terça-feira, 23 de junho de 2009

Mudança nome do nosso blog

Queridos alunos:

Repito que foi um prazer trabalhar convosco, estou muito grata!

Decidi manter o nosso blog vivo, tornando-o o blog oficial da cadeira de Arte Norte-Americana. Assim o vosso trabalho irá constituir uma base bibliográfica para os alunos dos próximos anos, e podem sempre voltar cá e fazer comentários aos textos dos futuros colegas.

A nova morada será... tchan!

artenorteamericana-flul.blogspot.com


esta mudança vai ocorrer depois do nosso último encontro, dia 26...

domingo, 21 de junho de 2009

Desafios de Escrita, CCB

Desafios de Escrita

Nas fronteiras do corpo

por Diana Almeida

Datas: 28 Junho, 12 e 26 de Julho, 9 e 23 de Agosto

Horário: 15 às 18 horas

Sinopse: Esta intervenção, a decorrer no espaço do museu, pretende desafiar os visitantes a produzirem um pequeno texto a partir da leitura criativa de algumas das obras expostas na mostra da colecção Berardo “Arriscar o Real”. As fotografias de Helena Almeida e Cindy Sherman serão postas em diálogo com excertos poéticos de Luiza Neto Jorge e Elizabeth Bishop, ou com um poema visual que servirá de modelo para a produção escrita. Propõe-se uma abordagem criativa do objecto artístico e uma reflexão sobre a identidade, em particular sobre o modo como o corpo se constitui enquanto espaço interactivo de várias “histórias”.

Público alvo: Todos os visitantes, a partir da adolescência

Línguas usadas: Português, inglês, francês e castelhano

JOURNAL OF CONTEMPORARY ART

Professora, colegas e amigos,
encontrei o webiste do Journal of Contemporary Art que possui entrevistas a alguns artistas já nossos conhecidos. E pronto, era só um parentesis.Um abraço para todos!
http://www.jca-online.com/

Sara Santana

Encontro final...

Queridos alunos:

O nosso encontro para entrega de frequência e desvendamento da nota final será na próxima sexta-feira, 26 de Junho, entre as 11 e as 13h no ICA (Instituto de Cultura Americana, 1º andar, junto ao Departamento de Estudos Anglísticos)

até já!

O que é a Arte Norte-Americana? 5






sábado, 20 de junho de 2009

O que é a Arte Norte-Americana? 4










O que é a Arte Norte-Americana? 3







O que é a Arte Norte-Americana? 2




O que é a Arte Norte-Americana? 1





Estas imagens resultam do trabalho realizado em grupo na última aula (19 Junho). Cada aluno escolheu e trouxe uma imagem que para si representasse a resposta à questão "O que é a Arte Norte-Americana?" Depois...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

UbuWeb

Aqui fica o link para um site recheado de cinema experimental e algumas performances.

http://www.ubu.com

( link directo para os filmes http://www.ubu.com/film ).

Francisco

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Bolsa de Investigação

Cargo/posição/bolsa: Bolsa de Integração na Investigação (BII)

Referência: BII- CEAUL-2009

Área científica genérica: Literatura/Cultura/Linguística

Área científica específica: Anglística – Estudos Ingleses e Americanos

Resumo do anúncio:

Encontra-se aberto concurso para atribuição de sete Bolsas de Integração na Investigação (BII), no âmbito de projectos desenvolvidos pelo Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa, em Literatura, Cultura e Linguística de Estudos Ingleses e Americanos. Estas bolsas serão financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no quadro da iniciativa Ciência 2008.

Texto do anúncio

Encontra-se aberto, a partir de 15 de Junho, concurso para atribuição de sete Bolsas de Integração na Investigação (BII), no âmbito de projectos desenvolvidos pelo Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa, em Literatura, Cultura e Linguística de Estudos Ingleses e Americanos. Estas bolsas serão financiadas pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia, no quadro da iniciativa Ciência 2008, nas seguintes condições:

1. Descrição da Bolsa e Objectivos a atingir pelo Candidato:

A bolsa pretende oferecer formação científica prática em Estudos de Literatura, de Cultura e de Linguística, numa perspectiva transdisciplinar, e estimulando o diálogo com a Cultura Portuguesa. A bolsa pretende criar condições de estímulo ao início da actividade científica e desenvolvimento de sentido crítico, criatividade e autonomia dos bolseiros. Os bolseiros ficarão afectos a um dos projectos de investigação desenvolvidos pelos diferentes grupos do CEAUL, a saber: Literatura e Cultura Dramática; Cultura Inglesa/Estudos de Cultura; Linguística (Linguagem, Cultura e Sociedade); Literaturas e Culturas do Reino Unido e dos Novos Países de Língua Inglesa; Estudos Americanos; Literatura, Cultura e Sociedade - A Moderna Diferença; Estudos de Recepção e Estudos Descritivos. No final do período de integração na investigação, o candidato deverá ter adquirido nomeadamente as seguintes competências:

- pesquisa de bibliografia em vários suportes;

- tratamento de informação e documentação, em particular utilizando as novas tecnologias;

- aquisição e produção de conhecimentos nas áreas cientificas da literatura, da cultura e da linguística, de acordo com os actuais enquadramentos transdisciplinares;

- organização de encontros científicos nacionais e internacionais;

- preparação de publicações (actas ou colecções de ensaios derivadas dos encontros e trabalho desenvolvido).

A bolsa terá a duração de 12 meses.

2. Categorias de destinatários:

Este concurso destina-se preferencialmente a estudantes do 1º ciclo do ensino superior (incluindo alunos de primeiro ano), com bom desempenho escolar e bons conhecimentos em língua inglesa, inscritos em instituições nacionais do ensino superior público ou privado. Poderão, porém, concorrer e ser aceites alunos do 2º ciclo ou/e mestrados integrados em casos devidamente fundamentados. O curso de licenciatura frequentado deverá ser nas áreas de Literaturas e Culturas, Estudos Artísticos, Tradução ou similares.

3. Componentes financeiras:

O subsídio mensal da Bolsa será de 140 € (cento e quarenta euros). A bolsa será paga mensalmente por transferência bancária.

4. Apresentação das Candidaturas-

Prazo limite de apresentação das candidaturas: 30 de Junho de 2009

As candidaturas deverão ser apresentadas por carta de motivação e ser acompanhadas da seguinte documentação:

a) Documentos comprovativos de que o candidato reúne as condições exigíveis para o tipo de bolsa, nomeadamente, certificado de frequência de curso;

b) Curriculum vitae do candidato;

c) Fotocópia do Bilhete de Identidade;

d) Outros documentos considerados relevantes para a candidatura, designadamente certificados e/ou cartas de recomendação (máximo duas).

A documentação deverá ser enviada para:

Centro de Estudos Anglísticos da Universidade de Lisboa (ao cuidado de Professor Doutor João Almeida Flor).

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Alameda da Universidade

1600-214 Lisboa

E-mail: centro.ang@fl.ul.pt

Fax: 21 796 00 92

5. Critérios de selecção:

A selecção será realizada com base nos seguintes critérios de avaliação/condições de preferência:

- Interesse pela investigação;

- Mérito do candidato;

- Desempenho escolar;

- Eventual entrevista para determinar capacidades para o perfil descrito.

6. Processo de selecção de candidaturas:

Os resultados da avaliação das candidaturas serão divulgados até ao dia 31 de Julho, mediante projecto de lista ordenada, que será afixada nos locais de estilo e publicitada na página electrónica da FLUL domiciliada na Internet (www.fl.ul.pt).

