domingo, 28 de fevereiro de 2010

Augustus Saint-Gaudens

Robert Gould-Shaw and the Fifty-fourth Regiment Memorial (1897)
Informação sobre o contexto motivador deste friso escultórico em Boston.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Mary Cassatt


Mary Cassatt - The Coiffeur, 1890-1891, impressão e aquatinta em papel vergé. Chapa 36,5 x 26,7 cm, papel 43,2 x 30,7 cm - in National Gallery of Art

Desejando vê-lo,
para ser vista por ele –
se ele ao menos fosse
o espelho onde eu me olho
e que olho cada manhã!

Isumi Shikibu

Mary Cassat (22 Maio 1844, Pensilvânia, EUA, 14 Junho 1926, Beauvais, França), conhecida pela representação da intimidade dos círculos femininos, e das relações entre mãe e filho, integrou o grupo dos expatriados norte-americanos, tendo vivido a maior parte da sua vida em França.
A pintora pertenceu ao grupo dos “Impressionistas”, em França, participou em várias exposições dos “Indépendants”, teve obras representadas no Salon de Paris, tendo também exposto em Nova Iorque.
Em 1892 é-lhe encomendado o mural “Modern Women” para o Hall of Honor do Women’s Building, na World’s Columbian Exposition, em Chicago. Esta obra desapareceu depois da exposição, tendo sido provavelmente destruída juntamente com o edifício.
Em 1890, Cassatt visita uma exposição de gravuras japonesas cuja influência se vai registar numa série de dez estampas, entre as quais The Coiffure.

Isumi Shikibu
(974? – 1034?) foi considerada uma das maiores poetisas japonesas do período Heian (794 to 1185).
A sua obra apresenta uma intensa paixão e apelo sentimental, mas é também influenciada pela vertente religiosa, neste caso do budismo, que reflecte a compreensão de que tudo é transitório.

O tema deste tanka de Shikibu é a ausência e a presença físicas.

A imagem que é reflectida através do espelho é a testemunha de que existe um corpo presente, que, como deseja um outro corpo, concebe esse corpo ausente como espelho, para poder ver de volta o sujeito lírico feminino que se olha nele.

O espelho – animado + qualificado através de atributos que lhe conferem vida.


A estampa em análise,
The Coiffure, apresenta uma jovem mulher, na sua intimidade, nua da cintura para cima, a arranjar o cabelo, sentada frente a um espelho.
É precisamente o espelho que estabelece a ligação entre a estampa e o poema.

Espelho = indício autoreflexivo (arte é um espelho)

...........= reflector de corpos e da vida
...........= meio indirecto de ver a vida

Em Shikibu, o sujeito lírico feminino do poema quer que o espelho se torne numa pessoa, para que o corpo que reflecte seja visto.

Na estampa de Cassatt, o corpo representado só é visto frontalmente através do reflexo no espelho, o que “iliba” a artista de intencionalmente querer mostrar o nu (esta é das poucas representações de corpos nus na obra da pintora).
É o espectador quem surpreende a figura feminina na sua intimidade do dia-a-dia, de tal forma que nem ela se observa a si mesma, estando mais concentrada em arranjar o cabelo, como sugere o título, The Coiffure).
O tanka de Shikibu demonstra um desejo, uma intenção directa de se ser observado. A figura feminina na estampa em análise sugere o oposto, pois é representada com a cabeça inclinada, quase sem se olhar ao espelho, como que concentrada.
O seu rosto está esbatido, quase imperceptível, e o corpo, apesar de virado para o espectador, está desenhado a traços rápidos e de forma pouco definida, nomeadamente na concepção dos seios, o que parece demonstrar que aquele corpo cumpre apenas uma função presencial, sem qualquer alusão erótica.
Cassatt usa tons monocromáticos nesta estampa, ocres e brancos, quase como se quisesse resumir o espaço a dois tons (cor do papel de parede, da alcatifa e do sofá, toalha que envolve a mulher; as únicas linhas precisas são as do armário, frente à figura feminina, assim como a representação do seu perfil.
Esta estampa reflecte influências estilísticas das gravuras japonesas, nomeadamente de Hiroshige e Utamaro (Japonismo).

