sábado, 19 de março de 2011
Winslow Homer e Philip Larkin
O CORPO ABSURDO: HOMER E LARKIN
Right and Left (1909), Winslow Homer
Heads in the Women’s Ward
On pillow after pillow lies
The wild white hair and staring eyes;
Jaws stand open; necks are stretched
With every tendon sharply sketched;
A bearded mouth talks silently
To someone no one else can see.
Sixty years ago they smiled
At lover, husband, first-born child.
Smiles are for youth. For old age come
Death’s terror and delirium.
Philip Larkin (1972)
Winslow Homer (1836-1910) é ainda hoje considerado um dos maiores pintores novecentistas norte-americanos. Nascido em Boston, passou largas temporadas da sua vida em Inglaterra, onde acabou por adquirir o seu distintivo gosto pela pintura de cenas marítimas. Começa como ilustrador e cobre a Guerra Civil enquanto jornalista. A sua aprendizagem é feita de forma completamente autodidacta, passando da litografia à pintura a óleo e a aguarela, onde os críticos dizem ter-se tornado um mestre exemplar. Inicialmente tido como seguidor do Realismo na pintura, uma análise do seu trabalho revela como cada obra é construída com vista à união de “concept and percept” – uma tentativa de resolução dos problemas entre proporção, espaço e tridimensionalidade –, sendo os temas que pinta cada vez menos distintamente “americanos”, uma vez que caminha numa direcção pictórica mais universal e instrospectiva.
Philip Larkin (1922-1985) foi um poeta inglês. Depois de completar o seu curso em Oxford começa a trabalhar como bibliotecário, sendo destacado para Hull, Irlanda do Norte, onde acaba por passar trinta anos e onde escreve a maior parte da sua poesia. Influenciado por poetas como W.H. Auden, Thomas Hardy e W.B. Yeats, envereda na sua maturidade pelos temas quotidianos, descontruindo os mesmos através do seu estilo irónico, mordaz, céptico e profundamente desiludido. A velhice e a proximidade da morte são dos temas mais explorados nos seus trabalhos, dos quais se destacam The Whitsun Weddings (1964) e High Windows (1974).
Quadro e poema reflectem sobre o limiar entre a vida e a morte através de formas que, mascaradas de objectividade e crueza, se revelam nos seus pormenores veiculadoras do ponto de vista do pintor/poeta. Ambas as obras representam um corpo patético, absurdo na sua decadência e fragilidade, sendo este o ponto de partida para a análise da relação entre ambas.
Bibliografia
BURNS, Sarah, “Modernizing Winslow Homer”, American Quarterly, 49.3, 1997: 615-639
GOULD, Jean, Winslow Homer, A Portrait. New York: Dodd, Mead & Company, 1962
HUGHES, Robert, American Visions. London: The Harvill Press, 1997
LARKIN, Philip, Collected Poems. London: Faber and Faber, 2003
NOVAK, Barbara, American Painting of the Nineteenth Century. New York: Oxford University Press, 2007
http://www.winslow-homer.com/
http://www.nga.gov/feature/homer/homerintro.htm
http://en.wikipedia.org/wiki/Winslow_Homer
http://en.wikipedia.org/wiki/Philip_Larkin
Helena Carneiro
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Helena,
ResponderEliminarCompreendo que a união entre as duas obras (tanto o quadro como o poema) se encontre na obscuridade, fragilidade e até, na ironia da vida. Porém, e confesso que é isso que realmente gostaria de saber (espero que o partilhes na tua apresentação) é o modo como chegaste a esta junção. De que modo é que estas duas obras exercem uma união, do teu ponto de vista? Acho que é uma escolha interessante e gostava de saber o que está por de trás dela.
Fico a aguardar, com curiosidade, a tua apresentação.
Francisca Russo
Muito obrigada pelo teu comentário, Francisca. A tua pergunta é bastante pertinente e gostaria de satisfazer desde já a tua curiosidade, mas só o posso fazer mesmo no dia da apresentação.
ResponderEliminarHelena
Caros colegas, coloco também aqui um link que dá acesso a um vídeo em streaming (com uma análise do quadro e onde podem ver mais pormenores do mesmo) e à ficha técnica, por assim dizer, da obra:
ResponderEliminarhttp://www.nga.gov/collection/rightandleft.shtm