Consoante o perfil de candidatura e as necessidades e pertinência de acolhimento nos projectos desenvolvidos pelas linhas de investigação do CEAUL, o bolseiro será então afecto a um deles, onde terá um orientador responsável pela sua formação.

Número de vagas: 7

Tipo de contrato: Outro

País: Portugal

Localidade: Lisboa

Instituição de acolhimento: Centro de Estudos Anglísticos – Universidade de Lisboa

Data limite de candidatura: 30 de Junho de 2009

(A data limite de candidatura deve ser confirmada no texto do anúncio)

2. Dados de contactos da organização

Instituição de contacto: Centro de Estudos Anglísticos

Endereço:

Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Alameda da Universidade, Cid. Universitária

Lisboa - 1600-214

Portugal

Email: centro.ang@fl.ul.pt

Website: http://www.fl.ul.pt/centros_invst/centro_angl/

3. Habilitações académicas

Vazio

4. Línguas exigidas

Inglês e Português


5. Experiência exigida em investigação

Vazio

sexta-feira, 5 de junho de 2009

TESTE

Alunos que não foram à última aula peçam apontamentos aos colegas. Fizeram-se reflexões importantes para a preparação do teste - um processo de leitura que culminará neste momento de partilha.

+ Aconselho a que levem para o teste reprodução das obras que pretendem trabalhar, para poderem vê-las enquanto estruturam a vossa análise. Assim poder-me-ão também facultar essa cópia no final, para eu corrigir o teste a partir de referência visual.

+ Teste é com consulta.

Boas leituras!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Terry Richardson / Eugénio de Andrade



Procura a maravilha.

Onde um beijo sabe
a barcos e bruma.

No brilho redondo
e jovem dos joelhos.

Na noite inclinada
de melancolia.

Procura.

Procura a maravilha.




Terry Richardson

Terry Richardson nasce em 1965 na cidade de Nova York.
Quando nasceu, o seu pai, que era fotógrafo de moda, estava no apogeu da sua carreira e a sua mãe era uma dançarina conhecida no circuito nova-iorquino, viviam então uma vida de jet set que muda quando os seus pais se divorciam em 1970.
Richardson muda-se com a mãe, primeiro para Woodstock e mais tarde fixando-se em Holywood, que se torna empregada de mesa e casa-se pela segunda vez.
Por volta dos seus 10 anos a mãe de Terry Richardson sofre um grave acidente que a deixa permanentemente inválida e mergulha a familia na pobreza.
Por esta altura Richardson começa a usar drogas, alcool e a consumir pornografia que lhe dava um certo sentimento de conforto. Este contexto de agrava-se quando se junta ao movimento punk.
Começa a trabalhar como assistente de fotógrafos por precisar de dinheiro e a partir desse contacto com o mundo da fotografia começa a acreditar que podia ser fotógrafo.
Começa a fotografar em 1989 e nessa altura o pai convence-o a ir para Nova York para ser fotógrafo de moda.
Em 1993 ganha o seu primeiro prémio, no Festival de la Mode, por uma fotografia publicada na revista “Vibe” e abrem-se-lhe as portas para o mundo da moda e do sucesso.
Terry Richardson tem lançado vários livros onde pode exibir o seu trabalho para além das campanhas publicitárias.




Eugénio de Andrade

Nasce José Fontinhas Rato,em 1923, na Póvoa da Atalaia, na Beira Baixa, entre o Fundão e Castelo Branco. É filho de camponeses abastados e passa a maior parte da infância com a mãe, que é frequentemente referida nos seus poemas.
O seu interesse pela literatura começa cedo e desde pequeno costumava frequentar bibliotecas públicas. Já mais tarde abandona o curso de Filosofia para se dedicar à escrita e passa trabalhar nos Serviços de Saúde, passando mais tarde para os quadros do Ministério da Saúde.
Publica o seu primeiro poema, “Narciso”, em 1939 e pouco tempo depois passa a assinar como Eugénio de Andrade. Publica o primeiro livro, “Adolescente”, em 1942 mas só em 1948, com “As Mãos e os Frutos” é que alcança o sucesso e faz amizade com Mário Cesariny e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Não está associado a nenhuma estética literária, como estavam a maior parte do seus colegas escritores na época, apesar de aproveitar algumas influências das estéticas correntes. Como muitos escritores que começam a escrever na mesma altura que Andrade, revela que uma das suas maiores influências é Fernando Pessoa.
Eugénio de Andrade era conhecido por ser bastante recatado e discreto, especialmente no que diz respeito à sua homossexualidade.
Morreu em 2005.



Vivemos numa época em que já nada nos choca?
Um artista que nasceu e viveu numa época em que ainda se lutava pela liberdade individual, pela aceitação do que era diferente e pela possibilidade de sê-lo na plenitude e outro que pode, livremente, explorar e exibir artisticamente a sua forma de ver e pensar o mundo.
A atracção de Terry Richardson pela pornografia não é completamente oposta à atracção de Eugénio de Andrade pelo erotismo, especialmente, tendo em conta, os anos das primeiras publicações do poeta.
A fotografia de Richardson capta a homossexualidade e a ambiguidade de género duma forma muito leve e despreocupada,as pessoas parecem estar divertidas e a expressão sexual parece fácil, isso relaciona-se também com a efemeridade do sexo que é, hoje
em dia, absolutamente comum.
Culturalmente a exposição sexual é ainda um tabu, mas é já muito apreciada no contexto artístico, o que Richardson pensa sobre o assunto é o seguinte: “ I think it will become the norm for people to have cameras in their homes, documenting their sexual activity. It’s there; why not bring it out into a mainstream context?”
Pelo contrário, a sexualidade na poesia de Eugénio de Andrade surge como um envolvimento muito mais profundo e intenso emocionalmente. Parece que todas as sensações fisicas vêm da alma e no caso de Richardson vêm, exclusivamente, da carne.
Mas a verdade é que a poesia permite essa neblusidade que apazigua a verdadeira crueza do mecanismo do sexo, crueza essa que se capta em Richardson. Esta exibição erótica camuflada aparece na poesia de Andrade pelo paradigma do não-dito.
Uma fotografia sexualmente explícita implica exibição sexual enquanto que as referências sexuais num poema não significam, necessáriamente, veracidade vivênciada pelo autor ou pelo sujeto do poema.
Mas no fim de contas não são estas duas peças uma exibição daquilo que, ainda, é entendido como intimidade?
Será legitimo condenar a fotografia de Richardson como pornografia gratuita e negar-lhe, por isso, o estatuto de arte?


Bibliografia:
Richardson, Terry.TERRYWORLD.New York:TASCHEN,2008.

Sitografia:
www.terryrichardson.com
www.astormentas.com/andrade.htm
www.fundacaoeugenioandrade.pt
cvc.instituto-camoes.pt/figuras/eandrade.html

Sílvia Rocha, nº34601

terça-feira, 2 de junho de 2009

Mike Kelley / Mário Quintana


Cover for Sonic Youth’s Dirty, 1992



Recordo Ainda
de Mário Quintana
Recordo ainda (e nada mais me importa)
Aqueles dias de uma luz tão mansa
Que me deixavam, sempre, de lembrança,
Algum brinquedo novo à minha porta…
Mas veio um vento de desesperança
Soprando cinzas pela noite morta!
E eu pendurei na galharia torta
Todos os meus brinquedos de criança…
Estrada afora após segui… Mas, ai!
Embora idade e senso eu aparente,
Não vos iludais o velho que aqui vai:
Eu quero os meus brinquedos novamente!
Sou um pobre menino – acreditai -
Que envelheceu, um dia, de repente…

Mike Kelley

Nasceu a 1954 em Detroit. Produziu desenhos, objectos, performances, vídeos
Criou os chamados ”Stuffed animals” (Cartoons).
Produziu capas de álbuns de bandas de rock alternativo (Sonic Youth, Nirvana).
Predominam nas suas obras as cores vivas.
É um dos artistas americanos contemporâneos mais importantes a reflectir / pensar sobre a cultura popular, a sua iconografia e os seus rituais. Colabora regularmente com outros criadores onde reside, na vizinhança de Paul McCarthy, Tony Oursler, Jim Shaw ou John Miller.