Sitiografia:
http://www.marycassatt.org
http://en.wikipedia.org/wiki/Izumi_Shikibu
http://en.wikipedia.org/wiki/Japonism

Bibliografia
Luísa Freire,
O Japão no Feminino, I, Tanka, séculos IX a XI, Lisboa: Assírio & Alvim, 2007
Griselda Pollock, Mary Cassatt Painter of Modern Women, Londres: Thames & Hudson world of art, 2006
Adele Schlombs, Hiroshige, Colónia: Taschen, 2009
Karin H. Grimme,
Impressionismo, Colónia: Taschen, 2009


Catarina Marques - nº 27173

Apresentação dia 22 de Março

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

On beauty

"When we are talking about the art of living, we should also ask what beauty is. When you see great architecture, the cathedrals of Europe, the great temples and the mosques of the world, constructed by great architects, great painters, the great sculptors like Michelangelo, that is beauty. So is beauty man-made? Please exercise your brain to find out. A tiger is not man-made. Thank the Lord! A tree in a field, alone, solitary, with all the dignity of a marvelous old tree, is not man-made. But the moment you paint that tree, that is man-made, and you admire it, go to a museum to see the tree painted by a great artist. So another part of the art of living is to understand the depth and the beauty of freedom, and the goodness of it. The aesthetic quality in life is born of sensitivity, is born out of all the senses in action, not one particular sense, but the whole movement of the senses. Surely beauty is when the self is not. When I am not, beauty is. When the self is not, love is."

Krishnamurti, "Love, Freedom, Goodness, Beauty Are One"


Partilho aqui, conforme prometido, a reflexão com que abrimos a nossa última aula.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Manifest Destiny, imaginário visual



Vejam este pequeno filme: um especialista da Smithsonian Institution comenta o quadro e apresenta dicas para a leitura desta pintura narrativa histórica, base do mural com omesmo nome e dimensões gigantescas (6,09 x 9,14 m) no Capitólio dos Estados Unidos da América.

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Encontros no ICA

(queridos alunos: carreguem na imagem, para verem em tamanho maior e mais legível)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

o corpo o corpo o corpo

Este ano a temática transversal do trabalho a apresentar é o corpo!

Releiam por favor o programa, coloquem dúvidas em relação a este assunto aqui no blog, via mail ou na sala de aula. Podem também marcar encontros individuais fora do horário das aulas, o que será vantajoso para discutir os trabalhos em fase de preparação.

Teremos uma aula dedicada à análise de um modelo de trabalho a 22 de Fevereiro. Leiam o conto "A Still Moment", de Eudora Welty (já disponível na reprografia vermelha) e consultem http://artenorteamericana-flul.blogspot.com/2009/03/john-james-audubon-1785-1851-snowy.html

Programa 2010


Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa

Arte Norte-Americana

2º semestre 2009 / 2010

Docente: Diana Almeida

  • Objectivos

Analisar concepções, formas e modelos estéticos vários, de modo a situar a arte americana em contexto, desde as primeiras interacções dos imigrantes europeus com as manifestações culturais autóctones, ao longo do século XVII, até à arte contemporânea nas suas expressões plurais. Estudar “textos visuais” de diversas índoles, da pintura à fotografia, passando pela escultura, arquitectura e design. Estabelecer diálogos entre as várias artes, interrogando a cultura dos Estados Unidos da América na sua totalidade significativa, marcada pelo esbatimento de fronteiras entre os múltiplos domínios criativos. Propor leituras intertextuais entre obras do campo das artes visuais e textos literários, tendo como paradigma de análise transversal o corpo, nas suas múltiplas significações.

  • Tópicos

1. Vários cenários da Terra Prometida

Tradição Índia e arte religiosa das Missões

“A Cidade na colina”: concepção do espaço e grupos religiosos (puritanos, quakers, shakers, amish)

O ideal da aristocracia inglesa: Virgínia

A nova república: University of Virginia (Thomas Jefferson); Washington D.C. (Capitólio; Memorials: Washington; Lincoln; Vietnam Veterans)

2. Quem é o americano?

Retrato e auto-retrato de cidadões e heróis: Gilbert Stuart; Benjamin West; John Singleton Copley; Charles Wilson Peale

3. Representações do mundo natural

Enciclopédia de maravilhas: James Audubon

Sublime: Hudson River School (Thomas Cole, Frederick Church)

Manifest Destiny e mitos expansionistas: George Bingham e Emanuel Leutze; Frederic Remington e Charles Schreyvogel; George Catlin

Território mapeado: Albert Bierstadt; Tomas Moran

Espaço poético, Luminismo: Fritz Hugh Lane, Martin Head; John Kensett

4. A experiência da história

Realismo e “objectividade”: Thomas Eakins; Thomas Anshutz; Winslow Homer

Empenho documentário: Mathew Brady e Timothy O’Sullivan; Lewis Hine

Sublime tecnológico: Brooklyn Bridge; Exposição Mundial de Chicago

Gilded Age, palácios, colecções e retratos: Richard Morris; Isabella Stuart Gardner; Frances Benjamin Johnston; Gertrude Kaesebier

5. Travessias transatlânticas

Expatriados: James Whistler; Mary Cassatt; John Singer Sargent

Comunidades imigrantes e espaço social: Jacob Riis; Ashcan School (Robert Henri, George Bellows, John Sloan)

