one day the man simply disappears.
He is a last afternoon shadow moving
Across the tracks, making its way
Through the vast, darkening fields.
This man will paint other abandoned mansions,
And faded cafeteria windows, and poorly lettered
Storefronts on the edges of small towns.
Always they will have this same expression,
The utterly naked look of someone
Being stared at, someone American and gawky.
Someone who is about to be left alone
Again, and can no longer stand it.
Edward Hirsch
Biografia de Edward Hopper
Edward Hopper (1882 – 1967) foi um dos pintores realistas mais influentes do século XX, sendo muitas das suas obras ainda hoje utilizadas noutros meios de comunicação, como a televisão e o cinema, como se pode verificar com uma das suas obras mais conhecidas: Nighthawks (1942). Hopper nasceu em Nyack, Nova Iorque, e estudou na “New York School of Illustration” e na “New York School of Art”, onde teve como professor Robert Henri, mentor da Aschan School. E também esteve, mais tarde, em Paris. Mas foi apenas em 1924 que Hopper teve sucesso como artista.
Hopper era um pintor meticuloso e metódico, que se dedicava demoradamente às suas obras. O artista explorou as temáticas da solidão e desolação como características da vida citadina, reforçando este efeito através dos efeitos de luz e sombra, da alternância entre cenários interiores e exteriores e de personagens anónimas e absortas nos seus próprios pensamentos e problemas. Embora algumas das suas obras não possuíssem personagens, não perdiam, no entanto, o seu carácter solitário e melancólico. Embora Hopper não tenha pertencido a nenhuma escola artística, a sua obra aproxima-se da pintura de Thomas Eakins (1844 – 1916), não apenas pelo seu recurso às convenções realistas, mas também pela forma como ambos eram fiéis à sua visão do mundo. No entanto, enquanto que Eakins tendia a retratar os personagens dos seus quadros de forma activa e impressionante, Hopper retratava-os como sendo mais passivos, solitários e introspectivos.
A obra em questão: House by the Railroad, exemplifica o modo como Hopper utilizava certos elementos horizontais, neste caso a linha de comboio, como fronteira entre o mundo do quadro e o mundo do observador, atribuindo ao quadro uma sensação de impenetrabilidade e isolamento, bem como a sua utilização de cores suaves e manipulação hábil das sombras.
Biografia de Edward Hirsch
Edward Hirsch, nascido em Chicago, em 1950, é poeta e crítico. O poema em questão faz parte da sua segunda colectânea de poemas: “Wild Gratitude”, pela qual recebeu a “National Book Critics Circle Award” em 1986, e faz também parte do livro “The Poetry of Solitude: A Tribute to Edward Hopper”, de Gail Levin, uma antologia de poemas sobre várias das obras de Edward Hopper.
Relação entre o quadro e o poema
O poema pode ser visto como uma recriação do quadro, e também como um processo hipotético através do qual este poderá ter sido concebido, pelo que os pontos em comum entre ambos são claros. Este vem, no entanto, elaborar acerca de elementos sobre os quais o quadro nos permite apenas especular, em particular a presença ficcional do artista responsável por este como personagem, e a sua relação com a casa e o lugar nos quais o quadro poderá ter sido baseado. Para este efeito, o autor utiliza uma personificação da própria casa e inverte os papéis do pintor e da casa, criando uma relação ténue e distante entre o observador e o objecto observado, que nunca passa desse nível, e que é reforçada pela forma como no quadro a linha de comboio parece actuar como fronteira ou muro, representando, neste caso, a distância intransponível entre as duas personagens do poema. O poeta refere também a forma como a casa se encontra completamente isolada, descrevendo esse isolamento como uma forma de castigo por algum acto não mencionado, o que combina com a forma como, no quadro, a casa se encontra completamente isolada, o que é reforçado pelo facto de não se ver ninguém à janela, nem árvores nas redondezas ou nuvens no céu. Também pode ser visto como ponto extremo desta solidão a forma como, apesar de aparentemente abandonada, a casa não apresentar sinais visíveis de degradação, o que indica uma existência tão solitária ao ponto de nem se encontrarem presentes elementos decompositores, como a acção de insectos ou do clima. O poema vem, como tal, complementar o quadro, ao atribuir-lhe um contexto hipotético (ainda que vago), e, ao entabular um diálogo com o universo do quadro, quebra, de certo modo, a solidão do seu criador.
Bibliografia
Hughes, Robert. American Visions: Steamlines and Breadlines (Episódio 6)
http://www.edwardhopper.info/
http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Hopper#Personality_and_vision
http://en.wikipedia.org/wiki/Edward_Hirsch
http://www.artchive.com/artchive/H/hopper/house_by_rr.jpg.html
http://edsitement.neh.gov/lesson-plan/edward-hoppers-house-railroad-painting-poem#sect-introduction
João Rui Gonçalves nº 37896
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Gostei bastante da escolha de textos e da análise que o João fez de ambos. No entanto há dois versos que me intrigam particularmente e que gostaria que o João explorasse na sua apresentação: "The utterly naked look of someone/
ResponderEliminarBeing stared at, someone American and gawky." Esta menção à nacionalidade, não das pessoas que Hopper pinta, mas sim das "abandoned mansions,/
And faded cafeteria windows, and poorly lettered/
Storefronts on the edges of small towns" é reveladora de algo que para Hirsch está implícito na obra de Hopper: o facto de Hopper pintar a América; mais, de pintar como um americano e de não poder fugir a isso. O que é curioso é Hirsch colocar essa "americanidade", esse ênfase, nos edifícios, nas estruturas arquitectónicas que Hopper pinta, como se estas pudessem ter mais expressão do que as próprias figuras humanas.
Claro que Hirsch poderá estar apenas a caracterizar a pendência para a solidão de Hopper, o indivíduo, e como isso se expressa na sua obra; mas não deixa de ser relevante a associação entre mansões, cafés, lojas e "small town", e esta, por sua vez, com "American". É esta relação icónica que sobressai como estandarte na obra de pintor, e o que me parece que Hirsch está a dizer é que Hopper é o pintor da América. Até que ponto isto tem fundamento é o que se poderá discutir na apresentação.
Helena Carneiro.
Gosto bastante do quadro, pois ele não retrata apenas uma simples casa, retrata uma casa que se encontra viva, tem expressão, e sendo assim exprime-nos os sentimentos dos americanos. As cidades da América conseguem ter muitos habitantes e muitos visitantes, e conseguem ter vida durante 24 horas seguidas, mas o facto de alguém viver rodeado de pessoas não faz com não esteja rodeado de grande solidão, daí eu concordar bastante com a frase “O artista explorou as temáticas da solidão e desolação como características da vida citadina” e ligar este facto à casa.
ResponderEliminarPenso que estas duas obras, quer o quadro ou o poema, nos remetem imenso para os sentimentos do ser humano que muitas vezes se encontram escondidos, e acho fascinante esse facto ter sido apontado através de uma casa.
Cátia Coelho, 44991