Mário Quintana

1906-1994
Natural de Alegrete, fez as suas primeiras letras na sua cidade natal, mudando-se em 1919 para Porto Alegre, onde estudou no Colégio Militar, publicando aí as suas primeiras produções literárias. Trabalhou na Editora Globo e depois na farmácia paterna.

Considerado o "POETA DAS COISAS SIMPLES" trabalhou como jornalista quase toda a sua vida.
Em 1940 lançou o seu primeiro livro de poesias, A rua dos cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966 foi publicada a sua Antologia poética, com 60 poemas inéditos, lançada para comemorar os seus 60 anos.

É possível notar na obra do poeta uma forte influência de textos bíblicos, tais como semelhança a provérbios. Na sua obra tenta exprimir uma moral recorrendo à reflexão. As suas obras são marcadas pela ironia, profundidade, pessimismo, ternura em certos aspectos e perfeição técnica.
"Apreciador das coisas aparentemente irrelevantes da vida", Mário Quintana é um pensador, e sua filosofia é manifestada no verso.
Algumas relações intertextuais: Saudade dos tempos de criança (revolta), sentimento de ser eternamente criança, presença dos brinquedos, ligação afectiva, felicidade esvanecida.





Bibliografia
- DOSS, Erika, Twentieth-Century, Oxford History of Art


Sitiografia
- http://blog.sitedepoesias.com.br/poemas/recordo-ainda/
- http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp
- http://www.geocities.com/athens/acropolis/2776/quintana.html
- http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rio_Quintana
- http://www.paulomendes.org/?pagina=noticias/noticias&accao=ver_noticia&id_noticia=63


Raquel Comprido, nº 38995

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Educação pela Arte

Câmara Clara sobre Educação pela Arte.

Com Madalena Victorino (com quem tive a honra de trabalhar alguns anos no CCB) e Natália Pais.

Alteração plano aula 5 Junho

Na próxima sexta vamos analisar o ensaio "Recent Developments in the Theory of the Body", da autoria de Bryan S. Tuner (Feartherstone, Mike, Mike Hepworth e Bryan S. Tuner,

The Body: Social Process and Cultural Theory.

Londres: Sage, 2001 [1991]).

Sugiro que estudem o artigo até lá e tragam questões para a aula, de modo a ficarem preparados para o teste, que será sobre o tratamento do corpo (consultem post com tópicos sugeridos) na obra de artistas por vós definidos.
Recordo que devem escolher no total dois artistas (de duas épocas distintas) referidos na série de Robert

Hughes. American Visions: An History of American Art & Architecture.

sábado, 30 de maio de 2009

Diane Arbus / Walt Whitman





Identical Twins, Roselle NY 1967, Diane Arbus



I am the poet of slaves,and of the masters of slavesI am the poet of the bodyAnd I am[Entire passage struck through]
I am the poet of the bodyAnd I am the poet of the soulThe I go with the slaves of the earth are mine andThe equally with the masters are equally [illegible]And I will stand betweenthe masters and the slaves, And I Entering into both, andso that both shall understand me alike.

Walt Whitman, Leaves of Grass, Notebook, 1857

Diane Arbus, fotógrafa Norte-Americana. Nasceu a 14 de Março de 1923 na cidade de Nova Iorque e morreu a 26 de Julho de 1971.
Conhecida pelos seus retratos, ganha destaque na história da fotografia por ter sido a primeira fotógrafa americana a ser escolhida para a Bienal de Veneza de 1972.
Arbus rompe com a representação realista da escola documental dos anos 30/40.
Segundo John Szarkowski, fotógrafo norte-americano (1925-2007), "a sua obra afastou-se das principais preocupações da geração anterior, valorizando a precisão psicológica acima da frontal, o particular acima do social, aquilo que era permanente e protótipo acima do efémero do fortuito e a coragem acima da subtileza."
A “verdade” da obra está na integridade pessoal do fotógrafo.
A sua opção, de fotografar pessoas incomuns, assina os seus trabalhos, mostrando ao mundo um outro olhar sobre os “freaks”.
Com o objectivo de realçar os objectos em relação ao fundo, Arbus utiliza o flash durante o dia esta dupla exposição à luz sublinha o essencial.

Período histórico; Segunda Grande Guerra, Guerra do Vietname, Guerra-fria.

Walt Whitman, poeta norte-americano. Nasce a 31 de Maio de 1819 em Long Island, e morre a 26 de Março de 1892.
Considerado um dos maiores poetas norte-americanos, rompe a ideia de imitação da arte europeia através do seu patriotismo.
Poeta democrata, marca os seus textos com referências à igualdade e, constrói, também ele, a história do país.
“He was the poet who dared to claim poetry for America as well as America for poetry”[1]
A sua principal obra, Leaves of Grass, foi editada pela primeira vez em 1855, continha apenas doze poemas e não era assinada. Ao longo da sua vida foi reeditando Leaves of Grass, construindo uma visão histórica da América baseada nas suas próprias experiências, como por exemplo” Drum-Taps”, que tem por base a sua vivência da Guerra da Secessão. Leaves of Grass foi reeditado oito vezes.
A utilização do verso livre marcou toda a literatura posterior como o caso do poeta e ensaísta português Fernando Pessoa.

Período Histórico; Expansão do território americano, crise económica de 1837, Guerra da Secessão, 1861-1865, Abolição da escravatura, 1863.

Numa leitura transversal ao retrato de Diana Arbus e ao poema de Walt Whitman, é clara a ideia de identidade.

O retrato, uma forma linear de imortalizar o momento, um congelamento do tempo, a questão dos gémeos, uma duplicidade da própria natureza como um sublinhar de que todos somos iguais. A utilização de roupas iguais, transformando dois indivíduos numa cópia fiel do outro. Contudo Arbus tenta mostrar que a identidade é marcada por muito mais do que simples marcas, como num jogo das diferenças. Aqui reside a verdadeira arte de Arbus. Perante o que parece ser um retrato simples de duas irmãs, neste caso gémeas, uma imagem que poderia ser um retrato inocente de família, é sublinhada a mensagem de que cada indivíduo tem a sua própria identidade. Ao observarmos o retrato vemos a diferença no sorriso, a diferença do olhar, que numa primeira leitura parece ser idêntico, referência ao título, Identical Twins.
A descentralização da fotografia é também uma marca dessa identidade, embora a gémea que se encontra à esquerda do enquadramento esteja mais centrada é na luminosidade da identidade, da singularidade, que somos imediatamente atraídos para a gémea à direita.
A frontalidade, conseguida através da utilização do ângulo recto, posição da câmara face ao objecto, torna o retrato, de alguma forma, num Raio X psicológico, em que não há subterfúgios, esta frontalidade, linearidade confere humildade à obra de Arbus. Salientando, para um olhar mais atento, democracia, igualdade, humanidade.