Circuitos da arte: Alfred Stieglitz; Armory Show; Edward Steichen; vozes europeias (Marcel Duchamp; Francis Picabia)

Modernismos: Joseph Stella; Georgia O’Keefe; Charles Demuth; Charles Sheeler; Marsden Hartley; Grupo f’’64 (Edward Weston; Imogen Cunningham); Frank Lloyd Wright

6 . Paisagens rurais e urbanas

Arranha-céus e malha urbana: Chrysler Building, Empire State e Rockefeller Center; Berenice Abbott

Depressão e New Deal: Jacob Lawrence; Dorothea Lange; Walker Evans

O paraíso rural: Regionalismo (Thomas Hart Benton; Grant Wood)

Solidão e linhas espaciais: Edward Hopper

7. O Império dos Sinais

Expressionismo Abstracto: Jackson Pollock; Mark Rothko; William de Kooning; David Smith

Contaminação artística e dilemas existenciais: Stuart Davis; Joseph Cornell; Robert Rauschenberg; Romare Bearden; Robert Frank; Ed Kienholz

Arte Pop e seus precursores: Jasper Johns; Andy Warhol; Claes Oldenburg; James Rosenquist

8. A Era da Ansiedade

Minimalismo: Donald Judd; Richard Serra

Color Field Painting: Helen Frankenthaler; Richard Diebenkorn

Land Art: Robert Smithson; Walter de Maria; James Turrell

Arte conceptual, instalação: Bruce Nauman

Neo-Expressionismo, ímpeto figurativo: Philip Guston; Susan Rothenburg; Eric Fischl; Julian Schnabel; Jeff Koons

Narrativas e identidades: Louise Bourgeois; Barbara Kruger; Cindy Sherman; Carrie Mae Weems

  • Avaliação

Presença e participação nas aulas – 15%

Colaboração no blog – 20%

Apresentação oral – 25%

Teste escrito – 40%


Cada aluno deve:

i) elaborar (pelo menos) quatro comentários aos posts dos colegas;

ii) apresentar oralmente uma leitura intertextual entre um texto visual e um texto literário;

iii) fazer um teste escrito (com consulta).

A apresentação oral (de 10/15 minutos) deverá:

i) ser previamente marcada com a professora, de acordo com o calendário temático;

ii) versar sobre obras de artistas mencionados no programa da disciplina;

iii) contextualizar a obra do autor eleito; analisar um texto visual e encetar um diálogo criativo com o texto literário escolhido;

iv) ser baseada num post (colocado até às 19h de quinta-feira, na semana anterior à apresentação) resumindo o conteúdo do trabalho;

v) integrar os comentários dos colegas ao post;

vi) incluir esquema e bibliografia, a entregar aos colegas e à professora.

Enviem o vosso esquema de antemão para o mail acima indicado para dialogarmos sobre a vossa proposta.

  • Bibliografia Seleccionada

Arnold, Dana. Art History: A Very Short Introduction. Nova Deli: Oxford University Press, 2006.

Berthelot, J. M. “Sociological Discourse and the Body”, The Body: Social Process and Cultural Theory, Mike Featherstone, Mike Hepworth e Bryan S. Turner (ed.). Londres: Sage, 2001, 390-404.

Craven, Wayne. American Art: History and Culture. Madison, Wisconsin: Brown & Benchmark, 1994.

Doss, Erika. Twentieth-Century American Art. Oxford: Oxford University Press, 2002.

Ewing, William A. (ed.), “Preface” e “Introduction”, The Body: Photoworks of the Human Form. Londres: Thames and Hudson, 1998, 9-30.

Freeland, Cynthia. Art Theory: A Very Short Introduction. Nova Deli: Oxford University Press, 2006.

Hughes, Robert. American Visions: The Epic History of Art in America. Londres Harvill Press, 1999.

Joselit, David. American Art since 1945. Londres: Thames & Hudson, 2003.

Tratchtenberg, Alan. Reading American Photographs: Images as History, Mathew Brady to Walker Evans. Nova Iorque: Noonday Press, 1989.

Turner, Bryan S. “Recent Developments in the Theory of the Body”, The Body: Social Process and Cultural Theory, Mike Featherstone, Mike Hepworth e Bryan S. Turner (ed.). Londres: Sage, 2001, 1-35.

Vídeo

Hughes, Robert. American Visions: An History of American Art & Architecture. PBS Home Video/ BBC Worldwide Americas, 1996.

150 Years of Photography: An American Image. Rochester, Nova Iorque: Martin Sandler Productions/ Eastman Kodak Company, 1988.

Azoulay, Philippe. The Adventure of Photography: 150 Years of the Photographic Image. S/l: Kultur, 1998.