No poema de Walt Whitman, é na utilização do pronome pessoal “I”, utilizado pelo poeta que, como o Professor Mário Jorge Torres diz, Whitman utiliza como um pseudónimo que por acaso é o seu próprio nome, que encontro a primeira marca de identidade. É nesta familiaridade, nesta exposição, que Whitman se aproxima do leitor. De alguma forma, com a mesma humildade que Arbus imprime nos seus retratos, sublinhando a individualidade em relação ao colectivo. Por outras palavras, distingue o indivíduo dentro da sociedade, atribuindo-lhe ou salientando as marcas do seu carácter visíveis através da fotografia.
Ainda em relação ao poema, palavras como equally, between, alike, transcrevem a ideia de um plano único. Um mesmo mundo para pessoas diferentes onde todos podem e devem ser aceites. À parte da identidade, papel de cada um, uma democracia que promove igualdade” entering into both // so that both shall understand me alike”.
É neste paralelo que encontro o verdadeiro elo entre o retrato de Arbus e o poema de Whitman. A forma como ambos retratam uma América pessoal, uma América visitada por Americanos, que não apenas vêem, mas sentem as diferenças, as desigualdades, os esquecidos.
Assim como Walt Whitman resgatou para a poesia problemas como o da escravatura, Arbus trouxe a imagem dos que, na sua diferença, são os verdadeiros escolhidos.


Bibliografia / Sitiografia
Alves, Teresa, Teresa Cid (coord), Walt Whitman “Not only summer, but all seasons”, Ed Colibri
http://www.poets.org/
http://whitmanarchive.org/
http://bailiwick.lib.uiowa.ed/
http://www.youtube.com/
http://www.wikipedia.org/
http://www.americanpoems.com/
http://www.masters-of-photography.com/
http://www.artphotogallery.org/
www.ldesign.wordpress.com


Marisa Vieira
Nº 35663
[1] Walt Whitman “ Not only summer, but all seasons”, pag, 11

terça-feira, 26 de maio de 2009

Jasper Johns / Hart Crane

Jasper Johns/Hart Crane



JASPER JOHNS (1930- )

Jasper Johns nasceu em 1930 em Augusta, Geórgia. Após o divórcio dos pais, em 1932 ou 1933, foi educado pelo seu avô paterno que vivia na Carolina do Sul. No inicio dos anos 60, Johns afirmou numa entrevista que começara a desenhar aos três e tinha parado.


Segundo Alan Solomon, o trabalho maduro de Johns começa com a primeira Bandeira, pintada em 1955. O título Bandeira era uma ilusão, pois a bandeira não era real, mas apenas uma representação,um objecto, plano, imóvel e bidimensional. A sua imagem da bandeira americana tornou-se o motivo que mais se identifica com Johns, porque pegou nela, tal como em várias das suas imagens e levou-a através de variações ao longo das décadas que se seguiram.


A confluência da imagem com o campo pictórico ,muito rara na época, intrigou os críticos. Para os observadores contemporâneos, a bandeira parecia juntar dois conceitos e abordagens opostos -original e reprodução, a pintura gestual do Expressionismo Abstracto e a ideia de Marcel Duchamp do ready-made. Os primeiros objectos de Johns -bandeira, alvos, letras e números- eram bidimensionais; para os retratar bastava reproduzi-los. A técnica da encáustica – uma mistura de tinta de óleo e papel de jornal com cera derretida, aplicados sobre a tela – era pouco comum e tornou-se a sua imagem de marca. Usada pela primeira vez na Bandeira, permitia-lhe tornar visível cada pincelada separada e assim, o próprio processo de pintar.


Ao nível dos temas, as bandeiras e os alvos cumpriam ainda uma outra pré- condição básica do seu trabalho. Não só eram “concretos”, como eram “coisas que se vêem mas para as quais não se olha, não são examinadas, e ambas têm áreas definidas que podem ser medidas e transferidas para a tela” explicou Johns a Walter Hopps em 1965. Claro que a bandeira não era um objecto neutro. Em meados da década de 1950, os EUA tinham-se tornado uma potência mundial a nível político e económico. Em Dezembro de 1942, o congresso elaborou estipulações legais detalhadas sobre a utilização pública da bandeira; em 1954, o Dia da Bandeira (a comemoração anual da introdução da bandeira nacional americana a 14 de Julho de 1777), foi celebrado com entusiasmo. No clima político da Guerra-fria, proliferavam as tendências patrióticas; ao longo dos anos, as Bandeiras de Johns foram arrastadas para o contexto político.

Flag,1954,1955


Harold Hart Crane (1899-1932)

Nascido a 21 de Julho de 1899, este poeta inspirou-se nos poemas de T.S. Eliot e as suas obras eram tradicionais na forma e arcaicos a nível de linguagem. Harold Hart Crane nasceu em Garrettsville, (Ohio) , em 1899 e cometeu suicídio ao atirar-se do convés do navio S. S. Orizaba junto à costa da Florida, em 26 Abril de 1932.
A sua educação foi informal. Não acabou o secundário, aos 17 anos convenceu os pais (que se tinham acabado de se divorciar) a deixá-lo ir para Nova Iorque. A maioria dos seus poemas em The Bridge (1930) foi escrita nas Isle of Pines ao largo da costa de Cuba onde a família possuía uma casa de campo para passar férias.
Na poesia de Crane a visão épica da história americana centra-se nos diversos avanços tecnológicos (comboio, metro, avião) que criam a ilusão de conquista do espaço devido á aceleração do consumo do tempo. Crane era também homossexual numa cultura homofóbica e é esse factor que possivelmente torna a suas obras mais complicadas de interpretar pois possivelmente utilizava um estilo mais complexo para codificar questões relativas à sua identidade sexual. Crane assume a importância e qualidade da obra de T.S.Eliot mas não apoia o seu modo escrita, tornando-se o seu objectivo ultrapassar o pessimismo do modernismo com a escrita de Walt Whitman. Em The Bridge (1930), está incluído o poema “Cape Hatteras”, nome de um cabo situado na costa atlântica da América do Norte. Este poema refere a história da América num movimento de expansão decadente, com a perda dos valores tradicionais e o aumento e procura incessante do capitalismo.

The captured fume of space foams in our ears--


What whisperings of far watches on the main


Relapsing into silence, while time clears


Our lenses, lifts a focus, resurrects


A periscope to glimpse what joys or pains


Our eyes can share or answer--then deflects


Us, shunting the labyrinth submersed


Where each sees only his dim past reverse


excerto de "Cape Hatteras" de (1930)


Este excerto do poema de Crane inspirou a obra , Periscope (Hart Crane) de 1963. Neste quadro a composição é dividida horizontalmente em três partes. Sobreposta a estas divisões e localizada no lado direito da tela, existe uma área de tinta, neste caso, uma meia circunferência que começa no canto superior direito e que termina um pouco mais de meio caminho abaixo de cor cinzenta, onde existe uma impressão da mão e braço do artista em tinta preta, sugerindo que as mãos do artista foram as ferramentas para a raspagem. A secção superior é rotulada "RED" com letras de Stencil preto no centro do painel. Há também porções da palavra em cores cinza ao longo da secção. O painel central é tratado de maneira similar, excepto com o rótulo cinza escuro "YELLOW", e a ligeira inclusão do que parece ser manchas vermelhas e laranja pintadas sobre a letra "E." A porção extra visível da palavra é "EY", que resulta da palavra "YELLOW" no revertida, estabelecido ao lado da palavra correctamente ordenada e invertida no lado esquerdo da tela. O último painel é semelhante aos outros dois a nível de estilo e de tratamento, exceptuando o uso da etiqueta "BLUE em cinza claro. O fundo das áreas de cada uma das três secções é totalmente coberto com uma pincelagem rápida e gotejada envolvendo a área de preto, cinzas, branco e com uma distribuição visualmente equilibrada.
Afoot again, and onward without halt,-
Not soon, nor suddenly,-no, never to let go
My hand
In yours,
Walt Whitman----
So----
Nesta última estrofe do poema é possível que Crane quando refere “My hand in yours, Walt Whitman, so , esteja metaforicamente a dar o seu apoio a Whitman. Jasper Johns também pode ter essa intenção: o braço estendido pode ser visto como se Johns estivesse a dar a mão a Crane que admirava e por sua vez Crane dá a mão a Whitman numa união entre artistas que se apoiam.


Sitografia:

www.en.wikipedia.org/wiki/Jasper_Johns
www.artchive.com/artchive/J/johnsbio.html
www.nga.gov/exhibitions/johnsinfo.shtm

Cátia Almeida Nº 37329

domingo, 24 de maio de 2009

Cindy Sherman - Al Berto

Cindy Sherman
Untitled Film Still # 48, 1979
Black-and-white photograph
8 x 10 inches

O LUGAR é agreste
manchado de mil amarelos em expansão vermelhos
as veredas abrem-se húmidas
quando o sol está a pique e fere tudo o que se move

eles caminham na direcção das ruínas lado a lado
de costas para o olho da câmara
descrevem um longo movimento circular
por hoje chega
basta-nos filmar o crepúsculo

quando chegados ao cimo da colina
as ruínas da casa desaparecem na fulguração campestre do calor
o sal envolve-os despem-se
e as urtigas fustigam os sexos
estamos muito próximos de um mar

apesar do mau tempo não choverá
ficamos com a certeza de um pouco de sémen derramado
durante o dia com inocência

mais tarde
a solidão evadir-se-á da cumplicidade muda da ave pousada sobre a pedra

Al Berto
de «Trabalhos do Olhar», 1976/82: Filmagens, 1980/81


Cindy Sherman nasceu em New Jersey, mas passou toda a sua infância e parte da adolescência em Long Island. Ainda jovem, decide frequentar as aulas da Satate University College, de Buffalo, onde conhece Robert Longo. Juntos criam um espaço de exposições independente, Hallwalls. Em 1977, começa a servir-se de si mesma como modelo na série Untitled Film Stills, onde interpreta várias personagens femininas, estereotipadas, de filmes de série B, de clássicos de Hollywood, de film noirs ou de filmes estrangeiros (principalmente os filmes da Nouvelle Vague francesa e do Neorealismo italiano). Em 1980, realiza com esta série uma exposição individual num dos berços da avant-gard do final do século XX, The Kitchen. Este evento granjeia-lhe o reconhecimento do público e dos críticos e faz com que entre numa brilhante ascensão.

A série Untitled Film Stills foi inspirada nas fotografias que eram usadas para fazer publicidade aos filmes nos cinemas – as film stills. Estas representavam um momento chave do filme, contendo todo o seu espírito e atmosfera. Quando se tratava de filmes mais antigos, eram impressas a preto e branco e tinham muitas vezes o formato de 8x10''.
Nesta fase, Sherman representa “the most artificial-looking kinds of women” - mulheres carregadas de maquilhagem, que usam saltos altos, soutiens pontiagudos, etc. Aqui, são retratadas personagens-tipo, desde a mulher de carreira, passando pela rapariga inocente da “small town” até à fulgurante bibliotecária. Untitled Film Stills têm uma enorme carga dramática, sendo a acção subentendida pelo observador. Cindy Sherman não nos diz do que é que falam as suas fotografias, nós é que as temos que interpretar. Tal como os film stills, estas fotografias obrigam-nos a levantar questões sobre a personagem retratada, a acção em que está envolvida, o tipo de filme representado, a identidade da actriz, etc; as respostas que são obtidas vão variar consoante o observador e depender do nível de conhecimento cultural/cinematográfico de cada um.


Al Berto nasceu em Coimbra, mas foi em Sines que cresceu, até à sua adolescência. Frequentou dois cursos de artes plásticas, um em Portugal e outro em Bruxelas (em 1967). A partir de 1971 dedicou-se exclusivamente à literatura. Os seus textos são caracterizados por apresentarem, muitas vezes, um carácter fragmentário, numa ambiguidade entre a poesia e a prosa. A sua obra poética, de certo modo, recupera uma herança surrealista, que junta o real ao imaginário. Nela é representada, frequentemente, um quotidiano de objectos e de pessoas, passado e presente, que liga um tempo histórico a um tempo individual.
Al Berto tinha um estilo auditivo, durante o seu processo criativo lia os seus poemas em voz alta e era em voz alta que mais gostava de expressar a sua obra, segundo ele “os poemas precisam de uma voz”. Participou em várias leituras públicas. Tal como Sherman foi actriz nas suas fotografias, Al Berto poderá ter sido actor da sua própria escrita ao interpretar a sua obra em frente a um público.

Ao observarmos a imagem Untitled Film Still # 48 de Cindy Sherman e o poema [O lugar...] de Al Berto encontramos logo um ponto em comum, ambos pretendem ilustrar um ambiente cinematográfico, um ambiente que, mesmo não pertencendo a um filme real, conseguimos identificar, é-nos familiar. Tanto num como no outro existe uma linha ténue a separar o real do imaginário.
Para além disso, ambos apontam para o tema da solidão. Em Sherman, essa solidão é visível na forma como a figura feminina está retratada, a olhar para o horizonte, de costas para a câmara, à espera que alguém apareça ou que alguma coisa aconteça naquela paisagem deserta. Já em Al Berto, a solidão é ilustrada de duas formas através do último verso: “a solidão evadir-se-á da cumplicidade muda da ave pousada sobre a pedra”, aqui a solidão tanto pode ser alusiva às ruínas da casa, que depois do anoitecer ficam desertas, sem nenhum habitante, a não ser a ave que lá pousa, como pode ser uma metáfora dos actores, que inicialmente, mesmo que acompanhados durante as filmagens e de terem tido uma relação, ainda que fictícia, sentem-se sozinhos, no entanto, à medida que o tempo passa essa solidão vai-se evadindo da “cumplicidade muda” entre os dois.
Uma das muitas diferenças entre estes dois artistas reside no facto de Al Berto transpor para a sua obra as principais problemáticas da sua vida pessoal, tais como o exílio, a homossexualidade, a vida errante, a doença (Sida) e a noção de morte próxima, enquanto que Cindy Sherman apenas representa personagens-tipo que, aparentemente, não têm qualquer ligação com a sua própria vida.

Bibliografia Convencional

OWENS, Craig, Cindy Sherman, London, October Press, 2006
DANTO, Arthur Coleman, Cindy Sherman: Untitled Film Stills, New York, 1990, p. 8 - 14
MORRIS, Catherine, Cindy Sherman, New York, Harry N. Abrams, Inc, 1999, p. 5 - 54
RUHRBERG, Karl, SCHNECKENBURGER, Manfred, FRICKE, Christiane, HONNEF, Klaus. Arte do Século XX: Pintura, Escultura, Novos Media, Fotografia. Colónia, Taschen, 2005, p. 676, 677
GROSENICK, Uta, RIEMSCHNEIDER, Burkhard, Art Now, Colónia, Taschen, 2005, p. 288 – 291
CHOUGNET, Jean-François, DEMPSEY, Amy, CORNE, Eric, ALMEIDA, Bernardo Pinto de, Museu Berardo: Um Roteiro, Londres, Thames & Hudson Ltd., 2007, p.130
Al Berto, Vigílias, Lisboa, Assírio & Alvim, 2004, p.47
Al Berto, O Último Coração do Sonho, Vila Nova de Famalicão, Quasi Edições, 2006, p. 15 – 31
DUNCA, Paul, Alfred Hichcock: A Filmografia Completa, Colónia, Taschen, 2003


Bibliografia Virtual

http://www.tate.org.uk/servlet/ViewWork?workid=26065
http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-026X2003000100004&script=sci_arttext
http://en.wikipedia.org/wiki/French_New_Wave
http://en.wikipedia.org/wiki/Italian_Neorealism
http://en.wikipedia.org/wiki/Classical_Hollywood_cinema
http://www.astormentas.com/alberto.htm
http://www.assirio.com/autor.php?id=973&i=Q
http://nescritas.com/homenagemalberto/
http://pt.wikipedia.org/wiki/Al_Berto
http://www.theslideprojector.com/art6/art6lecturepresentations/art6lecture13.html


Cinematografia

SHERMAN, Cindy, Doll Clothes, 1975
Hitchcock, Alfred, Vertigo, 1958
Hitchcock, Alfred, Os Pássaros, 1960
Hitchcok, Alfred, Psico, 1960
Godard, Jean-Luc, Á Bout de Souffle, 1960


Inês Oliveira Carvalho, nº 37101


Berenice Abbott + Donald Justice

Huts and unemployed, West Houston and Mercer Street, Manhattan - 25 de Outubro de 1935

Berenice Abbott -Fotógrafa americana nascida em 1898. Conhecida pelo seu trabalho fotográfico Changing New York, Abbott fotografou a arquitectura da cidade de Nova Iorque durante os anos 30 ao mesmo tempo que nos mostrava os momentos conturbados que se vivia nos EUA durante a Grande Depressão. Os objectos fotográficos de Berenice Abbott eram muitas vezes de pessoas do mundo artístico e literário, tendo inclusive fotografado o escritor James Joyce. O seu trabalho mais conhecido intitulou-se, Changing New York e foi subsidiado pelo governo americano através do programa FAP (Federal Art Project).

Donald Justice - Poeta americano nasceu a 12 de Agosto de 1925 em Miami. Era para além de poeta e escritor, professor. Em 1980 ganhou o Pulitzer Prize. Foi membro da Academia de Artes e Letras e Presidente da Academia de Poetas Americanos desde 1997 a 2003. Donald Justice é conhecido pela importância que dá à rima na sua poesia.

Excerto do poema Pantoum of the Great Depression de Donald Justice:

Our lives avoided tragedy
Simply by going on and on,
Without end and with little apparent meaning.
Oh, there were storms and small catastrophes.

Simply by going on and on
We managed. No need for the heroic.
Oh, there were storms and small catastrophes.
I don't remember all the particulars.

We managed. No need for the heroic.
There were the usual celebrations,
the usual sorrows. I don't remember all the particulars.
Across the fence, the neighbors were our chorus (...)

Os anos 30 nos EUA, foram marcados pela Grande Depressão que alterou não só a economia do país como também todas as formas de arte . O New Deal veio ajudar os artistas, quando também eles estavam a passar por muitas dificuldades. O presidente Roosevelt criou assim o FAP (Federal Arts Program) à qual Abbott pertencia. O principal objectivo de Berenice Abbott com o seu trabalho Changing New York era fazer um estudo sociológico relacionado com as alterações do início do século XX em Nova Iorque nomeadamente a Grande Depressão, a construção e arquitectura que de dia para dia preenchia Nova Iorque. A cidade estava a mudar e Abbott quis testemunhar essa mudança.

Os homens que observamos na fotografia a tentar acender um cigarro são os chamados Forgotten Men(expressão utilizada pela primeira vez por Roosevelt num dos seus discursos) que são todos aqueles que o New Deal não conseguiu ajudar. Afinal, o sistema de recuperação económica não foi infalível. Estes dois homens são apenas dois exemplos dos milhares de homens e mulheres que viviam nas ruas de Nova Iorque nomeadamente perto da Brooklin Bridge e no Central Park. Ao observarmos esta fotografia ficamos com a ideia de que estes homens estavam a tentar construir o seu “home away from home”, pois as barracas que construíram assemelham-se muito à construção de uma casa. Os quadros pendurados do lado de fora da casa recriam o lar que desejam ter. Estes homens procuram continuar a ser dignos e “civilizados” não permitindo que a pobreza extrema a que muitos chegaram lhes afecte a sua“humanidade”.

Ao observarmos as janelas por cima das barracas podemos dizer que estes homens estão presos no sistema que lhes roubou tudo o que têm. Estão “afastados” do mundo. O beco onde vivem, pode ser interpretado como o pátio de uma prisão. Quando olhamos pela primeira vez para esta fotografia, apenas vemos dois homens e podemos até assumir que só eles vivem naquele lugar. Contudo, se olharmos bem a fotografia, verificamos que as barracas continuam e que não se sabe ao certo quantas pessoas vivem naquelas condições.

O poema de Donald Justice espelha muito bem a luta de todos os homens e mulheres que durante aqueles tempos conturbados lutavam por um futuro melhor. Mesmo com o desespero que se vive nas ruas, há sempre o amanhã. A Grande Depressão pode-lhes ter levado as suas casas, mas não lhes leva a vida e a esperança.“we managed” diz Justice no seu poema. E foi exactamente isso que estes homens e mulheres fizeram para conseguirem sobreviver.

Sitografia:

http://en.wikipedia.org/wiki/Donald_Justice ( última consulta: 21/05/09)
http://www.washingtonpost.com/wp-srv/style/books/features/19980920.htm
( última consulta: 21/05/09)
http://www.flickr.com/photos/nypl/sets/72157610903925533/ ( última consulta: 21/05/09)
http://www.mcny.org/museum-collections/berenice-abbott/passion.htm ( última consulta: 21/05/09)
http://jessica.teicher.googlepages.com/lifeofbereniceabbott ( última consulta: 21/05/09) http://xroads.virginia.edu/~UG99/vizzuso/photos.html ( última consulta: 21/05/09)
http://thestrangedeathofliberalamerica.com/fdrs-forgotten-man-speech-the-reaction.html ( última consulta: 24/05/09)

Foto: http://farm4.static.flickr.com/3061/3109787453_727c6b58f5.jpg ( última consulta: 21/05/09)

Liliana Matias nº 36261

2º ano de LLC- Estudos Norte-Americanos

sábado, 23 de maio de 2009

Carrie Mae Weems + Harper Lee

Carrie Mae Weems - 'Mirror, Mirror' - 1986


“ ‘(...) What was the evidence of her offence? Tom Robinson, a human being. She must put Tom Robinson away from her. Tom Robinson was her daily reminder of what she did. What did she do? She tempted a Negro.
‘She was white, and she tempted a Negro. She did something that in our society is unspeakable: She kissed a black man. Not an old uncle, but a strong young Negro man. No code mattered to her before she broke it, but it came crashing down on her afterwards.
‘Her father saw it, and the defendant has testified as to his remarks. What did her father do? We don’t know, but there is circumstancial evidence to indicate that Mayella was beaten savagely. (...) We do know in part what Mr. Ewell did: he did what any God-fearing, persevering, respectable white man would do under the circumstances – he swore out a warrant. (...)
‘And so a quiet, respectable, humble Negro who had the unmitigated temerity to “feel sorry” for a white woman has had to put his word against two white people’s. (...) The witnesses for the state (...) have presented themselves to you gentlemen in the cynical confidence that their testimony would not be doubted, confident that you gentlemen would go along with them on the assumption that all Negroes lie, that all Negroes are basically immoral beings, that all Negro men are not to be trusted around our women, an assumption one associates with minds of their calibre”

Excerto das alegações finais de Atticus Finch enquanto advogado de defesa de Tom Robinson. Retirado do livro To Kill A Mockingbird de Harper Lee, capítulo 20, p.225.


Carrie Mae Weems nasceu em Portland, Oregon em 1953. As suas primeiras fotografias foram tiradas em contextos políticos, visto que estava bastante envolvida na luta dos trabalhadores pela igualdade de direitos. Só começou a tirar fotografias de cariz artístico quando teve acesso ao livro The Black Photography Annual, um livro de imagens captadas por fotógrafos afro-americanos. Isto levou-a a mudar-se para Nova Iorque e ao Studio Museum no Harlem, onde conheceu um sem número de artistas e fotógrafos, tais como Frank Stewart e Coreen Simpson.
As suas fotografias, filmes e vídeos, que já foram exibidos mais de 50 vezes nos Estados Unidos e pelo resto do mundo, focam-se, maioritariamente, em questões como o racismo, as relações entre géneros, política e a sua própria identidade.

“Let me say that my primary concern in art, as in politics, is with the status and place of Afro-Americans in our country.” Carrie Mae Weems


To Kill A Mockingbird (Não Matem A Cotovia) foi escrito por Harper Lee em 1960.
O livro apresenta um retrato humano de uma pequena comunidade sulista norte-americana, Maycomb, nos anos 30, altura da grande depressão. Através dos olhos sinceros de uma criança, Scout Finch, observamos o por vezes lento, por vezes explosivo, despertar de um ódio racial colectivo quando um jovem negro é acusado de violar e espancar uma rapariga branca.Atticus Finch, advogado do ministério público, homem de valores morais acima de qualquer suspeita, é apontado para a defesa do réu. A partir desse momento todas as suas acções pessoais e profissionais serão colocadas em causa perante uma comunidade preconceituosa.


Algo que salta logo à vista após a leitura do texto e a visualização da fotografia é a questão da forma como se percepciona aquilo que não se conhece e como muitas vezes tomamos a parte pelo todo. No texto, é referido que aqueles que acusam Tom Robinson, acreditam que todos os negros são iguais, todos mentem, todos são imorais. Já no quadro olhamos para aquela mulher e não sabemos nada sobre ela, mas à partida é uma mulher como qualquer outra, que se vê ao espelho e a quem as opiniões externas interessam, mesmo que sejam negativas. O seu ‘reflexo’ é de uma grande ambiguidade, não conseguimos perceber ao certo se é um homem ou uma mulher. No entanto, faz-nos pensar em todas as imposições que nos são colocadas pela sociedade e que são consideradas ‘normais’.
A legenda da fotografia foi baseada numa piada que os indivíduos ‘brancos’ costumavam contar sobre os negros. É curioso pensar no porquê de se usar uma história infantil de forma tão violenta, suponho que se deve principalmente ao facto de estas histórias serem uma parte importante do crescimento e processo de socialização das crianças. Que melhor forma de enraizar na mente das crianças o acto de desprezar alguém do que usar algo que lhes é tão familiar? É interessante ainda a mudança que Weems fez ao texto da história da Branca de Neve. No original a frase é a seguinte: “Mirror, Mirror on the wall who’s the fairest of them all?” e na fotografia a palavra “fairest” aparece trocada por “finest”. A palavra “fair” aparece no dicionário como “louro; bom; razoável; justo”, das quatro palavras nenhuma se coadunava com a imagem, nem em termos do aspecto físico da mulher, nem em termos da forma como os indivíduos negros eram percepcionados pela sociedade. No entanto, “fine” aparece como “fino; belo; lindo”, ou seja, os negros podiam ser bonitos, mas bons e virtuosos nunca seriam. Tanto na fotografia como no texto estamos perante uma recriação de algo, seja uma história ou um acontecimento.
É de referir, ainda, a disposição da fotografia. À mulher é retirada quase toda a sua sexualidade. Apesar de percebermos que é uma mulher, a sua posição e a forma como a fotografia foi tirada ‘escondem’ todas as suas formas mais femininas, quase como se ela fosse a representação de toda uma raça.
Tanto no texto como na fotografia, ainda que nesta última isso seja mais visível, somos quase colocados como voyeurs. Em ambos lemos/vemos aquilo que se passa num ambiente ao qual não pertencemos. A fotografia representa um momento de intimidade e nós estamos a assistir a ele.
Bibliografia:

Mariana Cordeiro 35165

quinta-feira, 21 de maio de 2009

James Nachtwey




Afghanistan, 1996 - Mourning a brother killed by a Taliban rocket





James Nachtwey é um influente e famoso fotógrafo de guerras norte-americano. Nascido em Syracuse Nova Yorque 1948 e criado em Massachusetts, formou-se na Dartmouth College, onde estudou História da Arte e Ciências Políticas (1966-70).
Desde cedo a fotografia exerceu um fascínio na sua vida. Marcado por um forte espírito aventureiro (autodidacta na arte de fotografar ) trabalhou a bordo de navios da Marinha Mercante, foi motorista de camião e estagiário de edição de filmes documentários.
A descoberta da sua vocação emerge do impacto causado pelas imagens da Guerra do Vietname. A famosa foto de Nick Ut pungente e poderosa, foi a mais gritante denúncia de guerra, da crueldade e da injustiça (menina vietnamita correndo nua e com a pele queimada após um ataque americano), foi preponderante e determinante na sua decisão como fotógrafo.
A sua actividade como fotógrafo, teve o seguinte trajecto; Em 1976 trabalha como fotógrafo de jornais no Novo México. Em 1980 mudou-se para Nova Iorque e inicia a carreira como fotógrafo freelancer para revistas. Neste âmbito, o seu primeiro trabalho como fotógrafo internacional foi a cobertura do movimento civil na Irlanda do Norte em 1981, durante a greve de fome do IRA (Exército Republicano Irlandês).
Desde então, James Nachtwey tem-se dedicado a documentar guerras, conflitos e situações sociais precárias. Fotógrafo da Revista Time desde 1984, esteve no período de 1980 a 1985 associado a Black Star, e foi membro da agência Magnum de 1986 a 2001. Ainda em 2001, foi um dos membros fundadores da agência de fotografia VII Photo. Como corolário da sua actividade realizou várias exposições individuais nos mais importantes centros históricos e culturais.
Não obstante reconhecer que perseguir a dor, a morte e a desgraça alheia pode ser considerado por muitos uma forma de exploração e sensacionalismo, a alternativa do silêncio e o não fazer nada é muito pior. Homem de grande carácter, tido por muitos como o mais corajoso fotojornalista da actualidade é por vezes comparado com a Robert Capa, por ser um fotógrafo de guerra, Por isso coloca constantemente a sua vida em perigo, trazendo à colação a denúncia de todo o tipo de crueldade documentando a desigualdade e conflitos sociais para que a miséria humana não permaneça clandestina.
Na década de 90, cobriu os massacres de Ruanda e a intervenção humanitária na Somália. Em 1989, tinha reunido no livro Deeds of War as suas fotos da guerra da Nicarágua, da luta do IRA, acções dos esquadrões de morte na América Central e da Guerra Civil do Líbano.
Realizou extensos trabalhos fotográficos em lugares tão diversos como El Salvador, Nicarágua, Guatemala, Líbano, a Margem Ocidental e Gaza, Israel, Indonésia, Tailândia, Índia,entre outros. Em 2003, actuava como correspondente da revista Time em Bagdá e foi ferido por uma granada quando acompanhava uma patrulha dos Estados Unidos.
O seu trabalho já correu o mundo e foi reconhecido mundialmente, tendo sido actividade galardoado com os prémios: (Common Wealth Award, Martin Luther King Award, Dr. Jean Mayer Global Citizenship Award, Henry Luce Award, Robert Capa Gold Medal (cinco vezes), World Press Photo Award (duas vezes), Magazine Photographer of the Year (sete vezes), International Center of Photography Infinity Award (três vezes), Leica Award (duas vezes), Bayeaux Award for War Correspondents (duas vezes), Alfred Eisenstaedt Award, Canon Photo essayist Award e o W. Eugene Smith Memorial Grant para Humanistic Photography).
É um associado da Royal Photographic Society e Doutor Honorário de artes da Faculdade de Artes de Massachusetts.





Sophia de Mello Breyner Andresen



Sophia de Mello Breyner Andresen um dos maiores vultos da poesia portuguesa do século XX, nasceu no Porto no dia 06 de Novembro de 1919. De origem dinamarquesa por parte do pai e pertencente a uma família aristocrata, a sua educação balizado nos valores tradicionais da moral cristã, decorreu num ambiente culturalmente evoluído, que paulatinamente influenciou a sua personalidade.
Frequentou o curso de Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em sintonia com a sua atracção pela civilização grega e pelo mar (bem patente nas ligações a alguns dos seus poemas e no ensejo que a impeliu a viajar pela Grécia e por toda a região mediterrânica). Mulher de "alma grande" coragem e sensibilidade, veio a tornar-se uma das figuras mais marcantes de uma atitude política liberal, vincando o seu apoio no movimento monárquico e denunciando o regime salazarista e respectivos algozes (foi co-fundadora da Comissão Nacional de Socorro a Presos Políticos). Após o 25 de Abril como deputada, continuou a ter uma acção bastante empenhada e participativa na vida do Pais.
Em 1946, casou com o jornalista, e advogado Francisco Sousa Tavares e foi mãe de cinco filhos.
O seu trabalho literário (assim como toda a sua vida), compaginou-se sempre pelas ideias da justiça, humanismo, liberdade e integridade moral. Para além de grande poetisa, bem expresso nas obras (Poesia, Dia do Mar, Coral, No Tempo Dividido, Mar Novo, O Cristo Cigano, Livro Sexto, Geografia, Dual, O Nome das Coisas, Navegações, Ilhas, Musa, O Búzio de Cós, Mar, O Colar, Orpheu e Eurydice), notabiliza-se também como contista (Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar (1984)), e influenciada pelos filhos escreve contos infantis (A Fada Ariana (1958), A Menina do Mar (1958), Noite de Natal (1959), O Cavaleiro da Dinamarca (1964), A Floresta (1968)). Ainda na área literária, realizou trabalhos de tradução de Dante, Shakespeare e Eurípedes e foi autora dos ensaios Cecília Mireles (1958), Poesia e Realidade (1960) e o Nu na Antiguidade Clássica (1975).
No percurso da sua vida como escritora foi distinguida com vários prémios (Grande Prémio de Poesia pela Sociedade Portuguesa de Escritores (1964), Premio Teixeira de Pascoares (1977) , Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1994), Prémio Petrarca da Associação de Editores Italianos (1995), Prémio Camões (1999), Prémio Max Jacobs de Poesia (2001), Prémio Rainha Sofia (2003)), sendo a primeira mulher portuguesa a receber o mais importante galardão literário da língua portuguesa, o Prémio Camões em 1999, como reconhecimento do seu valor como poetisa e figura da cultura portuguesa. A sua obra literária encontra-se parcialmente traduzida em França, Itália e nos Estados Unidos, o que corrobora a importância, reconhecimento, força e valor desta grande poetisa.
No dia 2 de Julho de 2004, Sophia de Mello Breyner com 84 anos faleceu em Lisboa no Hospital da Cruz Vermelha.
Mas, os poetas não morrem (os seus gritos de alma a força da sua escrita, são unos com o próprio tempo), porque "Vemos, Ouvimos e Lemos" Sophia de Mello Breyner está sempre presente, distorcendo o refrão "jamais, será ignorado".
Desde 2005, no Oceanário de Lisboa, os seus poemas correlacionados com o Mar foram colocados para leitura permanente nas zonas de descanso da exposição numa simbiose perfeita com o tema, permitindo a todos os visitantes numa visão de fundo do Mar, ler e sentir a força e enquadramento da sua escrita.

Porque

Porque os outros se mascaram e tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão
Porque os outros têm medo mas tu não

Porque os outros são os túmulos calados
Onde germina calada podridão
Porque os outros se calam mas tu não

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo
Porque os outros são hábeis mas tu não

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos
Porque os outros calculam mas tu não.

Ao observarmos o poema intitulado "Porque" apercebemo-nos de imediato que existe uma forte comparação entre o "tu" e os "outros". Esta comparação é reforçada com a conjunção adversativa "mas" e por o "porque" como anáfora que reforça a posição entre o "tu" e os "outros". O poema contem uma enorme fonte de palavras que rapidamente nos remetem para a tristeza, mágoa e até mesmo para a morte, o que faz com que o leitor sinta que o sujeito poético mostra-se realmente indignado perante certos aspectos da sociedade, como podemos constatar em : "Porque os outros se compram e se vendem/E os seus gestos dão sempre dividendo."
A imagem, a meu ver, constitui um reflexo do poema, visto que decorre num cenário onde reina o sofrimento, a escuridão, e a morte. É como se, o individuo da foto, estivesse a recitar o poema enquanto chora e toca na lápide. O tom monocromático remete-nos rapidamente para o sofrimento e melancolia, enquanto a esterilidade da terra nos indica a ausência de vida. No entanto, podemos relacionar o "tu" do poema com o falecido da foto, visto encontramos á volta da lápide, um lenço branco, que pode significar paz, pureza, bondade, qualidades que provavelmente iríamos encontrar no individuo ao qual o sujeito poético se refere no poema.
Para terminar, resta apenas dizer que ao que parece ser uma critica aos podres da sociedade, que nos traz por vezes sofrimento devido a corrupções e divergências que na grande parte das vezes se reflecte depois nos inocentes, o que o torna fácil de ligar á foto. Como Platão disse: " Só os mortos viram o fim da guerra".




Cinematografia:

Frei,Christian, War Photographer (2001)


Sitiografia:

James Nachtwey

http://www.jamesnachtwey.com/

http://en.wikipedia.org/wiki/James_Nachtwey

http://premiofotojornalismo.visao.pt/2006/04/06/james-nachtwey/

http://premiofotojornalismo.visao.pt/?s=pesar

http://edition.cnn.com/2009/WORLD/meast/05/14/icrc.afghanistan.nachtwey.red.cross/index.html?eref=edition

http://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Capa

Sophia de Mello Breyner Andresen

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sophia_de_Mello_Breyner

http://www.astormentas.com/andresen.htm

Aurélio Nº 34666